Alemanha: Conservadores e centro-esquerda discutem coalizão
28 de fevereiro de 2025
Bloco conservador liderado por Friedrich Merz e social-democratas de Olaf Scholz iniciam diálogo que pode abrir caminho para a formação do novo governo no país.
Esperam-se negociações difíceis entre as legendas para a formação de um novo governo na AlemanhaFoto: Thomas Imo/photothek/picture alliance
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Representantes da aliança dos partidos conservadores União Democrata Cristã (CDU) combinada com seu parceiro bávaro, a União Social Cristã (CSU), que terminou a eleição parlamentar alemã em primeiro lugar, e o Partido Social Democrata (SPD), que ficou em terceiro, iniciaram nesta sexta-feira (28/02) em Berlim as primeiras conversas exploratórias que podem resultar na formação de um governo de coalizão no país.
O encontro ocorre num prédio anexo ao Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, na capital alemã. Segundo a agência de notícias dpa, cada lado mandou nove representantes. Entre eles estão o líder da CDU, Friedrich Merz, o provável futuro chanceler federal da Alemanha; Markus Söder, o líder da CSU; e o colíder da SPD Lars Klingbeil.
Se bem-sucedidas, essas conversas exploratórias podem ser seguidas por diferentes rodadas de negociações para a formação de uma "grande coalizão", como são chamadas as alianças entre a CDU/CSU e o SPD no país. Se a aliança for adiante, essa seria a quinta vez que os conservadores e social-democratas se unem para formar um governo no pós-guerra – e, em todas, a CDU/CSU liderou a administração.
Merz vem firmando que gostaria de ver um novo governo sob sua liderança empossado até 20 de abril. Até que um novo governo seja formado, o atual chanceler federal Olaf Scholz (SPD) e sua coalizão com os Verdes continuarão interinamente no governo.
Negociações intricadas pela frente
Apesar do otimismo manifestado por Merz desde o último domingo, esperam-se negociações difíceis entre as legendas, apesar da falta de outras opções realistas. Há diferenças profundas entre os partidos em questões como migração, o freio da dívida e política com relação à Ucrânia. Além disso, a campanha eleitoral acalorada deixou rusgas nas relações entre políticos das diferentes legendas.
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Klingbeil, o colíder do SPD, afirmou várias vezes que a participação do seu partido em uma coalizão com o bloco CDU/CSU não é uma certeza absoluta: "Se um governo será formado, se o SPD participará de um governo, isso não é certo."
Ainda assim, no momento, uma coalizão entre a CDU/CSU e os social-democratas é o resultado mais provável das eleições parlamentares. Durante a campanha, Merz prometeu não formar um governo com o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou em segundo lugar nas eleições, à frente do SPD.
A CDU/CSU liderou as eleições no último domingo com 28,5% dos votos. Isso coloca o líder conservador Merz em posição de se tornar o próximo chanceler federal da Alemanha. O SPD obteve apenas 16,4% dos votos, sofrendo uma derrota histórica.
jps/cn (DW, dpa, ots)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história seis chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada conjunta com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou parte do espaço que era ocupado pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.