Congresso rejeita alegação de grampo na Trump Tower
16 de março de 2017
Comitês de Inteligência do Senado e da Câmara dos Representantes não encontram indícios de que Trump foi espionado no governo de Obama. Presidente acusou antecessor de ordenar escuta durante campanha eleitoral.
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O Comitê de Inteligência do Senado americano afirmou nesta quinta-feira (16/03) que não encontrou nenhum indício de que o governo de Barack Obama tenha interceptado comunicações na Trump Tower, como havia a afirmado o presidente Donald Trump.
"Baseado em informações de que dispomos, não vemos indícios de que a Trump Tower foi objeto de vigilância por qualquer elemento do governo dos Estados Unidos antes ou depois da eleição de 2016", afirmaram o presidente do comitê, o republicano Richard Burr, e o vice, o democrata Mark Warner, em comunicado.
No início deste mês, Trump postou no Twitter uma série de acusações a Obama . O presidente americano afirmou que foi grampeado pelo antecessor alguns dias antes das eleições em novembro do ano passado e solicitou ao Congresso uma investigação sobre as supostas escutas.
O presidente comparou a suposta ingerência ao escândalo Watergate, de espionagem política, que levou à demissão do então presidente Richard Nixon, em 1974.
Obama negou as acusações e disse que era regra de seu governo que nenhum funcionário da Casa Branca interferisse em investigações do Departamento de Justiça, as quais devem decorrer livres de influência política.
Nesta quarta-feira, a Câmara dos Representantes já havia descartado indícios de grampos no edifício do atual presidente. "Não temos nenhuma prova de que isso tenha ocorrido", ressaltou o presidente do Comitê de Inteligência da Casa, o republicano Devin Nunes.
Mesmo após as declarações da Câmara dos Representantes, Trump continuou alegando que foi grampeado. Ao ser questionado, durante uma entrevista nesta quarta-feira à emissora Fox News, sobre como sabia dos grampos, o presidente respondeu que leu muitas notícias que falavam dessa possibilidade.
Após o anúncio do Senado, o líder republicano no Congresso, Paul Ryan, também rejeitou as acusações de Trump.
CN/efe/afp/rtr
Nove livros para a era Trump
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
Foto: picture-alliance/akg-images
"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
Foto: Leo Baeck Institute
"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
Foto: Chatto & Windus
"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
Foto: picture-alliance / Mary Evans Picture Library
"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
Foto: Getty Images/S. Platt
"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
Foto: Haymarket Books
"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
Foto: picture alliance / Christian Charisius/dpa
"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
Foto: DW/M. Pedziwol
"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.