Conservadores têm vitória histórica em eleições de Berlim
12 de fevereiro de 2023
Capital alemã realizou um novo pleito neste domingo, após o anterior ter sido anulado pela Justiça por problemas de organização. Social-democratas sofrem derrota, mas ainda têm chance de seguir no governo local.
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O Partido Social Democrata da Alemanha (SPD), do chanceler federal Olaf Scholz, sofreu uma derrota nas eleições de Berlim neste domingo (12/02), que tiveram de ser refeitas após a Justiça anular o pleito anterior, realizado em setembro de 2021 e marcado por grande desorganização.
Projeção divulgada pela infratest dimap às 22h56 da Alemanha (18h56 do Brasil) coloca os conservadores da União Democrata Cristã (CDU) em primeiro lugar, com 28,2% dos votos. Em seguida vêm o Partido Verde e o SPD, com 18,4% cada um. O partido A Esquerda teve 12,2%, e a legenda de ultradireita Alternativa para a Alemanha pontuou 9,1%.
As eleições anteriores foram invalidadas pelo Tribunal Constitucional de Berlim devido a uma série de problemas, como horas de espera em filas para votar, zonas eleitorais sem cédulas suficientes e zonas eleitorais com cédulas erradas. Foi a primeira vez que uma eleição local na Alemanha foi declarada inválida por questões organizacionais.
Nessa eleição anterior, o SPD havia saído vitorioso, com 21,4% dos votos, e montado uma coalizão com os verdes e o partido A Esquerda, comandada pela social-democrata e atual prefeita Franziska Giffey, que voltou a concorrer ao cargo. A CDU havia ficado em terceiro lugar, com 18% dos votos.
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Resultado histórico para a CDU
É a primeira vez em mais de 20 anos que a CDU supera o SDP como maior força política na capital alemã, que é uma cidade-estado. A última vez em que os conservadores haviam sido o partido mais votado em Berlim foi em 1999.
A CDU beneficiou-se de insatisfação crescente entre os moradores de Berlim com problemas na gestão pública da cidade e a falta de soluções para a crise de falta de moradia.
O candidato da CDU para prefeito de Berlim, Kai Wegner, disse que as urnas haviam dado um "claro mandato governamental" para seu partido e que tentará montar uma coalizão em torno de seu nome.
Os conservadores fizeram uma campanha com foco em temas de segurança e ordem pública, impulsionada por episódios de ataques a veículos de bombeiros durante a noite do último réveillon que provocaram indignação na Alemanha.
Nova coalizão ainda incerta
A social-democrata Giffey reconheceu a derrota e disse que os resultados mostraram que os berlinenses não estão satisfeitos com sua gestão, mas ressalvou que teve apenas um ano de governo para mostrar serviço.
Apesar da clara liderança da CDU, ainda não é certo que os conservadores liderarão o novo governo, pois precisam ter o apoio dos verdes ou dos social-democratas para montar uma coalizão.
A candidata líder do Partido Verde, Bettina Jarasch, expressou o desejo de manter a coalizão com o SPD e A Esquerda, mas agora com os verdes no comando. O líder do A Esquerda, Klaus Lederer, também disse ter interesse em reeditar a mesma coalizão.
O novo governo comandará Berlim por três anos e meio, até as próximas eleições, que serão realizadas junto com as próximas eleições nacionais.
bl (AP, ots)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.