Congresso Judaico condena "malhação de Judas" na Polônia
22 de abril de 2019
Vilarejo do país europeu promoveu retomada da antiga tradição folclórica usando um boneco com características que remetem a estereótipos antissemitas. Prática foi banida pela Igreja Católica polonesa.
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O Congresso Judaico Mundial condenou a realização de um ritual de "malhação de Judas" que ocorreu na última sexta-feira (19/04) na pequena cidade polonesa de Pruchnik.
Na ocasião, moradores da cidade, entre eles dezenas de crianças, surraram e queimaram uma efígie de Judas. Só que o boneco tinha vários elementos que remetem a antigos estereótipos antissemitas, como um nariz proeminente. A figura ainda tinha cachos laterais que são tipicamente usados por judeus ortodoxos.
"Os judeus estão profundamente perturbados por esse horrível ressurgimento do antissemitismo medieval que levou a uma violência e sofrimento inimagináveis", disse o líder da organização, Robert Singer, em um comunicado publicado no site da organização no domingo.
"Só podemos esperar que a Igreja e outras instituições façam o seu melhor para superar esses preconceitos terríveis que são uma mancha no bom nome da Polônia", acrescentou.
A tradição da "malhação de Judas", também conhecida na Europa como a "queima de Judas", foi retomada na cidade de Pruchnik em 2019, após não ter sido realizada por vários anos.
Antigamente, tais rituais eram comuns na Polônia, mas a Igreja Católica local há muito baniu a prática, avaliando que ela promove o ódio e a violência. Hoje, o vilarejo de Pruchnik, que tem pouco mais de 3 mil habitantes, é o único local da Polônia onde o ritual ainda é oficialmente organizado, segundo a Organização Polonesa de Turismo.
A tradição cristã ensina que Judas traiu Jesus Cristo em troca de um pagamento de 30 moedas de prata. No Brasil e na América Latina, as festas de malhação de Judas ainda são relativamente comuns e costumam ocorrer no Sábado de Aleluia.
Nas redes sociais, alguns usuários poloneses e apoiadores estrangeiros do governo nacionalista do país defenderam o ritual de "malhação de Judas" de Pruchnik, argumentando que tal tradição também é praticada na América Latina e na Espanha e que, portanto, as críticas seriam seletivas. Os usuários, no entanto, não mencionaram os elementos do boneco que remeteram a estereótipos do povo judaico.
JPS/ots
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A "cinematografia do Holocausto" é composta de uma vasta lista de filmes. Embora transpor o indescritível para imagens em movimento seja uma tarefa altamente complexa, são diversas as tentativas.
Foto: absolut Medien GmbH
Noite e neblina
Filme de 1955 que estreou no Festival de Cannes, "Noite e neblina", dirigido pelo francês Alain Resnais, foi um dos primeiros documentários a se debruçar sobre o Holocausto. Renais e Chris Marker, na época seu assistente, estavam entre os primeiros cineastas a terem um acesso mais amplo aos arquivos do Holocausto em França, Bélgica, Holanda, Polônia e Alemanha.
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Minha luta
Coprodução sueco-alemã de 1960, tem direção de Erwin Leiser (1923-1996), que emigrou aos 15 anos de idade, depois do Pogrom de 1938, para a Suécia, onde se tornaria mais tarde um cronista em imagens das atrocidades do regime nazista. No longa-metragem, o diretor reúne material de arquivo da época, como faria em outros filmes posteriores, em um minucioso trabalho de memória daquele período.
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Shoah
Obra mais importante sobre a memória do Holocausto, o filme de Claude Lanzmann, de 1985, com 9 horas e meia de duração, foi feito no decorrer de 11 anos. O diretor recusa-se a usar imagens de campos de concentração como fazem os documentários convencionais. O registro do horror acontece através do testemunho de sobreviventes – sejam eles vítimas, algozes ou meros espectadores das atrocidades.
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A lista de Schindler
Steven Spielberg contou neste filme de 1993 a história de um empresário que, embora conivente com o regime nazista, acabou salvando a vida de mais de mil judeus. A superprodução americana ganhou sete Oscars, incluindo os de melhor filme e direção, embora tenha sido apontada por parte da crítica como um melodrama que prima por transformar a dor em espetáculo.
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Exílio em Xangai
O longa-metragem de 1997, de Ulrike Ottinger, é um filme sobre o Holocausto no sentido de documento da fuga e da migração dos judeus para Xangai durante o regime nazista. Com 4 horas e meia de duração, o documentário tem como ponto de partida as lembranças de seis judeus alemães, austríacos e russos, que fugiram para Xangai, um dos únicos lugares com fronteiras abertas até 1943.
Do Leste
Coprodução franco-belga de 1993, o documentário de Chantal Akerman é uma viagem realizada pela diretora passando pelo Leste alemão, Polônia, países bálticos e Rússia. O filme documenta não apenas o deslocamento geográfico da cineasta, mas sobretudo sua busca de um Leste que, embora lhe seja estranho, é a terra de origem de sua mãe judia, nascida na Polônia e sobrevivente de Auschwitz.
Balagan
Uma trupe tenta, na israelense Akko, tratar do Holocausto em um coletivo de teatro que envolve também um palestino. A partir daí, o diretor Andres Veiel busca, neste filme de 1994, descobrir as feridas abertas existentes quando se fala do assunto. O documentário não é um filme sobre sobreviventes, mas sim sobre seus filhos e sobre como eles conseguem lidar com essa herança histórico-familiar.
A vida é bela
Tragicomédia encenada pelo italiano Roberto Benigni em 1999, o filme recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e atraiu um imenso público em muitos países. Por ser uma das raras tentativas de abordar o tema dos campos de concentração com humor, teve recepção ambivalente por parte de alguns sobreviventes do Holocausto, que viram aí um perigo de banalização das atrocidades nazistas.
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O Pianista
Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2002, o filme de Roman Polanski tem roteiro baseado nas memórias de Wladyslaw Szpilman, músico polonês que testemunha como Varsóvia é tomada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial e cuja família é assassinada no campo de concentração de Treblinka. O próprio Polanski sobreviveu ao Gueto de Cracóvia e perdeu a mãe assassinada em Auschwitz.
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O filho de Saul
Filme de 2015 do húngaro László Nemes (ex-assistente de Béla Tarr), tem como protagonista um integrante do Sonderkommando (grupo de prisioneiros judeus encarregados de limpar câmaras de gás e remover cadáveres), cuja ideia fixa é enterrar um garoto. Filme claustrofóbico, cujo uso do primeiro plano, os closes exacerbados e a câmera em constante movimento, tira o espectador de sua zona de conforto.