Controle reforçado gera tensão entre Colômbia e Venezuela
10 de fevereiro de 2018
Multidão aguarda horas para atravessar fronteira com a Colômbia. Milhares de venezuelanos são barrados e alguns tentam, em vão, entrar à força no país vizinho.
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Um dia após o anúncio do reforço de segurança na fronteira, milhares de venezuelanos que tentaram entrar na Colômbia pela cidade de Cúcuta protagonizaram momentos de tensão nesta sexta-feira (09/02) na ponte internacional Simón Bolívar, onde começaram a vigorar novos controles de acesso.
Uma multidão esperava desde muito cedo sob um forte sol que as autoridades colombianas revisassem seus documentos. Testemunhas relatam que tiveram que esperar cerca de quatro horas na fila para conseguir entrar na Colômbia. Alguns venezuelanos tentaram pular as cercas metálicas, o que obrigou a polícia a intervir.
Os agentes que normalmente controlam a fronteira junto com efetivos do Departamento de Migração da Colômbia receberam o apoio do Esquadrão Móvel Antidistúrbios da polícia colombiana e, inclusive, foram mobilizados blindados para controlar a situação.
Imagens divulgadas por emissoras locais mostram venezuelanos tentavam convencer as autoridades a não lhes impedirem a passagem.
"Estão fechando as portas da única saída que temos. Não queremos incomodar a Colômbia, o que fazemos é por pura necessidade", disse um venezuelano à rede de televisão colombiana RCN.
Milhares de venezuelanos teriam sido impedidos de entrar na Colômbia, segundo a impressa local. Alguns dos barrados tentavam passar pelo controle com Cartões de Mobilidade Fronteiriça, que permitem visitas temporárias ao país, vencidos.
Diariamente, cerca de 37 mil pessoas atravessam a ponte Simón Bolívar em direção à Colômbia, mas o aumento dos controles fronteiriços dificultou essa travessia e criou um caos na região.
Para tentar conter o fluxo migratório, o governo colombiano tornou obrigatório carimbar o passaporte na entrada do país e suspendeu a emissão de Cartões de Mobilidade Fronteiriça.
O número de venezuelanos que se instalaram definitivamente no país aumentou 62% desde meados de 2017. Estima-se que mais de 550 mil venezuelanos estejam vivendo na Colômbia atualmente.
A Venezuela enfrenta uma grave crise econômica e política. A escassez de produtos básicos e o desemprego levaram milhares de venezuelanos a deixar o país. A onda migratória atingiu especialmente países que fazem fronteira com a Venezuela, como a Colômbia e o Brasil.
CN/efe/lusa/dpa
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Brasil como esperança para refugiados venezuelanos
Despotismo estatal, crise de abastecimento, violência: esses são apenas alguns dos motivos por que milhares de venezuelanos abandonam seu país. Para muitos, o vizinho Brasil significa o começo de uma nova vida.
Foto: Reuters/N. Doce
Boa Vista: abrigos emergenciais em barracas
Muitos refugiados da Venezuela primeiro encontram abrigo no Brasil em barracas. As desta foto foram armadas pela Defesa Civil da cidade de Boa Vista, em Roraima. Em plena região amazônica, a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Venezuela, os refugiados recebem alojamento improvisado. A Igreja Evangélica local distribui refeições aos necessitados.
Foto: Reuters/N. Doce
Próxima parada: ginásio poliesportivo
O primeiro teto sobre a cabeça de muitos refugiados é o de um ginásio poliesportivo. Para o Brasil, que também enfrenta uma crise econômica, o acolhimento dos refugiados é tarefa complicada. Inúmeras cidades brasileiras já anunciaram a falta dos recursos necessários. Manaus, capital do Amazonas, já declarou estado de calamidade social.
Foto: Reuters/N. Doce
Aparência digna, mesmo na necessidade
Um cabeleireiro se ocupa de outro refugiado ao ar livre. Muitos jovens venezuelanos tentam a sorte no lado brasileiro da fronteira ou em outros países. Estima-se que cerca de 34 mil abandonaram a Venezuela em 2016. Em 2018, são esperados mais de 2 milhões de refugiados.
Foto: Reuters/N. Doce
Dar à luz no Brasil
Esta venezuelana deu à luz seu bebê no Brasil e recebe assistência no hospital. Em seu país, a assistência médica é extremamente restrita. Em situação econômica desoladora, o Estado venezuelano está incapacitado de adquirir os medicamentos e tecnologia médica necessários para assistir a população.
Foto: Reuters/N. Doce
Trabalho a todo custo
Nem bem chegam ao Brasil, os refugiados buscam alguma oportunidade de trabalho. As poucas economias que trazem consigo, em bolívares, não têm valor algum no Brasil. Por não encontrarem com facilidade empregos correspondentes a sua qualificação, mesmo venezuelanos com boa formação acadêmica têm que aceitar trabalhos informais.
Foto: Reuters/N. Doce
Vendedores ambulantes
Como a situação econômica no Brasil também é tensa, os refugiados concorrem com os vendedores ambulantes locais. Este homem portando uma mochila com as cores da bandeira nacional da Venezuela vende na rua pequenos acessórios para automóveis, como limpadores de para-brisa, protetores solares para vidros e sets de limpeza.
Foto: Reuters/N. Doce
Abrigos nas ruas
Atrás de um ginásio poliesportivo onde refugiados venezuelanos estão abrigados, esta família descansa em redes montadas na rua. Em muitos países sul-americanos, as redes são o lugar preferido para se dormir. A presença desses refugiados em Boa Vista, Roraima, vem gerando fortes sentimentos xenófobos entre a população local.
Foto: Reuters/N. Doce
Na mira das autoridades
Policiais de Boa Vista, Roraima, controlam regularmente os lugares onde vivem e se reúnem os refugiados venezuelanos. Sua situação de vida complicada acaba empurrando-os para a ilegalidade. A fim de melhorar suas condições financeiras, alguns se tornam criminosos, outros se prostituem – um desafio para forças de segurança e sociedade locais.