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Contos dos Irmãos Grimm: 200 anos de popularidade

16 de dezembro de 2012

Eles têm nomes como "A Bela Adormecida" ou "O Rei Sapo" e falam de mundos maravilhosos, do direito à felicidade e da vitória do bem sobre o mal. E levam crianças de todo o mundo às lágrimas há dois séculos.

Foto: Staatsbibliothek zu Berlin - PK

A atriz Marlies Ludwig abaixa seu tom de voz e dá uma olhada para a plateia, composta por 20 alunos dos primeiros anos do ensino fundamental, sentados confortavelmente a seus pés sobre almofadas coloridas. Acompanhados da professora, eles participam do evento Berliner Märchentage, um festival de contos de fadas que acontece na capital alemã.

De início, as crianças ainda permanecem um pouco inquietas, mas na medida em que a atriz começa a contar a história de Chapeuzinho Vermelho, elas concentram a atenção no que ela tem a dizer. E assim ficam durante uma hora.

Histórias que prendem a atenção

Marlies Ludwig encarna diversos personagens: ela coaxa como um sapo, esconjura como a mulher ranzinza do pescador e dança como a Gata Borralheira no dia do baile. De vez em quando ela recorre, para continuar contando a história, ao auxílio das crianças, que às vezes a corrigem em alto e bom som. Isso quando ela conta algum dos contos de fadas de maneira diferente daquela escrita pelos Irmãos Grimm.

Festival de Contos de Fadas em Berlim: atenção garantidaFoto: Konzept und Bild/Cathrin Bach

"As fábulas dos Irmãos Grimm são um fenômeno", diz Carola Pohlmann, diretora do Departamento Juvenil da Biblioteca Pública de Berlim e curadora da mostra Chapeuzinho Vermelho vem de Berlim. A exposição, aberta desde o início de novembro último, rastreia os 200 anos dos contos de fadas dos Irmãos Grimm em sua trajetória única de sucesso.

De fato, os Contos de Grimm são a obra alemã mais disseminada em todo o mundo, depois da Bíblia de Martinho Lutero. Eles foram traduzidos para mais de 160 línguas e são até hoje frequentemente narrados, seja em forma de histórias em quadrinhos, livros ilustrados, desenhos animados ou filmes de ficção, mas também em videoclipes, audiolivros ou encenações.

Exímios colecionadores

De início, nada levava a crer que esses contos iriam alcançar tamanho sucesso. Principalmente porque as fábulas coletadas pelos Irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, a partir de uma ideia de Clemens Brentano, poeta do Romantismo alemão, no início do século 19, soavam em sua primeira edição muito duras e pouco adequadas às crianças.

Os Grimm propuseram a si próprios na época executar uma tarefa científica, guiados pelo desejo de coletar a literatura popular e assegurar suas fontes sem manipulá-las. O primeiro volume da primeira edição de sua coleção de contos de fadas foi publicado em 1812, com apenas 900 exemplares. Seu título original era Kinder- und Hausmärchen (Contos Infantis e Domésticos).

Ilustração de Tom Seidmann-Freud: 'O mingau doce', de 1923, faz parte da exposição em BerlimFoto: Staatsbibliothek zu Berlin - PK

O sucesso viria depois, com modificações essenciais no texto e através de incrementos em determinadas cenas, inclusive por meio da famosa frase inicial: "Era uma vez...". E do fim recorrente: "E viveram felizes para sempre". A partir de 1830, as fábulas passaram a ser apreciadas por um público cada vez maior, também em função das ilustrações que passaram a acompanhá-las. Dentro de poucas décadas, já eram conhecidas em todo o mundo.

Tom de contos de fadas

Os Irmãos Grimm, diz Carola Pohlmann, encontraram evidentemente um tom e uma forma que o mundo todo associa a contos de fadas. E já que os temas sobre os quais versam as fábulas são também encontrados em outras formas na literatura popular, os Contos de Grimm acabam sendo compreendidos em qualquer lugar do mundo.

As fábulas dos Grimm, completa Pohlmann, "estão em casa em diversas culturas". Crianças com raízes em países do Leste Europeu, na África, na América do Sul ou na Ásia têm com esses contos muitas vezes uma empatia imediata.

O mundo maravilhoso dos contos de fadas como peça teatralFoto: gemeinfrei

As diversas edições que foram sendo publicadas no decorrer dos anos refletem não apenas as predileções de cada cultura, mas também a mudança nos padrões de gosto. Se em meados do século 19 os livros ainda eram coloridos à mão, há ainda nas bibliotecas alemãs edições rebuscadas e kitsch datadas do pós-guerra, impressas sob condições precárias em papel de má qualidade. Hoje, o mercado editorial de língua alemã oferece interpretações contemporâneas das fábulas, com ilustrações espirituosas, como, por exemplo, as de Rotraut Susanne Berner ou de Tomi Ungerer.

Novas formas de contar histórias

Mas, diz Pohlmann, a grande mágica destes contos está na própria história. E no fato de que eles podem ser maravilhosamente narrados por alguém que acaba sempre "acrescentando um ponto". Como a leitura para as crianças é algo que caiu em desuso em muitas famílias, os organizadores do festival berlinense resolveram trazer, com o Berliner Märchentage, um substituto para essa leitura doméstica em voz alta.

A programação inclui mais de 800 eventos por ano. Na última edição, o evento contabilizou mais de 150 mil visitantes. No festival, percebe-se que ouvir histórias é sempre um deleite. E que não apenas atores e atrizes conseguem fazer isso, mas também atletas, empresários ou políticos. Os mentores do projeto estão sempre tendo ideias novas, a fim de atrair as crianças ao mundo das fábulas. E fazer com que elas fiquem atentas e pacientes, quando tudo promissoramente começa com um "era uma vez...".

Autora: Silke Bartlick (sv)
Revisão: Mariana Santos

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