Israel realizou ataques em vários locais, incluindo Teerã, visando minar o coração do programa nuclear iraniano, criticado pela falta de confiança nas intenções de não proliferação de armas nucleares.
A usina nuclear de Natanz é considerada por especialistas como o centro do programa nuclear do Irã
Foto: Getty Images
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O controverso programa nuclear iraniano está no centro dos ataques feitos por Israel na madrugada desta sexta-feira (13/06). Diante das acusações de que estaria buscando desenvolver bombas atômicas, Teerã defende que deseja dominar a tecnologia nuclear para fins pacíficos.
Um dia antes do ataque israelense, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) condenou o Irã por violar suas obrigações de não proliferação nuclear pela primeira vez em quase duas décadas. A agência, além de órgãos de inteligência americanos, acreditam que o país persa tenha um programa secreto de armas nucleares, que foi interrompido em 2003.
O Irã respondeu de forma desafiadora ao órgão de fiscalização nuclear da ONU, anunciando que abriria uma nova instalação de enriquecimento e modernizaria as centrífugas na usina nuclear de Fordow.
As instalações nucleares iranianas foram fortalecidas ao longo de anos, espalhadas por vários locais, algumas em bunkers subterrâneos, tornando mais difícil destruí-las completamente. A agência da ONU diz que Irã dobrou enriquecimento de urânio em três meses.
As instalações contam com um concreto reforçado, e algumas das construções subterrâneas estão conectadas por meio de túneis. As principais instalações nucleares do Irã estão em Natanz, Isfahan, Teerã, Bushehr e Arak.
O local tem centrífugas que enriquecem urânio para fins civis e, potencialmente, militares.
A instalação está localizada em bunkers subterrâneos para protegê-la de ataques aéreos. Natanz tem sido alvo de vários atos de sabotagem atribuídos a Israel, incluindo o uso do vírus Stuxnet para atacar os sistemas operacionais, explosões e cortes de energia. O sistema de defesa aérea da instalação teria sido desativado em abril de 2024.
A AIEA confirmou em 13 de junho que a instalação de Natanz estava entre os alvos dos recentes ataques israelenses – há imagens de nuvens de fumaça saindo da instalação.
Isfahan
O Centro de Tecnologia Nuclear na cidade de Isfahan é uma usina de processamento de urânio que prepara o material radioativo para enriquecimento. Aqui, o óxido de urânio, também conhecido como yellowcake, é convertido em tetrafluoreto de urânio (UF4) e hexafluoreto de urânio (UF6). Esse composto químico é usado em centrífugas para o enriquecimento de urânio.
Não há indício de que a instalação tenha sido afetada pelos ataques de Israel.
Saghand
Essa mina de urânio está localizada na região desértica da província de Yazd, a cerca de 200 quilômetros a nordeste da cidade de Yazd. A mina é um dos poucos locais conhecidos de mineração de urânio no Irã e fornece o urânio bruto usado no programa nuclear do país.
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Bushehr
A primeira usina nuclear civil do Irã está localizada na costa do Golfo Pérsico, no sul do Irã, e é usada para gerar eletricidade. Ela não é usada para fins militares e não há relatos de que tenha sido danificada nos ataques desta sexta.
O Irã também opera reatores nucleares para uso civil, como a instalação em BushehrFoto: Abedin Taherkenareh/epa/dpa/picture alliance
Teerã
O Reator de Pesquisa de Teerã é uma instalação de pesquisa na capital iraniana, usada principalmente para a produção de radioisótopos médicos que são usados no tratamento do câncer e no diagnóstico da medicina nuclear.
O reator desempenhou um papel central durante as negociações do acordo nuclear de 2015, pois poderia ser usado não apenas para fins médicos, mas também potencialmente para aplicações militares se urânio altamente enriquecido fosse usado.
Parchin
Esta instalação, localizada a cerca de 30 quilômetros a sudeste de Teerã, serve oficialmente como local de testes para armas convencionais e mísseis. No entanto, há relatos que sugerem que atividades relacionadas ao desenvolvimento de armas nucleares também podem estar ocorrendo no local.
Grande parte da usina de Natanz está localizada debaixo da terra para protegê-la de ataques aéreosFoto: Alfred Yaghobzadeh/SalamPix/abaca/picture alliance
Karaj
Um centro de pesquisa para tecnologias nucleares nas áreas da agricultura e medicina está localizado perto da cidade de Karaj, a cerca de 40 quilômetros a oeste de Teerã. De acordo com relatos, essa instalação também poderia ser usada para a produção e o desenvolvimento de centrífugas para o enriquecimento de urânio.
Em junho de 2021, a instalação foi alvo de uma tentativa de sabotagem que, segundo fontes iranianas, não teve sucesso.
Qom
A Usina de Enriquecimento de Combustível de Fordow está localizada a cerca de 160 quilômetros ao sul de Teerã, perto da cidade de Qom. Ela está instalada numa montanha para protegê-la de ataques aéreos. O local produz urânio altamente enriquecido.
Arak
Um reator de água pesada na cidade de Arak, cerca de 240 quilômetros a oeste de Teerã, tem potencial para produzir plutônio adequado para a construção de armas nucleares. No entanto, após o acordo nuclear de 2015, o reator foi modificado para evitar esse uso.
O mês de junho em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Leo Correa/AP/picture alliance
PF indicia Bolsonaro e Ramagem por "Abin paralela"
A PF concluiu a investigação sobre esquema de espionagem ilegal de celulares na Abin e indiciou mais de 30 pessoas incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal e ex-diretor da agência, Alexandre Ramagem. A investigação mira servidores e políticos que teriam monitorado telefones e computadores de desafetos de Bolsonaro durante seu governo. (17/06)
Foto: Reuters/A. Machado
Agência para refugiados da ONU demitirá 3,5 mil funcionários
O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) anunciou que cortará 3,5 mil empregos – quase um terço de seus custos com a força de trabalho – devido à escassez de recursos, e reduzirá a escala de sua ajuda em todo o mundo após uma queda no financiamento à ajuda humanitária, principalmente dos recursos vindos dos EUA sob Donald Trump. (16/06)
Foto: Florian Gaertner/IMAGO
Milhares protestam nos EUA contra Trump
Uma multidão tomou as ruas de 2 mil cidades americanas em oposição à gestão de Donald Trump, acusado de autoritário pelos manifestantes. O envio de forças federais para reprimir protestos em Los Angeles na última semana e a convocação de um desfile militar que acontece neste sábado em Washington também pautaram as críticas nos atos apelidados de "No Kings" (Sem Reis). (14/04)
Foto: Yuki Iwamura/AP/dpa/picture alliance
Israel e Irã trocam agressões em escalada militar
Israel lançou um ataque contra instalações nucleares do Irã, matando 78 pessoas, incluindo três dos chefes militares do país e dezenas de civis. A ofensiva desencadeou uma troca de agressões sem precendentes entre os países. Em retaliação, a República Islâmica disparou dezenas de mísseis contra Tel Aviv e Jerusalém, furando o Domo de Ferro israelense e ferindo 34 pessoas. (13/06)
Foto: Leo Correa/AP/picture alliance
Queda de avião na Índia deixa mais de 200 mortos
Um avião da Air India com 242 pessoas a bordo caiu em uma área residencial logo após decolar perto do aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia. Apenas um dos passageiros a bordo sobreviveu. A polícia indiana contabiliza ainda outras 24 vítimas que estavam no solo e morreram no momento do acidente. A causa do acidente está sendo investigada (12/06)
Foto: Ajit Solanki/AP Photo/picture alliance
Ajuda humanitária em Gaza na mira de militares israelenses
Pelo menos 21 palestinos morreram enquanto se dirigiam a locais de distribuição de ajuda humanitária em Gaza. Entidades denunciam, além da violência, quantidade insuficiente de alimentos, após meses de bloqueio à entrada de itens básicos por Israel. O exército israelense alegou que disparou "tiros de advertência". O número de palestinos mortos em 20 meses de guerra já supera 55 mil. (11/06)
Foto: Saeed Jaras/Middle East Images/AFP/Getty Images
Réu no STF, Bolsonaro é interrogado em processo da trama golpista
Ao longo de dois dias, ex-presidente e outros sete ex-auxiliares acusados de integrar "núcleo crucial" da trama golpista depuseram na Primeira Turma. Político negou ter discutido planos de golpe após perder a eleição e disse que só debateu medidas constitucionais com militares, mas que não editou "minuta do golpe". (10/06)
Foto: Fellipe Sampaio/STF
Israel detém barco que levava Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila
A Marinha de Israel interceptou um barco que tentava levar ajuda humanitária a Gaza. O veleiro Madleen, da iniciativa internacional Flotilha da Liberdade, levava 12 ativistas a bordo. Eles foram escoltados até um porto e, segundo o governo israelense, serão deportados. (09/06)
Trump chama militares para reprimir protestos na Califórnia contra prisão de imigrantes
O presidente americano Donald Trump enviou militares da Guarda Nacional a Los Angeles para conter protestos que eclodiram na esteira de uma série de operações de detenção de supostos migrantes irregulares. A medida não tem apoio do governo do estado da Califórnia, que acusou Trump de tentar provocar uma crise. (08/06)
Foto: Frederic J. Brown/AFP
Rússia amplia ataques contra 2ª maior cidade da Ucrânia
A Rússia executou diversos ataques no centro de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, deixando cinco civis mortos e mais de 61 feridos, incluindo um bebê e uma adolescente de 14 anos. Bombas planadoras, um míssil e 53 drones atingiram prédios residenciais. O prefeito do município classificou a ação como o ataque mais severo desde o início da guerra. (07/06)
Foto: Sofiia Gatilova/REUTERS
Marcelo livre
Um juiz americano determinou a libertação do estudante brasileiro Marcelo Gomes da Silva, de 18 anos, que chegou aos Estados Unidos com cinco anos de idade e foi detido pelo Serviço de Imigração (ICE) a caminho de um treino de vôlei. Ele ficou preso por cinco dias, durante os quais dormiu em chão de concreto, sem acesso a chuveiro, acompanhado de homens com o dobro da sua idade. (06/06)
Foto: Rodrique Ngowi/AP
Musk e Trump trocam insultos e rompem relações
Bilionário que atuou como conselheiro da Casa Branca criticou projeto de lei de Orçamento de Trump que prevê cortes de impostos e aumento de gastos batizado pelo presidente como "Big Beautiful Bill". Musk chegou a endossar impeachment de Trump e associou presidente ao pedófilo Jeffrey Epstein. Trump reagiu dizendo que Musk "enlouqueceu" e ameaçou cortar contratos da SpaceX com governo. (05/06)
Foto: Nathan Howard/REUTERS
Moraes ordena prisão de Carla Zambelli após deputada deixar o país
O ministro do STF acatou pedido da PGR de prisão preventiva contra a deputada federal e determinou a inclusão dela na lista de procurados da Interpol. Moraes determinou bloqueio de salários, bens, contas bancárias e perfis em redes sociais. Parlamentar deixou o país após ser condenada a 10 anos de prisão e à perda de mandato por envolvimento na invasão do CNJ. (04/06)
Foto: Adriano Machado/REUTERS
Governo da Holanda desmorona após saída de ultradireitista
Alegando insatisfação com a política migratória, Gert Wilders – também conhecido como "Trump holandês" – e seu partido deixaram coalizão de governo, levando primeiro-ministro Dick Schoof (foto) à renúncia após menos de um ano de mandato. Sem maioria no parlamento, Schoof permanecerá interinamente no cargo até a realização de novas eleições e formação de um novo gabinete. (03/06)
Foto: Peter Dejong/AP/picture alliance
Conservador Karol Nawrocki vence eleição presidencial na Polônia
Resultado é derrota para o governo do primeiro-ministro Donald Tusk e deve dificultar andamento de políticas pró-União Europeia. Apoiado pelo partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS), Nawrocki poderá vetar leis e desgastar o governo com bloqueios no Parlamento. Aliança frágil de Tusk pode não resistir até 2027. (02/06)
Foto: Czarek Sokolowski/AP/dpa/picture alliance
Ucrânia destrói aviões de guerra da Rússia em ataque massivo de drones
Na véspera de uma nova rodada de negociações de paz, Ucrânia e Rússia intensificaram sua ofensiva militar e protagonizaram ataques sem precedentes. Enquanto, Kiev destruiu 41 aviões militares na Sibéria, ofensiva de maior alcance no território russo em três anos de guerra, Moscou lançou número recorde de drones contra território ucraniano. (1º/06)