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Conservadores formam governo com partido norte-irlandês

26 de junho de 2017

Após revés eleitoral, premiê britânica anuncia acordo com ultraconservador DUP para obter maioria no Parlamento. Em retorno, May promete 1 bilhão de libras adicionais à Irlanda do Norte. Pacto é alvo de críticas.

Theresa May e a líder do Partido Unionista Democrático (DUP), Arlene Foster
Theresa May e a líder do Partido Unionista Democrático (DUP), Arlene FosterFoto: Reuters/S. Wermuth

O Partido Conservador, da primeira-ministra britânica, Theresa May, fechou nesta segunda-feira (26/06) um acordo de governo com o Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda do Norte. O pacto foi selado pouco mais de duas semanas depois do revés eleitoral sofrido pelos conservadores.

O acordo não equivale a uma coalizão formal, mas significa que os 318 parlamentares conservadores, que perderam a maioria no Parlamento britânico, de 650 assentos, contarão com o apoio dos dez deputados da legenda ultraconservadora norte-irlandesa em votações cruciais.

Como parte do compromisso, o governo de May prometeu um financiamento adicional à Irlanda do Norte a fim de fortalecer sua economia, investindo em áreas como infraestrutura, saúde e educação. O pacote inclui 1 bilhão de libras (cerca de 4,2 bilhões de reais) ao longo de dois anos, além dos 500 milhões de libras anteriormente anunciados.

O acordo foi assinado na manhã desta segunda-feira por líderes de ambas as legendas, incluindo os parlamentares Gavin Williamson, do Partido Conservador, e Jeffrey Donaldson, do DUP, reunidos na residência oficial da premiê britânica, em Downing Street.

A líder do Partido Unionista Democrático, Arlene Foster, declarou que o objetivo do acordo é "favorecer o interesse nacional" e promover um governo "estável" num momento crucial para o Reino Unido, que negocia sua saída da União Europeia (UE), o chamado Brexit.

May, por sua vez, defendeu que o pacto "permitirá [que os dois partidos] trabalhem juntos no interesse de todo o Reino Unido, fornecerá a certeza necessária ao se deixar a União Europeia e ajudará a construir uma sociedade mais forte e mais justa".

Críticas à aliança

Líderes da Escócia e do País de Gales, bem como da oposição trabalhista, rechaçaram o acordo, alegando que ele vai enfraquecer – ao invés de fortalecer – os laços que unem o Reino Unido por investir dinheiro em uma de suas regiões às custas das outras.

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, opinou que o pacto pode atender ao desejo de May de permanecer no poder, mas fará pouco pelo país. "De onde vem o dinheiro para o acordo? Todas as regiões do Reino Unido receberão esse mesmo financiamento adicional muito necessário que a Irlanda do Norte obterá como parte do acordo?", questionou o líder oposicionista.

Outros críticos, incluindo membros do Partido Conservador, posicionavam-se contra uma aliança com os unionistas por conta de algumas posições polêmicas do partido norte-irlandês, como sua oposição ao casamento homossexual e ao aborto.

A primeira sessão parlamentar após a assinatura do acordo deve ocorrer na próxima quinta-feira, quando a Câmara dos Comuns analisará o programa legislativo do governo para os próximos dois anos, que inclui um grande número de leis sobre o Brexit.

O Partido Conservador sofreu um revés nas eleições gerais de 8 de junho no Reino Unido, quando acabou perdendo a maioria absoluta no Parlamento. Ao formar um pacto de apoio com o DUP, a legenda de May soma ao menos 328 assentos, pouco mais que os 326 necessários para alcançar a maioria.

EK/dpa/rtr/ap/efe/lusa/ots

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