Conselho de Segurança aprova sanções duras à Coreia do Norte
5 de agosto de 2017
Se aplicadas na íntegra, novas medidas podem representar perdas anuais de 1 bilhão de dólares, ou um terço das exportações do país asiático. Sucesso depende da China, principal parceira comercial do regime em Pyongyang.
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O Conselho de Segurança da ONU aprovou neste sábado (05/08) novas sanções à Coreia do Norte que reduzem em até 1 bilhão de dólares por ano o faturamento que o país obtém com exportações. Estimativas afirmam que elas chegam a 3 bilhões de dólares por ano.
Os 15 países do Conselho de Segurança adotaram por unanimidade uma resolução que aumenta a pressão internacional sobre o regime em Pyongyang com vetos a exportações e controles mais restritos.
Este é o sétimo conjunto de sanções das Nações Unidas desde que a Coreia do Norte executou seu primeiro teste nuclear, em 2006. A sua adoção ocorre depois dos primeiros testes bem-sucedidos de mísseis balísticos intercontinentais capazes de atingir o território continental dos Estados Unidos, em 3 e 27 de julho.
O sucesso das novas sanções depende principalmente de elas serem implementadas pela China, que responde por 90% do comércio com o país vizinho. Tanto a China – principal aliada de Pyongyang – como a Rússia se declararam favoráveis ao diálogo com o regime norte-coreano.
A adoção da resolução representa, portanto, um grande êxito para os Estados Unidos, que conseguiram convencer a China e a Rússia a aumentar a pressão internacional sobre a Coreia do Norte, acusada de ser uma ameaça global.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, afirmou que as novas medidas são uma forte resposta à escalada armamentista da Coreia do Norte, que é necessário encerrar. Segundo ela, trata-se do pacote de medidas mais amplo já imposto contra o regime em Pyongyang.
As novas sanções
Segundo o texto, a Coreia do Norte não poderá vender ao exterior, direta ou indiretamente, carvão, ferro, chumbo e produtos de pesca. Todos os países deverão garantir que suas empresas e cidadãos não adquiram esses produtos de setores-chave na economia norte-coreana, que o Conselho de Segurança critica por serem "utilizados para financiar programas ilícitos".
O texto aprovado também destaca que os governos devem proibir seus cidadãos de iniciar novos negócios conjuntos com organizações ou indivíduos da Coreia do Norte e, com certas exceções, expandir os já existentes.
A resolução também impede a Coreia do Norte de aumentar o número de trabalhadores que envia para o exterior e cujos ganhos são uma fonte de renda para o regime de Kim Jong-un. Países são proibidos de conceder novas autorizações de trabalho para norte-coreanos.
Além disso, o documento amplia em nove o número de pessoas e em quatro o de organizações sob sanções da ONU, o que acarreta a proibição de viagens e o congelamento dos seus ativos no exterior.
Porém, as novas medidas não incluem cortes no fornecimento de petróleo, como inicialmente proposto pelos Estados Unidos. Esse corte seria um duro golpe para a economia norte-coreana.
Unidade contra a Coreia do Norte
O embaixador britânico na ONU, Matthew Rycroft, destacou antes da votação que as proibições nas vendas exercerão um "controle firme" sobre o governo de Kim Jong-un e lhe custarão cerca de 1 bilhão de dólares.
A unanimidade dos membros do Conselho de Segurança em relação aos últimos testes com mísseis de Pyongyang mostra sua "unidade e determinação" em "levar a Coreia do Norte de volta à mesa de negociação", ressaltou o embaixador francês na ONU, François Delattre.
"Acreditamos e esperamos que essas medidas causem impacto em Pyongyang e ajudem a mudar os seus cálculos", disse Delattre, que também agradeceu aos Estados Unidos pelos "esforços incansáveis" para desenvolver o projeto.
A resolução soma-se a outras aprovadas previamente, mas de acordo com Delattre se diferencia por ir além e "abrir a porta" para o único tipo de solução para o conflito, a política.
Nesse sentido, os diplomatas concordaram que o desenvolvimento de um programa nuclear e balístico por parte do país asiático representa uma ameaça não só regional, como para todo o mundo, e que deve ser resolvida através do diálogo, segundo Rycroft.
O Conselho de Segurança também reiterou sua preocupação com as penúrias "às quais é submetido o povo" norte-coreano e condenou o país por "fabricar armas nucleares e mísseis balísticos em vez de zelar pelo conforto" dos seus cidadãos.
AS/efe/lusa/ap/afp
O que o regime mostra na Coreia do Norte
A DW viajou à Coreia do Norte para descobrir o que há por trás da propaganda. Saímos às ruas com o acompanhante disponibilizado pelo governo e registramos o que vimos - ou nos deixaram ver - em Pyongyang.
Foto: DW/A. Foncillas
Árvores floridas
Os prédios da capital norte-coreana estão pintados com cores vivas, dando um ar de alegria à cidade. A época da floração da cerejeira contribui para a variedade cromática. O número crescente de automóveis nas ruas faz concorrência às bicicletas.
Foto: DW/A. Foncillas
Brincando no parque
Os clichês do mundo ocidental em relação à Coreia do Norte nos fazem esquecer que, além da devoção fervorosa aos seus líderes, a população não é muito diferente da de outras latitudes. Na semana de comemorações do Dia do Sol, é comum ver crianças praticando esportes em parques.
Foto: DW/A. Foncillas
Líder aclamado
Performances de todos os tipos oferecidas por crianças são um elemento-chave do lazer no país. A aparição do ditador Kim Jong-un no telão gera aplausos na plateia.
Foto: DW/A. Foncillas
Kimjongília e kimilsúngia
O culto à personalidade atinge o cúmulo com a orquídea batizada kimilsungia e a begônia kimjongilia, nomes que homenageiam o pai e avô do atual ditador. Nesta exposição de flores, trabalhadores de diferentes ministérios e universidades trouxeram flores que cultivam em seu local de trabalho.
Foto: DW/A. Foncillas
"Um dos cortes permitidos, por favor!"
O catálogo de cortes nos salões de cabeleireiros em Pyongyang oferece os 20 penteados recomendados no país. Já a barba é feita de forma convencional, com espuma e lâmina.
Foto: DW/A. Foncillas
Diversão para os ricos
Na capital há um imenso complexo de lazer para a classe rica. Lá há três piscinas e muitos restaurantes, que oferecem cerveja, comidas típicas do país e o típico kimchi, prato similar ao chucrute.
Foto: DW/A. Foncillas
Consumo caro
Modestas reformas econômicas têm permitido a abertura de supermercados, onde se pode encontrar uísque escocês, eletrodomésticos japoneses e roupas americanas de marca. Não é incomum os clientes pagarem com dólares ou cartões de crédito.
Foto: DW/A. Foncillas
Os jovens
Muitos jovens norte-coreanos frequentam cafés de luxo como qualquer outro jovem de uma capital europeia. Isso só se podem permitir os filhos da elite vinculada ao comércio exterior e com acesso a divisas internacionais. A jovem da foto estudou Finanças na Índia e defende que, em Pyongyang, não faltam opções de lazer.
Foto: DW/A. Foncillas
Esporte popular
O vôlei é um dos esportes mais populares do país. Este ginásio oferece instalações de alto nível.
Foto: DW/A. Foncillas
Internet a preço de sorvete
No Centro de Divulgação Científica aberto recentemente em Pyongyang, as pessoas podem jogar videogame e se conectar à internet "pela metade do preço de um sorvete", disse o guia. A internet é limitada a sites norte-coreanos, sem acesso a páginas de fora do país.
Foto: DW/A. Foncillas
Guarda de trânsito
Os uniformes são onipresentes no país. O controle de tráfego é feito principalmente por mulheres jovens vestidas com minissaias e botas.
Foto: DW/A. Foncillas
À espera do desfile
O Exército norte-coreano tem 1,2 milhão de soldados para uma população de 25 milhões de pessoas. A maior parte dos escassos recursos do país é destinada aos militares. Na foto, o desfile militar do Dia do Sol, em homenagem ao fundador do país, Kim Il-sung.
Foto: DW/A. Foncillas
Sempre sorrindo
Meninas aprendendo música em uma academia. Na Coreia do Norte, é comum este tipo de escola, que, segundo o regime, valoriza especialmente talentos em disciplinas artísticas e esportivas.
Foto: DW/A. Foncillas
Luxo subterrâneo
O metrô de Pyongyang é o mais profundo do mundo e serve como refúgio em caso de ataque. O luxo desta estação contrasta com os trens antiquados. Os usuários podem aproveitar o tempo de espera informando-se sobre o mais recente míssil lançado.
Foto: DW/A. Foncillas
Arquitetura e militares
A arquitetura da capital é tanto tradicional quanto moderna. Os novos edifícios são octogonais, ovais ou tem qualquer outra forma ousada. Eles se assemelham a um livro invertido se ali vivem acadêmicos, ou parecem uma tomada, se se destinam a cientistas.
Foto: DW/A. Foncillas
Meninos e futebol
Meninos jogam futebol em uma escola de órfãos na capital. Os responsáveis por eles garantem que as crianças ingerem 3.500 calorias por dia, mais do que necessita um esportista de elite em qualquer país do mundo.
Foto: DW/A. Foncillas
Propaganda por todo lugar
Cartazes de propaganda são comuns nas ruas de Pyongyang. Eles ressaltam a força do Exército, a necessidade de uma pátria unida contra o inimigo externo, dos trabalhadores como a base de um sistema ideológico que só existe aqui: a ideologia Juche.
Foto: DW/A. Foncillas
Passos firmes
Desfiles militares são atividades recorrentes no calendário da Coreia do Norte. O objetivo do governo é mostrar Forças Armadas bem equipadas, que agem com marcialidade.