O placar final da votação da medida, ocorrida nesta segunda-feira (10/06), em Nova York, foi de 14 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção, da Rússia, que tem poder de veto.
Até o momento, há diferentes versões sobre a aceitação ou não do cessar-fogo.
Conforme os EUA, apenas o Hamas ainda não aceitou a proposta, que sustenta um plano dividido em três fases apresentado em 31 de maio pelo presidente americano, Joe Biden, para dar fim ao conflito iniciado em outubro de 2023.
Por meio de um comunicado, no entanto, o Hamas já teria saudado a aprovação e se colocado à disposição para cooperar com os mediadores do acordo, a fim de implementá-lo.
Israel também ainda não teria se pronunciado publicamente sobre a aceitação ou não da medida. Mas os EUA afirmaram que a medida foi aceita pelos israelenses.
As três fases
A primeira fase do acordo apresentado por Biden consiste em um cessar-fogo inicial de seis semanas e a libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos, a retirada das forças de Israel de áreas povoadas em Gaza e o retorno de civis palestinos a todas as áreas do território.
Ainda na primeira fase, a resolução exige o trabalho seguro de assistência humanitária em grande escala em toda a Faixa de Gaza. De acordo com Biden, isso levaria a um total de 600 caminhões entrando diariamente na região.
A fase dois começaria após o período inicial de cessar-fogo. Caso haja concordância entre as partes, ocorreria o fim permanente das hostilidades de ambos os lados em troca da libertação de todos os reféns em Gaza, e a retirada total das forças de Israel do território.
A terceira fase teria foco num extenso plano de reconstrução para Gaza e o retorno dos restos mortais de todos os reféns que morreram na área.
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Aprovação vs. prática
A aprovação da medida não significa, porém, que os lados envolvidos no conflito, Israel e Hamas, vão, de fato, colocar a resolução em prática. Em março, por exemplo, uma resolução de cessar-fogo já havia sido aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, mas ambos a ignoraram.
Desta vez, no entanto, o forte apoio da resolução no órgão mais poderoso da ONU aumenta a pressão sobre ambas as partes para que coloquem a proposta em prática.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que Biden apresentou apenas partes da proposta e insistiu que nenhuma conversa é possível sobre um hipotético cessar-fogo permanente antes que as capacidades militares e de governo do Hamas sejam desmanteladas.
Nesta segunda-feira, líderes palestinos se reuniram no Catar para discutir a proposta de cessar-fogo e, posteriormente, disseram que qualquer acordo deve levar a um cessar-fogo permanente, com a retirada total de Israel da Faixa de Gaza, o fim do cerco israelense à região, a reconstrução da área e "um acordo sério de troca" entre reféns em Gaza e palestinos mantidos em prisões israelenses.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo atentado terrorista em grande escala contra Israel de 7 de outubro de 2023, em que combatentes do Hamas mataram 1.200 e levaram cerca de 250 reféns.
Desde o início da ofensiva israelense, mais de 37 mil palestinos foram mortos em Gaza, de acordo com as autoridades de saúde palestinas controladas pelo Hamas.
gb/as (DPA, AP, ots)
Morte e desespero em Gaza
Uma catástrofe humanitária atinge a Faixa de Gaza. Após os ataques do Exército israelense em retaliação aos atentados terroristas do grupo radical islâmico Hamas, o número de mortos e feridos só aumenta.
Foto: Fatima Shbair/AP/picture alliance
Fumaça preta sobre escombros
Uma imagem de destruição máxima: três dias após os ataques do grupo fundamentalista islâmico Hamas, classificado como organização terrorista pela UE, EUA e outros países, Israel intensificou os bombardeios na Faixa de Gaza. A retaliação foi anunciada pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu: "O que faremos com nossos inimigos nos próximos dias repercutirá por gerações."
Foto: Belal Al SabbaghAFP/Getty Images
Centenas de prédios destruídos
Segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), cerca de 800 edifícios na Faixa de Gaza foram completamente destruídos, e mais de 5 mil foram severamente danificados. Além disso, o abastecimento de água foi interrompido para cerca de 400 mil pessoas.
Foto: Mohammed Talatene/dpa/picture alliance
Mais de mil mortos de ambos os lados
Equipes de resgate buscam sobreviventes após ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza. Em apenas seis dias, o conflito entre o Hamas e Israel já deixou mais de 2,5 mil mortos de ambos os lados.
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Luto pelas vítimas
Um homem carrega o corpo de uma criança morta no ataque israelense ao campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, antes de ela ser enterrada ao lado de outras vítimas. Segundo autoridades de saúde palestinas nesta quinta-feira (12/10), mais de 440 crianças e mais de 240 mulheres estão entre os mortos em Gaza.
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Fugir para onde?
Palestinos na Faixa de Gaza fogem dos ataques israelenses em um micro-ônibus. Segundo informações da ONU, mais de 338 mil pessoas já foram deslocadas de suas casas. Grande parte está se abrigando em escolas, e outras, em residências particulares. A fuga de Gaza deixou de ser possível depois que Israel isolou a área.
Foto: Saleh Salem/REUTERS
Israel controla a fronteira
Tropas de Israel patrulham a fronteira com Gaza. Na noite de 7 de outubro, combatentes do Hamas romperam barreiras em alguns pontos e entraram em território israelense. A cerca, que tem 60 quilômetros de extensão, foi construída em 1994. A fronteira com o Egito também é cercada numa faixa de um quilômetro.
Foto: Oren Ziv/AP/picture alliance
Movimentação de tropas
Após a mobilização de mais de 300 mil reservistas por parte de Israel, muitas pessoas na Faixa de Gaza temem uma ofensiva terrestre das forças israelenses. Veículos e equipamentos militares foram agrupados ao longo da fronteira. Além disso, as populações das cidades israelenses que fazem fronteira com Gaza foram quase que totalmente evacuadas.
Foto: Ilia Yefimovich/dpa/picture alliance
"Desastre absoluto"
Crescem os temores de uma catástrofe humanitária na Faixa de Gaza. O secretário-geral do Conselho Norueguês de Refugiados, Jan Egeland, alertou sobre um "desastre absoluto". Uma "punição coletiva" da população violaria a lei internacional: "Se crianças feridas morrerem em hospitais porque não há eletricidade, isso pode ser um crime de guerra."
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Jahia Sinwar, líder do Hamas
Jahia Sinwar, chefe do Hamas na Faixa de Gaza desde 2017, é considerado um dos líderes do ataque terrorista a Israel. O extremista, que cresceu em um campo de refugiados em Gaza, é o segundo homem mais poderoso depois do líder supremo Ismail Haniya. Sinwar conceitua "seu povo" como "mártires que preferem morrer a ceder à humilhação frente ao inimigo".
Foto: Mohammed Abed/AFP
Escalada da violência
A escalada da violência continua. Um porta-voz do Hamas disse a agências de notícias que toda vez que Israel bombardear civis sem aviso, um refém israelense será morto. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, respondeu à ameaça, alertando sobre mais violência contra os reféns: "Esses crimes de guerra não serão perdoados."