Coreia do Norte celebra com dança aniversário do fundador
15 de abril de 2022
Ao contrário de outras datas festivas, não houve um desfile ou testes de armas como demonstração de poderio militar. Festejos marcaram 110º aniversário do nascimento de Kim Il Sung.
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A Coreia do Norte celebrou nesta sexta-feira (15/04) seu feriado nacional mais importante, com um evento em massa marcando o 110º aniversário do nascimento de seu líder fundador, Kim Il Sung, que morreu em 1994. No entanto, ao contrário de outras datas festivas, não houve uma demonstração de poderio militar.
A televisão estatal mostrou imagens de milhares de pessoas dançando na praça central de Pyongyang – com os homens vestindo camisas brancas, calças pretas e gravatas e as mulheres, os tradicionais trajes coloridos do país. Todos usavam máscaras de proteção contra o coronavírus.
Um grande espetáculo de fogos de artifício encerrou o feriado, conhecido como "Dia do Sol". Não ficou claro se Kim Jong Un, o atual líder supremo e neto de Kim Il Sung, estava presente.
Os corpos de Kim Il Sung e de seu filho, Kim Jong Il, que morreu em 2011, estão embalsamados em um mausoléu de Pyongyang como parte do culto à personalidade em torno da dinastia. Os aniversários de Kim Il Sung são celebrados regularmente.
Na sexta-feira, moradores de Pyongyang se curvaram e colocaram buquês de flores perto das estátuas de bronze de Kim Il Sung e Kim Jong Il.
Sem desfiles militares
Observadores sul-coreanos previam que as comemorações seriam marcadas por mais testes de mísseis ou por um teste nuclear, em uma demonstração da força militar do país. No entanto, não houve sinais de testes de armas e nem de um grande desfile militar.
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Especula-se agora que o principal desfile militar de Pyongyang deva ser realizado este ano em 25 de abril, no aniversário da fundação do exército norte-coreano.
"Como os dois aniversários têm apenas 10 dias de diferença, parece um pouco difícil realizar um desfile em ambas as ocasiões", disse Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos da Coreia do Norte, em Seul.
Em aniversários anteriores, Pyongyang transmitiu imagens de desfiles militares na TV estatal muitas horas após a realização dos eventos, e não os sinalizou com antecedência nos jornais oficiais.
No final de março, a Coreia do Norte testou o que se acredita ser seu maior teste de um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) e o primeiro envolvendo uma poderosa arma deste tipo desde 2017, apontaram os governos do Japão e da Coreia do Sul. O teste desafia resoluções da ONU, que proíbe esse tipo de arma. O país está sujeito a sanções severas por causa de seu programa de armas nucleares.
O lançamento do final de março foi ao menos o 11º teste de míssil já conduzido pela Coreia do Norte neste ano – uma frequência sem precedentes – e marca o fim de uma moratória autoimposta de testes de longo alcance e nucleares.
le (AFP, AP, dpa)
Coreia do Norte nas lentes de um instagrammer
Apesar do destaque no noticiário internacional, nação asiática continua sendo uma das mais isoladas do mundo. Em várias visitas ao país, o instagrammer Pierre Depont tentou capturar a vida cotidiana dos norte-coreanos.
Foto: DW/P.Depont
Traços de normalidade
Apesar da imagem de reclusa, a Coreia do Norte convida estrangeiros a descobrirem suas atrações. Mas viajar como turista não significa passear livremente pelo país, pois guias especiais devem acompanhar cada passo do visitante. As restrições não desencorajaram o instagrammer britânico Pierre Depont, que visitou o país sete vezes, capturando traços de normalidade no cotidiano dos norte-coreanos.
Foto: DW/P. Depont
Capitalismo rastejante
Depont visitou a Coreia do Norte pela primeira vez em 2013 e, desde então, ele estuda as transformações no país autoritário. Nos últimos dois ou três anos, ele observou que “em Pyongyang, tornou-se aceitável exibir a própria riqueza”. Com uma classe média cada vez maior e um boom das construções, a capital norte-coreana parece estar desafiando sanções econômicas internacionais.
Foto: Pierre Depont
Estilo em Pyongyang
Estabelecer contato com pessoas comuns não é fácil na Coreia do Norte, segundo Depont. "Tive algumas conversas aleatórias com estranhos, sempre ouvidas por um dos guias.” De acordo com as experiências do instagrammer, a maioria dos norte-coreanos não gosta de ser fotografado. “As mulheres norte-coreanas estão definitivamente ficando mais estilosas. Mas só é possível notar isso nas cidades.”
Foto: DW/P. Depont
Urbano X rural
Esta estação de metrô em Pyongyang deslumbra passageiros com o que parecem ser paredes de mármore e candelabros. Para Depont, a Coreia do Norte é um lugar ideal para a fotografia. “Você não encontra nenhuma publicidade, nenhuma distração”, diz. Mas enquanto a capital, onde vive a elite, parece estar prosperando, outras partes do país permanecem assoladas pela pobreza.
Foto: Pierre Depont
Dificuldades ocultas
A Coreia do Norte continua sendo uma sociedade altamente militarizada e predominantemente agrícola. Turistas, no entanto, não conseguem ver muito das condições de vida da população rural. “Cada pedacinho de terra é cultivado, cada metro quadrado é usado”, conta Depont.
Foto: Pierre Depont
Abundância encenada?
Turistas interessados na vida fora das cidades norte-coreanas são levados em visitas guiadas a cooperativas agrícolas. Quando Depont visitou uma fazenda do tipo, próxima a Hamhung, segunda maior cidade do país, ela exibia uma pequena venda, com uma variedade de mercadorias ordenadamente expostas. Depont disse ter tido a impressão de que se tratava de um comércio de fachada, só para ser mostrado.
Foto: DW/P.Depont
Escolas de elite
Uma parada numa escola modelo é um ponto importante de muitos tours na Coreia do Norte. A colônia de férias internacional Songdowon foi reaberta em 2014 e recebeu a visita do atual líder do país, Kim Jong-un. “Há algo de irreal no lugar”, conta Depont. “As crianças brincam na sala de jogos, usando fliperamas e cerca de 20 computadores modernos.”
Foto: DW/P.Depont
Militarismo onipresente
O setor militar é fundamental para a identidade do país e para o sustento de sua sociedade. Cerca de um quarto da população trabalha como funcionário militar. Pyongyang tem um dos maiores orçamentos militares do mundo em relação à sua economia. Desde pequenos, os norte-coreanos crescem em meio a um imaginário militar. Depont se deparou com esse tanque em miniatura num playground perto de Hamhung.
Foto: Pierre Depont
Adoração ritualizada
Além do militarismo, o alto nível de controle político e o culto à personalidade de Kim Jong-un e seus predecessores são onipresentes. A adoração cotidiana ao líder supremo impressionou Depont. “Você vê a quantidade de dinheiro e esforço dedicados a sustentar a história dos grandes líderes e suas grandes estátuas.”