Faltam poucos dias para o Mundial da Rússia, mas a empolgação entre os brasileiros ainda é comedida. O país do futebol é, no momento, também o da crise econômica, política e da desconfiança. Há clima para Copa?
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Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha nesta terça-feira (12/06) mostrou que 53% dos brasileiros não tinham interesse pela Copa do Mundo, em comparação à taxa de 18% registrada em 2009.
Diante do apelo histórico do evento no país, era de se esperar que a aproximação do pontapé inicial, nesta quinta-feira, acabasse por empolgar a população.
Porém, o que se observa nas ruas e conversas é, ao menos por enquanto, um surpreendente desânimo com o Mundial. No Rio, palco da final da última edição, ruas que são tradicionalmente enfeitadas para o torneio exibem pinturas desgastadas nos muros, feitas há quatro anos.
É na cidade que acontece a mais antiga e popular festa de rua para acompanhar os jogos do Brasil. O Alzirão, na Tijuca, Zona Norte, recebeu pelo menos 300 mil pessoas em 2014 e não iria acontecer neste ano pela falta de patrocinadores.
O imbróglio só foi resolvido na última sexta-feira (08/06), com a entrada em cena do governador Luiz Fernando Pezão. Ele ligou pessoalmente para o presidente da cervejaria Ambev e pediu os 500 mil reais necessários para o custeio da festa.
As explicações dos que manifestam indiferença com a Copa são diversas e, por vezes, complementares. Há quem enxergue no evento, por exemplo, uma oportunidade para que o governo Michel Temer crie um falso clima de otimismo.
"Eu costumava ficar empolgada com a Copa, mas não tem clima desta vez. A gente acabou de sair da crise dos caminhoneiros, e a população está mais ligada no governo tentando mascarar as principais necessidades”, diz a vendedora Andressa Santos, de 22 anos.
A opinião é compartilhada pelo produtor cultural Vinícius Wu, de 38 anos. "O governo vai usar a Copa para tentar mostrar uma normalidade institucional que não existe. A gente vê um desânimo generalizado”, comenta.
No último domingo (10/06), pesquisa divulgada pelo Datafolha revelou que a reprovação a Michel Temer subiu 12 pontos percentuais desde abril e chegou a 82%. Com isso, ele se tornou o presidente mais impopular da história.
A insatisfação com a política, refletida no desânimo com o Mundial, se estende à administração do futebol no Brasil, representada na figura da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
O ex-presidente da entidade José Maria Marin, de 86 anos, cumpre prisão em Nova York. Ele foi condenado pela Justiça dos EUA em dezembro do ano passado por integrar organização criminosa; três delitos de lavagem de dinheiro e outros dois de fraude em subornos envolvendo a cessão dos direitos de televisão e marketing de competições futebolísticas.
Seu sucessor, Marco Polo del Nero, foi banido para sempre do futebol pela Fifa em abril deste ano. A federação o considerou culpado em acusações que envolvem "suborno e corrupção”; "oferecer e aceitar presentes e outros benefícios” e "conflitos de interesse”.
Uniforme canarinho rejeitado
Para uma parte da população, a repulsa à CBF vai além da associação aos crimes praticados pelos "cartolas”. O tradicional uniforme canarinho passou a ser visto como um símbolo daqueles que foram às ruas pedir o impeachment de Dilma Rousseff entre 2015 e 2016.
"É impossível não associar uma coisa à outra. Para piorar, o Neymar, estrela da seleção, apoiou publicamente o Aécio Neves na campanha de 2014”, reclama Vinícius Wu.
Uma reportagem da revista Época desta semana mostra que o uniforme reserva do Brasil, na cor azul, esgotou em poucas semanas nas lojas da Nike, fornecedora de material esportivo da seleção.
Quem recorreu ao site da marca, por sua vez, teve que esperar a reposição de estoque. O bom resultado das vendas chama atenção especialmente pelo preço do produto, que varia de 249 a 449 reais.
No Saara, tradicional mercado popular do Centro do Rio onde são vendidas réplicas da camisa oficial e outros artigos com as cores da seleção, a situação era contrastante.
A maioria dos vendedores reclamava do desempenho das vendas. "O pessoal vem olhar, demonstra interesse, mas muda de ideia quando vê o preço”, comenta Damara Oliveira. O valor dos modelos variava entre 30 e 50 reais. "Mas tenho a esperança de que melhore durante a Copa”, diz.
"A venda nem se compara às outras Copas. O estoque só não encalhou porque a gente já percebia que não ia vender muito. Quem passa aqui comenta que tem a ver com tudo isso da política e o 7 a 1”, avalia Marcelo Domingues. "Sem falar que o povo está duro, né?”, acrescenta.
O somatório de três fatores leva a uma baixa empolgação antes da Copa: situação política; crise econômica, com 13,4 milhões de desempregados e alto endividamento das empresas, e o desencanto com a Seleção após a eliminação traumática em casa na última edição.
"Vou estar animado como? A situação do país é horrível, quase não tem jogadores que estejam na Seleção por amor à camisa e não está sobrando nem dinheiro para o churrasco”, sintetiza o porteiro Reinaldo Ferreira, de 36 anos.
O clima de apatia, contudo, não é regra, e há quem esteja contando as horas para o início da Copa na Rússia. "Estou muito animada. Eu não quero saber dos problemas, vivo a minha vida com alegria. Já marquei de ver a estreia do Brasil com a família no próximo domingo”, conta a gari Maria Cláudia, de 48 anos.
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15 jovens para ficar de olho na Copa 2018
O Mundial é o maior palco do futebol e, às vezes, promessas e atletas antes menos badalados despontam para o mundo – como um certo Pelé, em 1958. Confira 15 jogadores que podem chamar a atenção na Copa na Rússia.
Foto: AFP/Getty Images/P. Stollarz
Kylian Mbappé - França
Kylian Mbappé é o nome mais badalado e conhecido desta lista – e certamente já deixou de ser uma promessa. Mas vale lembrar que o atacante do Paris Saint-Germain terá apenas 19 anos durante a Copa do Mundo. Mbappé estreou pela Équipe Tricolore em março de 2017. Em 12 jogos, marcou três gols. Seu talento está avaliado em 120 milhões de euros.
Foto: picture-alliance/abaca/C. Liewig
Gabriel Jesus - Brasil
Um dos quatro convocados para a Copa do Mundo que estrearam pela seleção brasileira sob o comando de Tite, Gabriel Jesus tem tido uma carreira meteórica. O atacante do Manchester City estourou no Palmeiras em 2016, conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio e está avaliado em 70 milhões de euros. Nas Eliminatórias, Gabriel Jesus balançou as redes sete vezes.
Foto: Reuters/L. Foeger
Marcus Rashford - Inglaterra
Principal revelação do futebol inglês em anos, Marcos Rashford conquistou seu espaço no Manchester United e na seleção da Inglaterra. Quando estourou em 2016, ainda conciliava a escola com o futebol. Com Jamie Vardy, Raheem Sterling e Danny Welbeck a concorrência é parelha. Rashford terá 21 anos de idade durante o Mundial e está avaliado em 50 milhões de euros.
Foto: picture alliance/Citypress 24
André Silva - Portugal
Companheiro de ataque de Cristiano Ronaldo na seleção portuguesa e nomeado pelo próprio craque do Real Madrid como seu herdeiro na Seleção das Quinas, André Silva terá apenas 22 anos durante a Copa do Mundo. Contratado a peso de ouro pelo Milan, ainda não conseguiu despontar. Mas pelas Eliminatórias, André Silva marcou nove gols e ficou atrás somente de Cristiano Ronaldo (14).
Foto: picture-alliance/Offside/S. Stacpoole
Rodrigo Bentancur - Uruguai
Rodrigo Bentancur tem todas as qualidades para se tornar um maestro do meio-campo. Apesar de medir 1,87 metros, o meia defensivo de 20 anos da Juventus tem muita mobilidade, passada larga e exibe elegância nos passes. Os seis últimos jogos da seleção uruguaia foram justamente os únicos de Betancur com a camisa da Celeste – em cinco foi titular.
Foto: imago/Imaginechina
Kelechi Iheanacho - Nigéria
Kelechi Iheanacho tem apenas 21 anos e já jogou duas temporadas de Liga dos Campeões, conquistou a Copa da Liga Inglesa pelo Manchester City e foi campeão mundial sub-17, em 2013, onde foi vice-artilheiro e esolhido melhor jogador do torneio.
Pela seleção principal da Nigéria, o atacante do Leicester City soma oito gols em 15 partidas.
Fique de olho, Tite! Que os jogadores dos Bálcãs são bastante técnicos, não é nenhum segredo. Andrija Zivkovic não é de fazer gols, mas sua velocidade e técnica apurada causam muita dor de cabeça aos laterais adversários. Ele atua tanto como meia avançado ou pelas extremidades. Pelo Benfica, o jovem de 21 anos adquiriu experiência internacional e agora sonha dar o grande salto.
Foto: imago/A. Djorovic
Sardar Azmoun - Irã
Levando em contas as estatísticas, Sardar Azmoun tem números de estrela do futebol: são 20 gols em 30 jogos pela seleção iraniana. No entanto, é bem verdade que o Irã não enfrentou potências mundiais nem nas Eliminatórios nem em amistosos. Por outro lado, o jovem atacante de 23 anos estará em casa no Mundial. Azmoun atua pelo clube russo Rubin Kazan, cidade onde o Irã enfrentará a Espanha.
Foto: AFP/Getty Images/J. Klamar
Giovani Lo Celso - Argentina
Giovani Lo Celso ainda não é titular na seleção da Argentina. Mas o talentoso meio-campista canhoto de 22 anos regularmente tem mostrado seu potencial pelo Paris Saint-Germain – participou de 47 jogos na temporada. Lo Celso ainda carece de constância, mas a Copa do Mundo pode ser o trampolim necessário para se tornar um astro do futebol mundial. Por ora, ele está avaliado em 20 milhões de euros.
Foto: Getty Images/L. Griffiths
Hwang Hee-chan - Coreia do Sul
O atacante sul-coreano Hwang Hee-chan despontou no cenário europeu ao levar o RB Salzburg à semifinal da Liga Europa e ao título austríaco. Em 37 partidas, marcou 13 gols e deu quatro assistências. Avaliado em apenas 7,5 milhões de euros, o jovem de 22 anos certamente será acompanhado por muitos olheiros na Copa do Mundo.
Foto: AFP/Getty Images/A. Iwanczuk
Piotr Zielinski - Polônia
Com 24 anos durante a Copa do Mundo, o meio-campista Piotr Zielinski é o mais velho desta lista e, possivelmente, não pode ser considerado uma promessa. Há duas temporadas no Napoli, o meia ambidestro é uma das peças fundamentais no sucesso recente do clube italiano e da seleção polonesa. Ele não é de marcar muitos gols, mas é responsável em dar estabilidade no meio-campo.
Foto: imago/East News
Hirving Lozano - México
O atacante mexicano Hirving Lozano atua pelo campeão holandês PSV Eindhoven. No Campeonato Holandês marcou 17 gols em 29 partidas – pela seleção do México são sete em 26 participações. Embora seja destro, Lozano prefere jogar pela extrema esquerda. Atualmente, o jovem de 22 anos está avaliado em 22 milhões de euros.
Foto: AFP/Getty Images/F. J. Brown
Ousmane Dembélé - França
O Barcelona desembolsou 115 milhões de euros para tirar o atacante francês Ousmane Dembelé do Borussia Dortmund. Em meio a lesões e atos de indisciplina, Dembélé ainda não fez jus ao valor, mas seu talento é inquestionável. Tudo indica que ele estará 100% fisicamente na Copa do Mundo, quando terá 21 anos de idade.
Foto: Getty Images/A. Alcalde
Marco Asensio - Espanha
No Real Madrid, o canhoto Marco Asensio entra em campo geralmente quando os grandes nomes merengues são poupados. O ponta-esquerda tem 22 anos de idade. Pelo Real Madrid, Asensio já conquistou todos os títulos possíveis exceto a Copa do Rei. Em 2015, foi campeão europeu Sub-19 com a Espanha e eleito melhor jogador do torneio. Pela principal, porém, ainda não balançou as redes em 10 jogos.
Foto: imago/Alterphotos
Timo Werner - Alemanha
Timo Werner é considerado a grande promessa do futebol alemão. Até poucos meses atrás, o veloz atacante do RB Leipzig traçava uma evolução meteórica – pela Alemanha são sete gols em 12 jogos. Mas nos quatro amistosos contra potências (Inglaterra, França, Espanha e Brasil), Werner marcou apenas uma vez. Aos 22 anos, ele tem a responsabilidade de ser o centroavante titular da atual campeã mundial.