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Congresso do Chile é esvaziado em meio a protesto

26 de outubro de 2019

Grupo tenta invadir prédio e entra em confronto com polícia. Na capital, milhares vão às ruas. Manifestações indicam que reformas anunciadas por governo não foram suficiente para diminuir insatisfação popular.

Manifestantes em frente Congresso do Chile, em Valparaíso
Manifestantes romperam barreira montada próxima ao Congresso do Chile, em ValparaísoFoto: imago-images/Aton Chile/R. Zamora

O Congresso Nacional do Chile, localizado na cidade de Valparaíso, a cerca de 120 quilômetros de Santiago, capital do país, foi esvaziado nesta sexta-feira (25/10) após tentativas de invasão por parte de manifestantes que protestam contra o governo.

O presidente da Câmara de Deputados, Iván Flores, ordenou a suspensão das sessões marcadas depois de um grupo de manifestantes ter conseguido romper o cerco montado pelas forças de segurança. "A situação de risco é alta. Pedi aos funcionários que saiam do edifício, assumo a responsabilidade", afirmou Flores.

Houve confronto com a polícia, que determinou a evacuação do prédio. Os agentes de segurança usaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Alguns jogaram pedras contra os policiais.

Os parlamentares discutiam algumas das medidas anunciadas pelo presidente do Chile, Sebastián Piñera, para atender às demandas dos protestos e tentar acalmar os ânimos do país. Os chilenos pedem, entre outras coisas, mudanças no sistema previdenciário, a redução das desigualdades e melhorias na educação e na saúde.

A onda de protestos sem precedentes começou há uma semana do Chile e teve como estopim um aumento das tarifas do metrô de Santiago, já revogada por Piñera. Desde então, 19 pessoas morreram em incidentes de violência relacionados às manifestações. O governo decretou estado de emergência e toques de recolher em várias cidades.

A maioria dos protestos é pacífica, mas casos de incêndios criminosos, saques e a brutalidade da polícia chocaram muitos no país que era conhecido por uma relativa estabilidade. Os chilenos têm saído às ruas para exigir uma nação menos desigual.

Nesta sexta-feira, motoristas de caminhões e de transporte público bloquearam estradas pelo país. Eles exigiam o fim do pedágio nas rodovias que foram privatizadas. Na região das salinas do Atacama, comunidades indígenas bloquearam o acesso a reservas de lítio, metal usado em baterias de smartphones e laptops.

Mais de 500 mil pessoas participam de protesto em SantiagoFoto: imago-images/Aton Chile/A. Pina

Em Santiago, mais de meio milhão de pessoas participaram de uma marcha, no maior protesto desde o início das manifestações. Os manifestantes levavam bandeiras chilenas e entoavam canções populares. A continuidade e a dimensão dos atuais protestos indicam que os chilenos ainda estão insatisfeitos apesar do anúncio do governo de um pacote de medidas para tentar conter as manifestações.

Mais mudanças

Numa nova tentativa de atender as demandas dos manifestantes, Piñera apresentou nesta sexta um projeto de lei para elevar o valor dos benefícios pagos aos idosos mais vulneráveis do país e anunciou que a reforma previdenciária estudada pelo governo incluirá uma cota de 5% sobre os salários, a ser paga pelos empregadores, para reforçar a aposentadoria dos trabalhadores no futuro.

Piñera reiterou que a reforma elevará em 20% a pensão básica solidária que o governo paga a quase 600 mil idosos que não tem direito à aposentadoria pelo regime previdenciário. Esse grupo de pessoas integra os 60% mais pobres da população chilena e recebe atualmente 110 mil pesos por mês (cerca de 605 reais).

O governo também reajustará em 20% o aporte previdenciário solidário, um complemento dado pelo governo aos aposentados que fazem parte do sistema privado de aposentadorias que opera no Chile, mas que recebem valores muito baixos. Cerca de 900 mil pessoas possuem o benefício.

Além disso, Piñera elevou de 4% para 5% o valor da cota que será cobrada dos empregadores para reforçar as aposentadorias pagas no futuro aos trabalhadores chilenos, uma medida que a oposição de centro-esquerda exige há anos.

Atualmente, os trabalhadores chilenos destinam 10% de seus salários para uma conta individual nas Administradoras de Fundos de Pensões (AFP), empresas privadas que investem esse dinheiro para devolver a eles no futuro. A proposta do governo é elevar essa cota para 15%, com os 5% adicionais que serão pagos pelos empregadores.

O sistema de capitalização da previdência, criado durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), é um dos principais alvos de protestos dos manifestantes que foram às ruas do Chile para pedir mudanças estruturais para reduzir a desigualdade no país.

Além de subir o valor das aposentadorias, Piñera se comprometeu a também criar um salário mínimo garantido de 350 mil pesos (cerca de 1.930 reais).

CN/efe/ap/afp

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