Coreia do Norte anuncia produção em massa de míssil testado
22 de maio de 2017
Governo norte-coreano divulga estar pronto para implantar e iniciar produção em escala industrial de míssil de médio alcance. Dispositivo teria autonomia para atingir Japão e bases militares dos EUA na região.
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A Coreia do Norte confirmou nesta segunda-feira (22/05) ter testado com sucesso um míssil balístico de médio alcance que, segundo o regime, já pode ser produzido em escala industrial. O projétil seria capaz de atingir o Japão e bases americanas na região.
O governo norte-coreano afirmou que a medida é uma resposta às políticas do presidente americano, Donald Trump. Em viagem ao Oriente Médio, Trump não fez nenhum comentário público sobre o anúncio de Pyongyang.
O míssil Pukguksong-2 de combustível sólido voou cerca de 500 quilômetros e alcançou uma altura de 560 quilômetros, no domingo, antes de mergulhar no Oceano Pacífico. Foi o segundo teste de míssil em uma semana.
O ditador Kim Jong-un ordenou o lançamento e acompanhou pessoalmente a operação militar a partir de um posto de observação, informou a mídia estatal nesta segunda-feira (22/05). A agência central de notícias da Coreia disse que o teste verificou aspectos técnicos do sistema de armas e examinou sua "adaptabilidade sob várias condições de batalha" antes de ser implantado em unidades militares.
Kim afirmou que o lançamento foi um sucesso, "aprovou a implantação deste sistema de armas para a ação" e disse que deveria "ser rapidamente produzido em massa".
A Coreia do Norte acelerou significativamente seus testes de mísseis no ano passado e parece estar fazendo progressos tangíveis no desenvolvimento de um arsenal que represente uma ameaça não só para a Coreia do Sul e o Japão (que juntos hospedam cerca de 80 mil soldados americanos), mas que também pode alcançar o continente americano por meio de mísseis de longo alcance. E também segue com seu programa de armas nucleares.
A Coreia do Norte conduziu dois testes nucleares no ano passado. Pyongyang alegou que um era uma bomba de hidrogênio, e o outro dispositivo gerou uma explosão mais poderosa do que qualquer outra já executada pelo país. Imagens de satélite sugerem que a Coreia do Norte esteja pronta para realizar seu próximo teste nuclear – que seria o sexto – a qualquer momento. O objetivo frequentemente declarado por Pyongyang é aperfeiçoar uma ogiva nuclear capaz de atingir Washington ou outras cidades americanas.
Os meios de comunicação da Coreia do Norte intensificaram seus pedidos por mais lançamentos de mísseis por causa do que Pyongyang afirma ser uma política cada vez mais hostil do presidente dos EUA.
"O governo Trump deveria dar ouvidos às vozes de preocupação expressadas nos EUA e na comunidade internacional", escreveu o jornal norte-coreano Minju Joson, no domingo.
Em entrevista à emissora americana Fox News, o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, disse que o andamento de testes é "decepcionante" e "perturbador".
Depois do último teste, a Coreia do Sul realizou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, e seu Ministério das Relações Exteriores comunicou que o lançamento "jogou água fria" sobre os esforços de aliviar as tensões na península coreana.
A pedido de diplomatas de EUA, Japão e Coreia do Sul, o Conselho de Segurança das Nações Unidas realizará nesta terça-feira uma consulta sobre os testes de mísseis norte-coreanos.
PV/ap/ots
Qual o poder de fogo da Coreia do Norte?
Pyongyang prometeu responder a qualquer provocação militar após EUA sinalizarem disposição de agir contra o regime. Qual a real força desse Exército que desafia potências internacionais?
Foto: Reuters/S. Sagolj
Um dos maiores exércitos do mundo
Com 700 mil homens na ativa e outros 4,5 milhões na reserva, a Corea do Norte pode convocar a qualquer momento um quarto de sua população para a guerra. Todos os homens do país devem passar por algum tipo de treinamento militar e estar sempre disponíveis para pegar em armas. Estima-se que as tropas norte-coreanas tenham superioridade de 2 para 1 em relação à Coreia do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Um arsenal de respeito
Segundo o índice Global Firepower de 2016, o país possui 70 submarinos, 4,2 mil tanques, 458 aviões de combate e 572 aeronaves de outros tipos. Um arsenal bastante considerável. Esta imagem de 2013 mostra o líder Kim Jong-un ordenando que os mísseis do país estivessem prontos para atacar os EUA e a Coreia do Sul a qualquer momento.
Foto: picture-alliance/dpa
Poder balístico
Os mísseis aqui mostrados foram exibidos no desfile do dia 15 de abril de 2017, juntamente a outros que passaram sob o olhar do líder Kim Jong-un. Existe, porém, a suspeita de que muitos eram apenas maquetes para impressionar o mundo. Mesmo assim, a capacidade balística do país asiático não deve ser menosprezada.
Foto: Gettty Images/AFP/E. Jones
Coloridas e maciças demonstrações de força
Todos os anos, milhares de soldados e civis desfilam pelas ruas de Pyongyang em paradas militares. A maior destas, no chamado Dia do Sol, honra a memória de Kim Il-sung, patriarca do clã que governa o país desde sua fundação e avô de Kim Jong-un. Os preparativos para os desfiles espetaculares podem levar vários meses.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Testes nucleares
Apesar da pressão internacional, a Coreia do Norte não esconde suas ambições nucleares. Além dos testes com mísseis balísticos, Pyongyang realizou em cinco ocasiões os chamados ensaios nucleares, duas vezes apenas em 2016. O país sustenta que a última ogiva a ser testada pode ser lançada de um foguete, algo que especialistas consideram pouco provável. Ao menos até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Unidades femininas
Do contingente militar norte-coreano, 10% é composto por mulheres. Elas servem em unidades especiais diferenciadas e devem prestar serviços ao exército por até sete anos, segundo uma lei aprovada em 2003. É possível ver algumas delas patrulhando as ruas com sapatos de salto alto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Maye-E
Os inimigos de Pyongyang
Além dos EUA, a Coreia do Norte também considera como grandes inimigos a Coreia do Sul e o Japão. Pyongyang vê os exercícios militares americanos na Península da Coreia como uma ameaça à sua população, afirmando se tratar de uma preparação para uma iminente invasão de seu território.
Foto: Reuters/K. Hong-Ji
Preparação permanente
As Forças Armadas norte-coreanas treinam permanentemente em frentes distintas para estar prontas para o combate. O legado da Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países ainda unidos por um passado comum, é sentido até os dias de hoje. Na imagem, desembarque de embarcações anfíbias de unidades navais em local desconhecido na Coreia do Norte.
Foto: Reuters/KCNA
Fim da paciência americana?
Em abril de 2017, os Estados Unidos disseram ter enviado o porta-aviões Carl Vinson (foto) à Península da Coreia, sinalizando possíveis medidas contra Pyongyang. A Coreia do Norte afirmou estar pronta para qualquer tipo de guerra. Fontes de serviços de inteligência afirmam que os norte-coreanos estão a menos de dois anos de conseguir obter poder suficiente para lançar mísseis contra os EUA.