Congressistas americanos chegaram a um acordo na noite desta segunda-feira (11/02) para reforçar a segurança e financiar a construção de novas barreiras ao longo da fronteira com o México e, assim, evitar uma nova paralisação parcial do governo, também chamada de shutdown, a partir deste sábado.
Após o governo americano viver o mais longo shutdown de sua história, encerrado em janeiro, republicanos acabaram concordando com bem menos que os 5,7 bilhões de dólares exigidos pelo presidente Donald Trump para a construção de um muro na fronteira.
Segundo congressistas, o acordo orçamentário provisório deve garantir 1,4 bilhão de dólares para financiar programas de segurança de fronteira até 30 de setembro, quando se encerra o atual ano fiscal. O pacto prevê quase 90 quilômetros de novas cercas, a serem construídas de acordo com o modelo de barreiras de metal já existentes.
Um congressista ouvido pela agência de notícias Reuters destacou que as verbas não serão destinadas à construção de um muro, como Trump defende desde sua campanha eleitoral. Democratas argumentam que um muro sairia caro demais e seria ineficiente para conter a imigração ilegal.
Além de cercas, o acordo também inclui mais investimentos em tecnologias, como triagem avançada nos postos de fronteira, ajuda humanitária demandada por democratas e mais funcionários aduaneiros.
O pacto foi criticado por alguns aliados conservadores de Trump. "Enquanto o presidente estava fazendo um grande discurso em El Paso, o Congresso estava armando um acordo ruim sobre imigração", disse o congressista republicano Jim Jordan.
Em meio à perda de apoio dentro do próprio Partido Republicano, Trump concordou em reabrir o governo no fim de janeiro durante três semanas para permitir que negociadores no Congresso tivessem tempo de chegar a um acordo sobre o orçamento público para o resto deste ano fiscal.
Os congressistas que conduzem as negociações se reuniram por cerca de duas horas. Antes da reunião, eles afirmaram que o plano era alcançar um acordo ainda nesta segunda-feira para que houvesse tempo de a legislação ser aprovada pela Câmara dos Representantes e pelo Senado e ser assinada por Trump até sexta-feira, quando devem acabar os fundos destinados ao Departamento de Segurança Interna, ao Departamento de Justiça e a várias outras agências federais. Não está claro, no entanto, se o presidente aprovará o acordo.
Sem novas verbas do governo federal, várias agências teriam que suspender algumas atividades, da manutenção de parques nacionais a publicação de dados econômicos relevantes para os mercados financeiros.
Durante o recente shutdown recorde de 35 dias – de 22 de dezembro a 25 de janeiro –, iniciado após republicanos e democratas não terem chegado a um acordo orçamentário, 800 mil funcionários do governo federal ficaram sem receber seus salários.
A paralisação terminou depois de a falta de controladores federais de tráfego aéreo provocar atrasos de milhares de voos em aeroportos nas regiões de Nova York e Filadélfia.
Nas últimas semanas, Trump ameaçou declarar emergência nacional se o Congresso não lhe desse o dinheiro para construir um muro na fronteira com o México. Ele disse que utilizaria verbas destinadas a outras atividades para financiar a obra – proposta à qual democratas e muitos republicanos se opõem.
LPF/rtr/ap
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Donald Trump quer um "grande e belo muro" entre os EUA e o México para frear a migração e o narcotráfico. Em outros lugares, barreiras de concreto e metal feitas para resolver problemas tiveram variados graus de êxito.
Foto: Getty Images/J. MooreAntes de Donald Trump, Bill Clinton já mandou construir cercas na fronteira. Após os atentados de setembro de 2001, George Bush acelerou a construção. Desde então, quase 1.100 quilômetros de fronteira receberam paredes de concreto, vigas de aço e outros tipos de obstruções.
Foto: Getty Images/D. McNewDesde 2002, Israel está construindo uma barreira ao longo da Cisjordânia. O projeto, oficialmente justificado como proteção contra o terrorismo, é altamente controverso e muitas vezes chamado "muro da separação". Há mais de dez anos, a Corte Internacional de Justiça declarou que ele viola o direito internacional. Israel, no entanto, continua construindo o muro, que deverá ter 759 km de extensão.
Foto: A. Al-BazzUm muro de controle militar de mais de 700 km na região da Caxemira divide a Índia e o Paquistão desde 1971. Em muitos lugares, esta "linha de controle" é reforçada por minas e arame farpado. A barreira de arame, que em alguns locais tem 3 metros de altura, também pode ser eletrificada.
Foto: Getty Images/AFPParedes divisórias também separam classes econômicas. Como em Lima, onde uma parede de concreto de 3 m de altura separa os moradores pobres de um bairro de ricos. Aliás, "condomínios fechados" são frequentes na América Latina. Os moradores da capital do Peru chamam a parede de "muro da vergonha".
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/S. CastanedaNa capital do Iraque, um muro de 4 metros de altura e 5 km de extensão corta a cidade. Ele foi construído pelos militares dos EUA na região dominada pelos xiitas em 2007. Hoje, o muro separa quase 2 milhões de pessoas. Também em outros bairros de Bagdá, paredes de concreto separam enclaves sunitas de bairros xiitas.
Foto: Getty Images/W. KuzaieO governo britânico construiu os chamados "muros da paz" na Irlanda do Norte em 1969 para separar católicos e protestantes. Portões permitiam a passagem para o outro lado. Em caso de conflitos, eles eram fechados. Alguns moradores dizem, no entanto, que as paredes acentuaram ainda mais a divisão na mente das pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. SmiejekDesde o final da Guerra da Coreia, nos anos 1950, uma zona desmilitarizada separa a Coreia do Norte, comunista, e a Coreia do Sul, capitalista. A faixa de cerca de 4 km de largura e 250 km de comprimento é uma das áreas restritas mais vigiadas do mundo. Em alguns pontos, muros marcam a fronteira entre as duas Coreias.
Foto: Getty Images/AFP/E. JonesTambém a Europa está se isolando. Desde outubro de 2015, a Hungria está fechando sistematicamente sua fronteira para evitar refugiados. No início, a cerca ainda não era hermética. Hoje, no entanto, quase ninguém consegue mais passar para o outro lado. A Hungria também quer construir uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/S. UjvariNos enclaves espanhóis de Ceuta e Mellila, no Marrocos, há fortificações especialmente altas. Para superá-las, é preciso passar por até três cercas. Para complicar, há detectores de movimento, câmeras infravermelhas e um arame farpado que penetra fundo na pele. Mesmo assim, muitos se arriscam e acabam se ferindo.
Foto: picture-alliance/dpa/A. SempereNa fronteira com a Síria, de onde muitos estão fugindo da guerra civil, a Turquia está construído um muro de 511 km de extensão. No final de fevereiro, o governo de Ancara anunciou que metade já está pronta. O muro de 3 metros de altura tem arame farpado e torres de vigilância. Várias vezes, a União Europeia criticou a Turquia por fazer controles muito brandos em suas fronteiras.
Foto: picture alliance/AA/R. Maltas