Economia da Copa
20 de abril de 2007A Copa do Mundo não teve qualquer efeito positivo para a atual recuperação da economia alemã. É o concluiu um estudo do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), que acaba de ser divulgado em Berlim.
Segundo os peritos do DIW, a economia alemã só começou a se recuperar no segundo semestre de 2006 graças ao aumento da demanda interna. Em função do aumento do Imposto sobre Valor Agregado (de 16% para 19%) na virada do ano, muitos alemães anteciparam suas compras maiores para o final do ano da Copa.
"Bela festa, nada mais"
Os economistas Karl Brenke e Gert Wagner demonstraram, com base em estatísticas, que as expectativas econômicas em relação ao Mundial eram completamente exageradas. "A Copa é um evento simplesmente pequeno demais para influenciar o crescimento econômico. O Mundial foi uma bela festa, nada mais", disse Wagner.
A avaliação econômica de megaeventos esportivos esbarra em sérios problemas estatísticos, diz o economista Markus Kurscheidt, da Universidade de Bochum. "É preciso conseguir filtrar os números de outras tendências. É difícil avaliar a dimensão dos investimentos realizados por conta da Copa e quais deixaram de ser feitos por este motivo", diz.
Na avaliação do DIW, os investimentos feitos durante os preparativos para o Mundial, de 2002 a 2005, corresponderam, no máximo, a uma fatia de 0,2% a 0,7% do Produto Interno Bruto alemão.
Os "vencedores econômicos" da Copa foram seus organizadores. O torneio rendeu 187 milhões de euros aos cofres da Fifa e 21 milhões de euros para a Federação Alemã de Futebol.
O setor de gastronomia também lucrou bastante com a Copa, mas sobre o comércio varejista a competição não teve qualquer efeito. A Alemanha recebeu mais turistas estrangeiros durante o Mundial do que em anos anteriores, mas seu número ficou aquém do esperado.
Os torcedores estrangeiros mantiveram a mão fechada. Na melhor das hipóteses, gastaram 500 milhões de euros no país anfitrião do Mundial, revela o estudo do DIW. O torneio também só gerou empregos temporários, por exemplo, na gastronomia.
Previsões mirabolantes
Neste ponto, os prognósticos eram mirabolantes. Peritos – alguns deles ligados aos patrocinadores da Copa – haviam previsto que o torneio teria um efeito econômico da ordem de 10 bilhões de euros e a geraria 10 mil empregos duradouros na Alemanha. "Quem espera lucrar, naturalmente tenta destacar o significado econômico do evento", diz Wagner.
Na opinião de Kurscheidt, as previsões otimistas dos alemães até foram modestas. "Antes Copa de 2002 no Japão e na Coréia do Sul, falou-se em números estratosféricos. Estados inteiros seriam saneados financeiramente com a competição".
Tanto os economistas do DIW quanto Kurscheidt haviam feito previsões bem mais moderadas do que outros peritos alemães. "Um mês de festa não pode garantir uma chuva de dinheiro para o ano inteiro", diz Kurscheidt.
Mas isso não significa que a Copa não trouxe qualquer efeito positivo para a Alemanha. "O mais importante num grande evento esportivo é a publicidade para o país. E nesse sentido tivemos sorte, com temperaturas como na Espanha, um clima como no Brasil e com a idéia das festas da torcida. O Mundial não poderia ter sido melhor", conclui.