Coreia do Norte acusa Trump de implorar por guerra nuclear
11 de novembro de 2017
Em quebra de silêncio sobre visita do presidente dos EUA à Ásia, Pyongyang chama turnê de "belicista" e diz que líder negocia armas com países asiáticos. Regime promete acelerar os esforços para elevar potência nuclear.
Anúncio
Em meio à visita de Donald Trump à Ásia, a Coreia do Norte fez neste sábado (11/11) novas acusações contra o governo dos Estados Unidos, tachando a viagem do presidente americano de "belicista". Segundo Pyongyang, Trump está pedindo por uma guerra nuclear na península coreana.
"A viagem atual para nossa região se trata de uma visita belicista de confrontação com a República Democrática Popular da Coreia, na tentativa de remover nossa dissuasão nuclear de autodefesa", afirmou, em comunicado, um porta-voz do Ministério do Exterior norte-coreano.
É a primeira vez que a Coreia do Norte se pronuncia oficialmente sobre a turnê de Trump pela Ásia, que teve início na semana passada e inclui cinco países.
O texto, divulgado pela agência estatal KCNA, diz que a visita do líder americano à região não passa de uma "viagem de negócios" a fim de enriquecer a indústria armamentícia dos EUA. "Trump revelou sua verdadeira natureza como destruidor da paz e da estabilidade mundial durante a viagem, e implorou por uma guerra nuclear na península coreana."
Trump sobre Coreia do Norte: "Já deveria ter sido resolvido"
01:17
O porta-voz ainda acusa Trump de tentar demonizar a Coreia do Norte, mantê-la distante da comunidade internacional e prejudicar seu governo, liderado por Kim Jong-un.
Segundo o comunicado, em resposta às ameaças e declarações americanas, Pyongyang deve acelerar seus planos de aumentar seu potencial de combate nuclear.
"Comentários imprudentes de um velho lunático como Trump nunca nos assustará ou interromperá nosso avanço. Pelo contrário, tudo isso nos dá mais certeza de que a nossa escolha de promover uma construção econômica e ao mesmo tempo desenvolver nossa potência nuclear é mais do que justa. Isso nos impulsiona a acelerar os esforços para completar nossa força nuclear", diz o texto.
O presidente americano deu início a uma turnê de quase duas semanas pela Ásia na semana passada, tendo visitado Japão, Coreia do Sul e China. Ele se encontra em Danang, no Vietnã, para a conferência de cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), e depois segue para as Filipinas, última etapa da viagem.
As visitas ocorrem em meio à crescente preocupação regional com o desenvolvimento do programa nuclear e de mísseis da Coreia do Norte, colocando a questão no topo da agenda.
Em passagem por Seul na terça-feira passada, Trump declarou que Pyongyang representa uma "ameaça global que requer ação global" e convocou todas as nações responsáveis, incluindo China e Rússia, a "exigir que o regime norte-coreano encerre seu programa de armas e mísseis nucleares".
O presidente ainda alertou que os EUA estão prontos para utilizar toda sua capacidade militar para impedir que a Coreia do Norte se torne uma potência nuclear. "Esperamos, por Deus, que nunca tenhamos que fazê-lo", disse ele, em sua primeira visita presidencial à Coreia do Sul.
EK/afp/ap/dpa/rtr/ots
----------------
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App
Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.