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Álcool aumenta mortes de russos na Ucrânia, diz relatório

2 de abril de 2023

Inteligência britânica diz que hábito aceito como normal até durante combates estaria entre causas indiretas de baixas, assim como incompetência no manejo de armas, acidentes com veículos e hipotermia.

Soldados russos conversam em base militar antes de embarcarem para zona de combate na Ucrânia
Reino unido destaca número "extremamente alto" de incidentes, crimes e mortes associados ao consumo de álcool entre soldadosFoto: Yelena Afonina/TASS/dpa/picture alliance

O Ministério da Defesa do Reino Unido informou neste domingo (02/04), em seu relatório diário de inteligência sobre a guerra na Ucrânia, que o consumo de bebidas alcoólicas seria a causa de um grande número de mortes entre os soldados russos.

"Ao mesmo tempo em que a Rússia sofreu até 200 mil baixas desde o início da invasão da Ucrânia, uma minoria significativa dessas mortes ocorreram em razão de causas não associadas aos combates", diz o documento.

O Ministério destaca que um canal russo de notícias no aplicativo Telegram relatou um número "extremamente alto" de incidentes, crimes e mortes associados ao consumo de álcool entre os soldados russos.

"Entretanto, como o consumo pesado de álcool é difundido em grande parte da sociedade russa, se torna algo tacitamente aceito como parte da vida militar, mesmo durante operações de combate", diz o relatório.

Outras das principais causas de morte entre os soldados que não estão diretamente associadas aos combates são a incompetência no manejo das armas, acidentes com veículos e hipotermia. Segundo o Ministério britânico, os comandantes russos costumam identificar o consumo de álcool como sendo algo prejudicial à eficiência nos combates.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, o Ministério da Defesa do Reino Unido divulga diariamente relatórios com informações de seus serviços de inteligência sobre o conflito. Moscou denuncia os relatórios britânicos como ferramentas de desinformação.

Fracasso da ofensiva de inverno russa

Também neste domingo, o think tank Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) afirmou em relatório que a ofensiva de inverno russa na Ucrânia, deflagrada há alguns meses, fracassou em seu objetivo de consolidar a conquista das regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk.

O ISW, com sede em Washington, assegura que fontes russas, ucranianas e ocidentais compartilham em grande parte dessa visão.

O relatório observou um aumento das especulações entre blogueiros militares russos sobre possíveis trocas no topo da cadeia de comando das Forças Armadas russas em razão do fracasso da ofensiva.

Segundo o ISW, o comandante do Estado-Maior russo, o general Valery Gerasimov, destacado em janeiro para liderar as tropas russas na região, não atingiu as expectativas do presidente russo, Vladimir Putin.

O instituto ressaltou que há divergências entre os comandantes russos sobre a continuidade da ofensiva em torno das cidades de Bakhmut e Avdiivka. O documento do ISW diz que os fracassos durante essas operações e as baixas entre os soldados teriam gerado uma atmosfera negativa em meio às tropas russas.

Houve, inclusive, acusações de que "alguns atores estariam tentando manter a ofensiva por motivos pessoais, ao invés de adotar uma abordagem racional sobre a questão".

Os blogueiros militares russos ultranacionalistas vêm reforçando as críticas às lideranças das Forças Armadas em Moscou, algo que, segundo o relatório, poderia influenciar nas decisões de Putin sobre possíveis mudanças no alto escalão do Exército.

rc/gb (DPA, Reuters)

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