Congressistas pedem a Obama que não perdoe Snowden
16 de setembro de 2016
Relatório de comitê de inteligência do Congresso afirma que ex-analista da NSA não se enquadra no perfil de um "whistleblower" e é um mentiroso e criminoso. Snowden ridiculariza resultado de investigação.
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Um relatório do comitê de inteligência do Congresso dos Estados Unidos divulgado nesta quinta-feira (15/09) afirma que Edward Snowden, o responsável pelo vazamento de informações sigilosas da Agência de Segurança Nacional (NSA), não se enquadra no perfil de um whistleblower e é um criminoso.
Segundo o relatório, Snowden era um "funcionário descontente" dos serviços de inteligência e alguém que fabricava e exagerava fatos. "Uma análise próxima dos registros de Snowden revela um hábito de mentir de forma intencional", afirma o relatório. Segundo o comitê, Snowden teria começado o roubo de material confidencial duas semanas após ser repreendido.
Após dois anos de investigações, o comitê suprapartidário, liderado por congressistas do Partido Republicano, divulgou um resumo não confidencial de três páginas sobre como o ex-analista teria conseguido remover documentos das redes da NSA, o que os documentos contêm e que danos eles podem causar à segurança nacional americana.
"Estou confortável com as decisões que tomei", diz Snowden
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Os membros do comitê também pediram ao presidente Barack Obama que não conceda o perdão presidencial a Snowden. "A alegação de Snowden de que teria roubado essas informações e as divulgado para proteger os americanos, a privacidade e as liberdades civis é prejudicada por suas próprias ações", afirmaram.
Em 2013, o ex-analista da NSA vazou milhares de documentos confidenciais, denunciando um gigantesco esquema de vigilância da NSA. Os dados relevaram que os serviços de inteligência coletavam registros telefônicos de milhares de americanos, além vasculhar e-mails privados em todo mundo e até espionar líderes internacionais.
Snowden critica comitê
Através do Twitter, Snowden comentou várias das alegações do relatório, antes de desqualificar o comitê. "Após 'dois anos' de investigações, o povo americano merece coisa melhor." Disse. "Esse relatório desqualifica o comitê."
"O Congresso passou dois anos escrevendo o relatório para desencorajar vocês de assistirem a esse filme", afirmou Snowden, em referência ao filme do diretor Oliver Stone que estreia nesta sexta-feira nos Estados Unidos. Stone declarou ser favorável ao perdão para Snowden.
Em entrevista ao jornal The Guardian, o ex-colaborador da NSA pediu a Obama que lhe conceda o perdão antes de deixar a Casa Branca. Organizações como a Anistia Internacional, Human Rights Watch e União Americana para Liberdades Civis (ACLU) iniciaram petições online para que o pedido seja atendido.
RC/ap/afp/efe
"Snowden", um mito contemporâneo na tela
Oliver Stone assume difícil tarefa de transformar em filme a trajetória de Edward Snowden, de rapaz ambicioso a denunciante da CIA e NSA. Para o diretor americano, uma das mais importantes figuras da atualidade.
Foto: Universum
Olhar diferenciado sobre Snowden
Em seu filme sobre o já célebre "whistleblower" americano, Oliver Stone adota um ponto de vista equilibrado. Edward Snowden (Joseph Gordon-Levitt) é tudo, menos um herói com o alvo final diante dos olhos desde o início. Pelo contrário: a princípio ele é apresentado como um aplicado especialista em tecnologia de informática, que almeja fazer carreira nos serviços secretos dos Estados Unidos.
Foto: Universum
Estreia mundial no Canadá
O cineasta americano Oliver Stone completou 70 anos em 15 de setembro de 2016, véspera do lançamento nos Estados Unidos de seu drama biográfico "Snowden". Antes, ele o apresentara pela primeira vez diante de um público amplo no Festival Internacional de Toronto, Canadá. A estreia no Brasil é em 22 de setembro.
Foto: Reuters/F. Thornhill
Ascensão na CIA
Inicialmente, Snowden pretendia servir a seu país como soldado no Iraque, mas quebrou ambas as pernas durante o treinamento militar. Essa circunstância coloca o jovem estudante de informática em contato com a NSA e a CIA. Nesta última, ele logo se destaca por sua inteligência e talento, afirmando-se como aprendiz aplicado.
Foto: Universum
Queridinho do chefe
O superior de Snowden Corbin O'Brian (interpretado por Rhys Ifans) desenvolve um interesse especial pelo jovem especialista em tecnologia de informática, tornando-o seu protegido e incentivando-o.
Foto: Universum
Adeus à privacidade
Contudo, pouco a pouco, o protagonista vai percebendo qual é o sentido maior da atividade dos serviços secretos: monitorar políticos e cidadãos incessantemente – e não só os supostos inimigos. Na CIA e NSA trabalham diversos "nerds" do computador. Ao observar de perto seu trabalho, Snowden constata que o conceito de privacidade perdeu todo o valor.
Foto: Universum
Suspense bem encenado
"Snowden" mostra como um aplicado jovem se torna, pouco a pouco, um crítico implacável e opositor das instituições. O filme é rico em suspense e encenado com esmero. Magistral é, por exemplo, a cena em que Edward Snowden leva para fora do prédio da CIA os dados secretos que reuniu – contrabandeando-os num cubo mágico.
Foto: Universum
Fuga para Hong Kong
Stone mostra como Snowden escapa do sistema, sua fuga para a Ásia e a cooperação com jornalistas dispostos a levar a público as avassaladoras revelações do jovem americano. Nesta cena, ele passa informações para o jornalista Ewen MacAskill, do "The Guardian" (Tom Wilkinson).
Foto: Universum
"Whistleblower" como ser privado
Em seu empolgante thriller político, Oliver Stone consegue também apresentar Snowden como ser humano, um jovem que tem uma namorada e é forçado a escolher entre seus interesses pessoais e a decisão de colocar tudo em jogo, como denunciante do poderoso sistema americano. Assim, "Snowden" desponta como uma produção bem-sucedida em diversos níveis.