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Conheça o Bairro Holandês em Potsdam, nos arredores de Berlim

14 de junho de 2012

Mais de cem casas do século 18 enfileiradas – de tijolo aparente e janelas de madeira com caixilhos brancos. No centro de Potsdam, nas imediações de Berlim, encontra-se no Bairro Holandês um pedacinho do país vizinho.

Foto: DW/T. Tropper

As casas geminadas de tijolos vermelhos são como um pedaço singelo da Holanda em meio aos magníficos edifícios prussianos de Potsdam, capital do estado alemão de Brandemburgo. No Bairro Holandês, turistas passeiam pelas ruelas e tentam capturar a atmosfera local com suas câmeras fotográficas.

Além da arquitetura, é possível degustar sabores holandeses num dos muitos cafés dos bairro, que servem especialidades como os Poffertjes – espécie de minipanquecas cobertas com açúcar de confeiteiro e pedacinhos de manteiga.

Ao caminhar pelos arredores, Hans Göbel para diversas vezes para conversar com donos de galeria e lojistas. Como presidente da Associação de Apoio à Preservação da Cultura Holandesa em Potsdam, ele conhece o local como poucos. "Os prussianos construíram o bairro com a perfeição alemã. Na própria Holanda não há uma área residencial tão fiel a esse estilo de construção."

Turistas e moradores apreciam cerveja holandesa em bares locaisFoto: DW/T. Tropper

Cenário holandês, atmosfera internacional

O construtor do bairro foi o holandês Jan Bouman. Em meados do século 18, ele foi encarregado pelo rei da Prússia Frederico Guilherme 1º de drenar os pântanos locais e erguer ali um bairro residencial em estilo holandês. Para isso, deveria-se estimular a vinda de operários holandeses, que naquela época estavam entre os melhores da Europa.

Apesar de ter sido prometido que os trabalhadores receberiam as casas de presente, a estratégia falhou. Não vieram tantos operários do país vizinho como se esperava, e comerciantes franceses e prussianos, artistas e soldados mudaram-se para as residências em seu lugar.

Ainda hoje a atmosfera do bairro é internacional. Nas casas antigas, há comida italiana, artesanato alemão e boutiques francesas. Apenas nos bares locais é servida cerveja holandesa. "Ela é muito apreciada. E não somente pelos turistas, mas também pelos moradores", diz um proprietário.

Antigo esplendor

Nas 134 casas de estilo holandês vivem atualmente cerca de mil pessoas. Göbel rendeu-se ao charme do local há mais de 25 anos. "A atmosfera do bairro facilitou as coisas", lembra-se. Natural de Leipzig, no leste alemão, ele mudou-se com a família para Potsdam em meados dos anos 1980 e reformou ele mesmo uma das casas na rua central. Ele foi um dos primeiros a fazê-lo.

Göbel: "Na própria Holanda não há uma área residencial tão fiel a esse estilo de construção"Foto: DW/T. Tropper

Nos tempos da Alemanha dividida, quase todas as casas do bairro estavam prestes a ruir. Poucos anos antes, houve até mesmo planos de demolir os prédios antigos, mas moradores engajados conseguiram impedir. Após a queda do Muro de Berlim, a maior parte das casas foi restaurada – e sob condições estritas. Todas elas são tombadas pelo patrimônio histórico e não podem ter a fachada alterada. Além disso, a aparência do bairro como um todo deve ser preservada.

Tal desafio serviu de estímulo para Göbel. Como diretor da administração das construções, ele se ocupava dos edifícios da Universidade de Potsdam e, após o fim do expediente, o trabalho continuava em casa. Hoje, quase todas as casas do Bairro Holandês brilham com seu antigo esplendor novamente.

Após a queda do muro de Berlim, casas foram restauradas e declaradas patrimônio históricoFoto: DW/T. Tropper

Museu e festas

Uma das residências ainda transmite aos visitantes uma noção autêntica de como era a vida no século 18: a casa de Bouman, no centro do bairro, que abriga um museu administrado pela Associação Cultural Holandesa. Além de uma exposição sobre a história do local, os cômodos exibem móveis e utensílios domésticos dos primórdios do bairro, como uma grande lareira, um tear e um fogão à lenha.

A localidade é popular entre os turistas. Somente para destaques culturais como o festival da tulipa, em abril, dezenas de milhares visitam o local a cada ano. "Há música tradicional, muitas flores e todo tipo de queijo. Um programa completo", conta Göbel. E, então, mais de 200 anos após a construção do bairro, realiza-se o desejo de seu fundador: à convite da Associação Cultural, ônibus inteiros vêm do país vizinho. Assim, pelo menos por um breve período, o bairro finalmente é habitado por holandeses.

Autor: Theresa Tropper (lpf)
Revisão: Carlos Albuquerque

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