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Congresso promulga parte da PEC dos Precatórios

9 de dezembro de 2021

Proposta altera teto de gastos e viabiliza programa Auxílio Brasil de R$ 400. Já trecho que cria limite para o pagamento de dívidas judiciais da União ainda depende de votação na Câmara.

Senadores reunidos em sessão em Brasília, quando se promulgou parte da PEC dos Precatórios
Sessão foi marcada por protestos de senadores contrários e bate-boca entre Rodrigo Pacheco e Simone TebetFoto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O Congresso promulgou nesta quarta-feira (08/12) parte da proposta de emenda à Constituição conhecida como PEC dos Precatórios, principal aposta do governo Jair Bolsonaro para viabilizar o programa social Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.

A proposta sofreu um fatiamento após um acordo fechado na noite anterior entre os parlamentares, e parte do texto, que sofreu alterações ao passar pelo Senado, ainda será analisada pela Câmara dos Deputados na próxima semana.

A PEC foi uma saída encontrada pelo governo para ampliar seu limite de gastos em 2022, ano de eleições, sem cortar outras despesas.

O trecho promulgado nesta quarta-feira – aprovado sem mudanças pela Câmara e pelo Senado – assegura apenas uma parte do espaço no Orçamento necessário para arcar com essas despesas extras, incluindo o Auxílio Brasil de R$ 400 por mês a quase 20 milhões de famílias.

Ao todo, a parte promulgada garante um espaço de R$ 64,882 bilhões no Orçamento do ano que vem, segundo estimativa da Consultoria de Orçamento da Câmara. Já o trecho a ser analisado pelo Congresso asseguraria outros R$ 48,6 bilhões.

Originalmente, a PEC dos Precatórios é baseada em dois pilares. O primeiro estabelece um limite para o pagamento dos chamados precatórios – dívidas do governo já reconhecidas pela Justiça contra as quais normalmente não cabe recurso, podendo ser em relação a questões tributárias, salariais ou qualquer outra causa em que o poder público seja o derrotado.

O segundo pilar da proposta é alterar o cálculo do teto de gastos de forma a possibilitar mais despesas em 2022. Hoje, considera-se a inflação dos últimos 12 meses até junho do ano anterior para definir o teto do ano seguinte. A ideia agora é usar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apurado até junho mais uma estimativa para julho a dezembro do próprio ano.

A parte da PEC promulgada nesta quarta-feira engloba essa alteração no teto de gastos. Já o trecho que limita o pagamento de precatórios até 2026 está entre os itens a serem analisados pela Câmara e depois novamente pelo Senado. Outro ponto a ser avaliado é a sugestão dos senadores de tornar o Auxílio Brasil um programa permanente.

Protesto de senadores

A sessão do Congresso foi marcada por protestos de senadores contrários ao texto a ser promulgado. Parlamentares de vários partidos criticaram, por exemplo, que a redação final tenha excluído, entre outros pontos, a vinculação do espaço fiscal aberto com a PEC à seguridade social.

Assim, a parte promulgada da PEC não contém as amarras que impedem o governo de gastar livremente os recursos, afirmou a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que lançou também nesta quarta-feira sua candidatura à Presidência da República em 2022.

"Nós vamos promulgar e o espaço fiscal de quase R$ 60 bilhões fica solto, vai escalar num artigo, dependendo de votação da Câmara dos Deputados", disse Tebet.

O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), explicou que a proposta foi fatiada devido à urgência de garantir recursos para o projeto de lei orçamentária de 2022, que deve ser aprovado até o dia 17, na semana que antecede o recesso parlamentar de fim de ano.

"São os primeiros passos na busca por um espaço fiscal suficiente para permitir, de 2022 em diante, o pagamento do Auxílio Brasil no valor de R$ 400 por mês à população economicamente mais vulnerável", declarou Pacheco.

Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, criticou as alegações de que a PEC daria um calote no pagamento de dívidas judiciais e negou que a proposta sirva a interesses eleitorais.

"O que importa é o que essa PEC vai gerar de segurança jurídica para o excesso de precatórios que existem no Brasil. Toda dívida tem que ser paga e reconhecida, mas absolutamente dentro de um limite de teto de gastos que temos que enfrentar."

ek (Agência Câmara, ots)

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