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Projeto Água

21 de março de 2010

Pesquisadores alemães e brasileiros buscam soluções sustentáveis para uso do recurso natural em Brasília. Projeto transnacional também envolve outras regiões.

Abastecimento está próximo do limite em BrasíliaFoto: Isabel Schlerkmann

Como se abastece com água uma região tão vasta como a de Brasília? O que fazer com o esgoto? Como é visto o conceito de uso sustentável? Qual é o papel dos reservatórios de água, rios, córregos e lençóis aquíferos?

É o que tentam responder pesquisadores concentrados do Centro de Pesquisa Ambiental Hermoltz em Leipzig, da Universidade Técnica de Dresden e da Universidade de Brasília, além da fornecedora regional Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal). O projeto tem o apoio do Ministério alemão de Educação e Pesquisa e de fundos brasileiros.

Holger Weiss é o coordenador da parte alemã do projeto. Segundo o pesquisador, o objetivo principal do estudo é promover a transferência de tecnologia e a adoção de estruturas já testadas na Alemanha que assegurem o abastecimento de água.

Know-how transcontinental

A América Latina é uma das cinco regiões-modelo da Aliança Internacional de Pesquisa em Água da Saxônia (Iwas). O grupo conduz pesquisas também no Leste Europeu, Ásia Central, Sudeste Asiático e Oriente Médio, em busca de conceitos alternativos para o abastecimento de água, sempre adaptados às necessidades locais.

O pesquisador se beneficia pelo intercâmbio de conhecimento entre os continentes e esclarece que a seleção das regiões não foi coincidência: "Ela inclui áreas particularmente afetadas pela mudança global, e que também o serão no futuro", disse o professor Weiss.

Santa Maria, fonte de água potável para moradores de BrasíliaFoto: UFZ-Umweltforschungszentrum

Brasília em foco

Originalmente, Brasília foi projetada para 500 mil moradores, mas atualmente, a capital braseira tem mais 2,5 milhões. O Distrito Federal também é umas das áreas mais densamente povoadas do Brasil.

Como consequência da urbanização acelerada não planejada e mudanças de uso e ocupação do solo, como a intensificação da agricultura, o impacto sobre os recursos hídricos é muito forte. Segundo as previsões do fornecedor da Caesb, já em 2010 a demanda de água irá exceder a capacidade do sistema de abastecimento.

Diante da urgência de garantir ativamente o fornecimento de água para a capital do Brasil, o principal objetivo do Projeto Água DF é desenvolver um sistema integrado de gestão de recursos hídricos.

O sistema leva em conta as condições naturais da região como clima, ciclo hidrológico, uso do solo, além dos sistemas de fornecimento de água e gestão. "Brasília tem boa infraestrutura e alto nível de educação. São pré-requisitos importantes para a gestão da água orientada para a sustentabilidade", examina Weiss.

Segundo o pesquisador, há boas chances de o projeto na capital conseguir estabelecer conceitos que poderão ser usados mais tarde por todo o país. "Brasília é para nós uma vitrine, também observada por outras grandes cidades", completa.

Fator tempo

Para o professor Weiss, o trabalho de pesquisa é extremamente importante e pode servir como base para futuros projetos. O pesquisador ressalta a dificuldade de prever o desenvolvimento de sistemas naturais, socioeconômicos e políticos. "Deste modo, também é incerto qualquer prognóstico dos problemas que teremos de vencer no futuro."

Os pesquisadores não dispõem de muito tempo: cerca de 90% da água que abastece o Distrito Federal vem do Rio Paranoá e do reservatório do Rio Descoberto, a 25 quilômetros distantes da capital, recursos que em breve estarão esgotados. Os primeiros resultados do estudo deverão ser postos em prática no abastecimento de água da cidade já no próximo ano.

Autora: Anna Pellacini (np)
Revisão: Augusto Valente