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Rússia e Catar

2 de dezembro de 2010

A decisão da Fifa favorece dois países que ainda não receberam o torneio. Entretanto, jurista vê possibilidade de a decisão ser anulada devido à suspensão de dois dirigentes do Comitê Executivo da federação.

Joseph Blatter abre o envelope com o nome da RússiaFoto: AP

A Rússia e o Catar vão sediar as Copas do Mundo de 2018 e de 2022, respectivamente. As candidaturas dos dois países foram escolhidas pelo Comitê Executivo da Fifa e anunciadas pelo presidente da federação, Joseph Blatter, nesta quinta-feira (02/12) em Zurique, na Suíça. Os dois países sediarão o torneio pela primeira vez.

Concorriam com a Rússia as candidaturas de Espanha/Portugal, Inglaterra e Bélgica/Holanda. Para a Copa de 2022, foram preteridas as candidaturas dos Estados Unidos, da Austrália, da Coreia do Sul e do Japão.

Chama a atenção a diferença de tamanho entre os dois países escolhidos. No caso da Rússia, as grandes distâncias entre as cidades-sede são apontadas como um dos principais problemas dos organizadores, já que o sistema de transportes do país é precário. Dos 16 estádios previstos, 13 necessitam ser construídos ou completamente reformados. O custo estimado é de 3,82 bilhões de dólares.

Já no caso do Catar as distâncias não são um problema. O pequeno emirado terá 12 estádios distribuídos por sete cidades, sendo que cinco delas se encontram em um raio de 25 quilômetros. Lá o custo estimado com a construção de estádios é de 2,87 bilhões de dólares. Um dos principais problemas dos organizadores são as altas temperaturas, que podem chegar a 50ºC.

Escolha pode ser anulada

Teoricamente, a decisão desta quinta-feira pode ainda ser revertida, conforme o estatuto da própria Fifa. Este prevê que as sedes de Copas do Mundo sejam escolhidas pelos 24 membros do Comitê Executivo. No entanto, apenas 22 puderam votar. Devido a uma denúncia de venda de votos, dois integrantes – o nigeriano Amos Adamu e o taitiano Reynald Temarii – foram suspensos pela entidade, que comanda o futebol mundial.

Isso poderia levar os dois suspensos a entrar na Justiça para anular a votação, afirmam juristas. "É possível que a eleição seja impugnada. O Artigo 30 do estatuto da Fifa afirma claramente que o Comitê Executivo é composto por 24 membros. Se um deles for afastado, ele deve impreterivelmente ser substituído. Isso pode ser interpretado da seguinte forma: ao menos 24 membros devem ser convidados para que a eleição seja válida. Se o Tribunal Arbitral do Esporte for da mesma opinião, a eleição terá de ser refeita", afirmou o jurista Nicolas Rössler, especializado em direito esportivo, à agência de notícias alemã SID.

A advogada de Temarii, Geraldine Lisieur, ameaçou entrar na Justiça contra a decisão da Fifa em declaração ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung. "A Fifa corre o risco de os votos para a [escolha da] Copa ficarem sem efeito se seguirmos o procedimento jurídico e ao final o Tribunal Arbitral do Esporte anular a suspensão [de Temarii]", disse Lisieur.

AS/dpa/sid
Revisão: Rodrigo Rimon

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