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Congresso do Peru aceita renúncia do presidente

23 de março de 2018

Vice-presidente Martin Vizcarra assume cargo de Pedro Pablo Kuczynski. Renúncia ocorre em meio a crise provocada por revelação da tentativa de compra de votos para evitar destituição do presidente.

Pedro Pablo Kuczynski anuncia renúncia em vídeo com ministros
Pedro Pablo Kuczynski anunciou renúncia em vídeo com ministrosFoto: Reuters/Peru Government TV/America TV

O Congresso do Peru aceitou nesta sexta-feira (23/03) o pedido de renúncia do presidente Pedro Pablo Kuczynski. Com a aprovação, o vice-presidente Martin Vizcarra assumiu o cargo nesta sexta-feira.

Na votação sobre o pedido de renúncia, 105 parlamentares foram a favor e 12 contra a saída de Kuczynski. O presidente enfrentava seu segundo processo de destituição, depois de ter sido acusado de envolvimento no escândalo de corrupção protagonizado pela empreiteira brasileira Odebrecht.

Leia também: O Peru em seu momento político mais difícil

A sessão do Congresso para analisar o pedido do presidente estava prevista para quinta-feira, mas foi adiada, até o retorno ao Peru de Vizcarra, que se encontrava no Canadá em trabalho diplomático.

Apesar de aprovar a saída de Kuczynski, a maioria dos parlamentares rejeitou os termos do pedido e argumentou que nele o presidente se recusa a admitir que a crise política que o levou a tomar tal atitude é uma consequência de suas ações.

Kuczynski renunciou sob pressão do Congresso depois da divulgação de vídeos e áudios que mostram seus aliados tentando comprar votos de congressistas opositores para evitar sua destituição. Para justificar sua decisão, o presidente alegou haver um "clima de ingovernabilidade" que não permitiria avanços no país.

Ele denunciou ainda a "grave distorção do processo político" causada pela divulgação de vídeos e áudios que faziam-no "injustamente parecer como culpado de atos" dos quais não tinha participado e que, por isso, "o melhor para o país é que renuncie à presidência".

Compra de votos

O governo de Kuczynski mergulhou na terça-feira numa crise profunda depois que a oposição fujimorista publicou vídeos e áudios, que também aprofundaram a guerra política entre os irmãos Keiko Fujimori, líder do Força Popular, e Kenji Fujimori, dissidente desse grupo e aliado de Kuczynski.

Nas gravações se vê Kenji e outros congressistas próximos oferecendo ao legislador Moisés Mamani, do Força Popular, a realização de obras públicas na sua circunscrição eleitoral em troca de que votasse contra a destituição do presidente.

Os parlamentares tentavam conseguir votos para evitar a aprovação do pedido de moção contra Kuczynski, que foi apresentado em 8 de março pela oposição. Trata-se da segunda moção de destituição contra o presidente aprovada para debate no Congresso em apenas três meses. Em dezembro, Kuczynski se salvou graças à abstenção de dez legisladores do fujimorismo.

Três dias depois, Kuczynski concedeu um indulto humanitário ao ex-presidente Alberto Fujimori, condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade. A medida levantou a suspeita de que o presidente teria feito um pacto com o parlamentar Kenji, filho do ex-presidente, para permanecer no cargo.

Kuczynski é acusado de ter recebido repasses no valor de 782 mil dólares da Odebrecht, no período em que ele ocupou os cargos de ministro da Economia e, posteriormente, de primeiro-ministro do país. Ele insiste que o dinheiro se trata de pagamentos legítimos por serviços de consultoria e nega ter recebido propina ou cometido qualquer ato ilícito.

CN/efe/lusa/dpa

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