COP27 deve propor criação de fundo para "perdas e danos"
19 de novembro de 2022
Países desenvolvidos sinalizam que concordam com proposta, que vinha sendo exigida há décadas por nações mais vulneráveis às mudanças climáticas. Texto final, no entanto, ainda está sendo negociado.
Anúncio
Representantes de governos reunidos na COP27, no Egito, avançaram neste sábado (19/11) nas discussões para a criação de um fundo compensatório para danos relacionados às mudanças climáticas em países particularmente vulneráveis, uma demanda de nações mais pobres que pressionam há décadas pela criação de tal mecanismo.
A informação foi revelada pelo jornal americano The Wall Street Journal e depois passou a constar no rascunho do documento final da conferência. Segundo a publicação, o fundo deve alocar recursos para compensar "perdas e danos", como prejuízos causados pelo aumento do nível do mar, tempestades mais fortes e outros efeitos que os cientistas associam às mudanças climáticas.
Pequenos países insulares e nações populosas como Bangladesh há décadas buscam dinheiro como compensação por perdas e danos. Os países ricos, que são responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa que causaram o aquecimento da Terra, vinham resistindo.
Ainda segundo o jornal, negociadores que representam países desenvolvidos e em desenvolvimento concordaram com a criação do fundo nas horas finais da cúpula do clima COP27 realizada no Egito, que teve início em 6 de novembro.
No entanto, autoridades reunidas na conferência alertaram que o plano sobre o fundo de perdas e danos faz parte de um acordo mais amplo que ainda segue em negociação. O texto precisa ser aprovado por unanimidade pelos países participantes.
As nações ricas ainda querem compromissos mais fortes dos países em desenvolvimento para reduzir as emissões na próxima década, no âmbito das metas climáticas do acordo de Paris.
As negociações aceleraram depois que os europeus aceitaram contemplar a criação do fundo, em troca basicamente de duas condições. A primeira consiste em "ampliar a base de doadores", ou seja, integrar os países que se tornaram grandes emissores de gases do efeito estufa, como a China. E a segunda condição consiste obter um compromisso forte e explícito a respeito da mitigação, para manter o objetivo do limite de +1,5ºC.
Horas antes, autoridades dos 27 países da União Europeia disseram que estavam prontas para se afastar das negociações caso o acordo não avançasse nas iniciativas para conter o aquecimento global.
"Preferimos sair sem uma decisão, do que com uma decisão ruim", disse o diretor de política climática da UE, Frans Timmermans.
Ele expressou preocupações de que alguns países estariam resistindo aos esforços para cortes mais ousados de emissões de poluentes. Timmermans não indicou os países pelo nome.
O resultado da conferência de duas semanas, que deveria ter terminado na sexta-feira, é visto como um teste sobre a determinação global para combater as mudanças climáticas, mesmo com a guerra na Europa e a inflação distraindo as atenções mundiais.
Com países ainda divididos sobre uma série de assuntos importantes na manhã de sábado, o presidente egípcio da COP27 Sameh Shoukry pediu que os delegados "se levantem para a ocasião" e se unam em torno de um acordo final.
Sherry Rehman, ministra de Mudanças Climáticas do Paquistão e atual presidente do poderoso grupo de negociação G77+China, que inclui mais de 130 países, disse neste sábado que estava "otimista a respeito de uma resolução positiva".
jps (Reuters, AFP, ots)
Dez ações contra as mudanças climáticas
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.