Mais orgânicos
3 de junho de 2009Na Alemanha, a sensibilidade aos temas ambientais também se reflete na escolha dos alimentos. Mesmo em tempos de crise econômica, o consumo de produtos orgânicos – produzidos sem a utilização de agentes químicos ou hormônios – cresce no país e conquista, a cada dia, novos adeptos.
Dados preliminares fornecidos pelo Departamento de Marketing Agroalimentar da Universidade de Kassel indicam que, em 2008, o volume de vendas de orgânicos aumentou 10%, enquanto sua área de cultivo foi ampliada em 5%.
Apesar de não serem tão expressivos quanto os dos últimos três anos – em 2007, por exemplo, o setor chegou a crescer 15% –, esses percentuais reiteram a fidelidade do consumidor. A comercialização de orgânicos corresponde hoje a 3,4% do total de alimentos vendidos na Alemanha, sendo que, somente em 2008, o faturamento com orgânicos chegou a 6 bilhões de euros.
Na opinião de Ulrich Hamm, diretor do departamento, isso se deve ao fato de a crise econômica ter atingido diretamente apenas uma pequena parcela dos alemães. "Grande parte da população recebeu aumentos salariais ainda no começo do ano e quem registrou perdas de milhares ou até milhões de euros na bolsa de valores não precisa economizar justamente na compra de alimentos", argumenta.
Orgânicos cada vez mais fáceis de encontrar
A oferta de produtos orgânicos é ampla na Alemanha. Muito além da tradicional Reformhaus, lojas especializadas em produtos naturais que existem desde o início do século 20, diversas redes de supermercados lançaram suas próprias marcas de produtos orgânicos.
Um investimento que, para a maioria deles, deu certo. Segundo Hamm, supermercados não-especializados e mercados que oferecem produtos de baixo custo conquistaram a preferência dos consumidores de orgânicos nos últimos anos.
Ele salienta que especialmente os chamados discounters são os principais responsáveis pelo crescimento do setor, procurados por quem busca produtos saudáveis sem ter que gastar muito por isso.
Atualmente, a Alemanha é o segundo maior consumidor de produtos orgânicos no mundo, tendo perdido a liderança para os Estados Unidos na década de 90. "Mas é preciso lembrar que os EUA possuem uma população três vezes maior", explica Hamm.
No entanto, o potencial de crescimento do mercado é tamanho que há anos o aumento da produção não mais acompanha o crescimento da demanda nacional. Isso torna a Alemanha também o segundo maior importador de produtos orgânicos, atrás novamente dos EUA, sendo que há uma diferença significativa para o terceiro colocado, o Reino Unido.
Preocupação com a saúde
A preferência pelos orgânicos e o consequente aumento da venda refletem a preocupação das famílias em ter uma alimentação saudável. No último ano, as comidas para bebês com o selo BIO, por exemplo, tiveram um acréscimo superior a 60% nas vendas.
A dona de casa Stefanie Kaymakçi, de 35 anos, é um exemplo. Por ter uma filha pequena, ela preza por ter alimentos mais saudáveis em casa. "É mais saudável, mais saboroso e está livre de pesticida. Compro para toda a família", diz, admitindo que o preço é uma desvantagem. "Mas, como compro pouco por vez, não pesa no orçamento familiar", garante.
A professora aposentada Ehm Erika, de 71 anos, também não deixa de consumir orgânicos, mesmo que sejam mais caros. "Ovos, leite, iogurte e milho, sempre compro nessas lojas. São mais saudáveis e produzidos com respeito pela natureza. Os animais não ficam presos em gaiolas pequenas. Isso, para mim, é muito importante", diz.
Autora: Caroline Eidt
Revisão: Rodrigo Abdelmalack