Conselho de Segurança da ONU condena míssil norte-coreano
16 de setembro de 2017
Em reunião de urgência, órgão pede que Pyongyang pare imediatamente com "atos escandalosos". Kim Jong-un promete concluir objetivo de seu programa nuclear e balístico, que é alcançar equilíbrio com poder militar dos EUA.
Anúncio
O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou nesta sexta-feira (15/09) o lançamento de um míssil feito pela Coreia do Norte na véspera, descrevendo a ação como "altamente provocadora". Os países-membros ainda pediram que Pyongyang pare imediatamente com os "atos escandalosos".
Em texto aprovado pelos 15 integrantes do órgão durante uma reunião de urgência realizada a portas fechadas, o conselho declarou que as ações do regime de Kim Jong-un representam uma ameaça não apenas para a região, mas também para todos os Estados-membros da ONU.
Dessa forma, o órgão afirmou que os 193 países que compõem as Nações Unidas devem implementar "de forma completa, abrangente e imediata" todas as sanções da ONU contra o país asiático.
O conselho ainda "enfatizou a importância de se trabalhar para reduzir a tensão na península coreana, (...) dividida entre a Coreia do Norte autoritária e a Coreia do Sul democrática".
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, por sua vez, lembrou que o lançamento de mísseis representa uma grave violação das resoluções do Conselho de Segurança.
As declarações da entidade foram uma reação ao míssil lançado na noite desta quinta-feira – manhã de sexta em Pyongyang –, que chegou a sobrevoar o norte do Japão antes de cair no Oceano Pacífico, a cerca de 2 mil quilômetros a leste do cabo de Erimo, na ilha japonesa de Hokkaido.
Autoridades militares sul-coreanas estimam que o projétil, lançado dos arredores da capital norte-coreana, tenha alcançado uma altitude máxima de 770 quilômetros e percorrido uma distância de 3.700 quilômetros – o suficiente para atingir o território americano de Guam, no Pacífico Ocidental.
O ministro de Defesa do Japão, Itsunori Onodera, afirmou nesta sexta-feira que o governo norte-coreano tinha "Guam em mente" ao disparar o míssil. A base militar no Pacífico fica a 3.400 quilômetros da Coreia do Norte. Em agosto, Pyongyang alertou que estaria "examinando cuidadosamente" um plano para atacar com mísseis o território americano.
Foi a segunda vez em menos de um mês que a Coreia do Norte lança um míssil em direção ao leste. No fim de agosto, um projétil lançado pelo país também sobrevoou o território do Japão e caiu nas águas do Oceano Pacífico, mas a distância percorrida por ele foi menor que o desta quinta-feira.
Nesta sexta-feira – sábado em Pyongyang –, Kim Jong-un prometeu seguir com seu programa nuclear e balístico apesar das sanções impostas a seu país, segundo publicou a imprensa norte-coreana.
O líder teria afirmado ainda que seu objetivo com o desenvolvimento de armas é alcançar um "equilíbrio real de forças" com os Estados Unidos.
Segundo a agência de notícias KCNA, Kim declarou também que o lançamento do míssil Hwasong-12 na véspera foi bem sucedido e ajudou a aumentar o "poder de combate da força nuclear" norte-coreana.
Por conta do desenvolvimento do programa nuclear e balístico de Pyongyang, o Conselho de Segurança da ONU impôs no início desta semana um novo pacote de sanções ao país. As restrições incluem a proibição das exportações de têxteis e a limitação de remessas de produtos petrolíferos.
As novas sanções foram uma resposta ao mais recente teste nuclear conduzido pelo regime de Kim Jong-un no início de setembro – Pyongyang afirmou se tratar de uma bomba de hidrogênio compacta o suficiente para ser instalada num míssil balístico intercontinental.
EK/afp/ap/rtr/ots/dw
Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.