Coreia do Norte faz disparos em "alerta" à Coreia do Sul
19 de outubro de 2022
Pelo segundo dia consecutivo, Pyongyang lança projéteis de artilharia na fronteira marítima com país vizinho. Medida é resposta a exercícios militares de Seul em conjunto com forças americanas.
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A Coreia do Norte disparou nesta quarta-feira (19/10), pelo segundo dia consecutivo, projéteis de artilharia na fronteira marítima com a Coreia do Sul, em resposta aos exercícios militares anuais iniciados por Seul na segunda-feira, com a participação de forças americanas.
O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul afirmou, em comunicado, que o regime de Pyongyang disparou por volta das 12:30 (horário local) cerca de 100 projéteis na costa oeste, que caíram no mar.
O Estado-Maior Conjunto reiterou que os disparos são "uma clara violação" de um acordo militar de 2018, no qual os dois países se comprometeram a evitar manobras ou exercícios com fogo real em águas próximas às fronteiras marítimas. O objetivo do acordo, com a criação de zonas de segurança nos litorais leste e oeste dos países, é reduzir as tensões na Península.
Na terça-feira, a Coreia do Norte havia disparado cerca de 100 projéteis na costa oeste e 150 na costa leste.
Sobre os últimos disparos, Pyongyang que eles são um "sério alerta" à Coreia do Sul e uma resposta aos exercícios militares anuais iniciados por Seul.
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"Tiros ameaçadores e de advertência"
Os militares norte-coreanos acrescentaram, num comunicado divulgado horas depois dos disparos, terem ordenado às unidades no leste e oeste do país que disparassem "tiros ameaçadores e de advertência" em direção ao mar.
Um porta-voz do Estado-Maior da Coreia do Norte ressaltou que os disparos foram "uma poderosa contramedida militar" a exercícios militares do Sul junto à fronteira leste, considerados "uma provocação" por Pyongyang.
"A situação na península coreana está piorando devido às repetidas provocações militares dos inimigos na área avançada", sublinhou o comunicado norte-coreano. "Os inimigos devem parar imediatamente as provocações imprudentes e incitadoras que aumentam a tensão militar", acrescentou o texto.
Esta é a segunda vez que a Coreia do Norte dispara projéteis nas zonas de fronteira desde sexta-feira, quando disparou centenas de projéteis, em violação direta do acordo de 2018.
Na segunda-feira, as forças militares da Coreia do Sul iniciaram, junto com forças americanas, manobras militares, agendadas para durar 12 dias, visando aprimorar as capacidades operacionais de resposta a vários tipos de provocações norte-coreanas.
Desde que reiniciou atividades de testes, em 25 de setembro, a Coreia do Norte lançou 15 mísseis, incluindo um míssil balístico de alcance médio que sobrevoou o Japão e demonstrou capacidade de chegar ao território americano de Guam, no Pacífico, e além.
Especialistas internacionais avaliam que o líder norte-coreano Kim Jong-un estaria querendo utilizar seu arsenal ampliado de armas para pressionar os Estados Unidos e outros países a aceitar a Coreia do Norte como uma legítima potência nuclear, além de cancelar sanções econômicas ao país.
Os testes de artilharia de Pyongyang costumam chamar menos atenção internacional do que os testes de mísseis. Porém, a artilharia de longo alcance é considerada uma séria ameaça à capital sul-coreana, Seul, que fica entre 40 e 50 quilômetros da fronteira com a Coreia do Norte.
As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz.
md/rk (Lusa, Reuters, AP)
Coreia do Norte nas lentes de um instagrammer
Apesar do destaque no noticiário internacional, nação asiática continua sendo uma das mais isoladas do mundo. Em várias visitas ao país, o instagrammer Pierre Depont tentou capturar a vida cotidiana dos norte-coreanos.
Foto: DW/P.Depont
Traços de normalidade
Apesar da imagem de reclusa, a Coreia do Norte convida estrangeiros a descobrirem suas atrações. Mas viajar como turista não significa passear livremente pelo país, pois guias especiais devem acompanhar cada passo do visitante. As restrições não desencorajaram o instagrammer britânico Pierre Depont, que visitou o país sete vezes, capturando traços de normalidade no cotidiano dos norte-coreanos.
Foto: DW/P. Depont
Capitalismo rastejante
Depont visitou a Coreia do Norte pela primeira vez em 2013 e, desde então, ele estuda as transformações no país autoritário. Nos últimos dois ou três anos, ele observou que “em Pyongyang, tornou-se aceitável exibir a própria riqueza”. Com uma classe média cada vez maior e um boom das construções, a capital norte-coreana parece estar desafiando sanções econômicas internacionais.
Foto: Pierre Depont
Estilo em Pyongyang
Estabelecer contato com pessoas comuns não é fácil na Coreia do Norte, segundo Depont. "Tive algumas conversas aleatórias com estranhos, sempre ouvidas por um dos guias.” De acordo com as experiências do instagrammer, a maioria dos norte-coreanos não gosta de ser fotografado. “As mulheres norte-coreanas estão definitivamente ficando mais estilosas. Mas só é possível notar isso nas cidades.”
Foto: DW/P. Depont
Urbano X rural
Esta estação de metrô em Pyongyang deslumbra passageiros com o que parecem ser paredes de mármore e candelabros. Para Depont, a Coreia do Norte é um lugar ideal para a fotografia. “Você não encontra nenhuma publicidade, nenhuma distração”, diz. Mas enquanto a capital, onde vive a elite, parece estar prosperando, outras partes do país permanecem assoladas pela pobreza.
Foto: Pierre Depont
Dificuldades ocultas
A Coreia do Norte continua sendo uma sociedade altamente militarizada e predominantemente agrícola. Turistas, no entanto, não conseguem ver muito das condições de vida da população rural. “Cada pedacinho de terra é cultivado, cada metro quadrado é usado”, conta Depont.
Foto: Pierre Depont
Abundância encenada?
Turistas interessados na vida fora das cidades norte-coreanas são levados em visitas guiadas a cooperativas agrícolas. Quando Depont visitou uma fazenda do tipo, próxima a Hamhung, segunda maior cidade do país, ela exibia uma pequena venda, com uma variedade de mercadorias ordenadamente expostas. Depont disse ter tido a impressão de que se tratava de um comércio de fachada, só para ser mostrado.
Foto: DW/P.Depont
Escolas de elite
Uma parada numa escola modelo é um ponto importante de muitos tours na Coreia do Norte. A colônia de férias internacional Songdowon foi reaberta em 2014 e recebeu a visita do atual líder do país, Kim Jong-un. “Há algo de irreal no lugar”, conta Depont. “As crianças brincam na sala de jogos, usando fliperamas e cerca de 20 computadores modernos.”
Foto: DW/P.Depont
Militarismo onipresente
O setor militar é fundamental para a identidade do país e para o sustento de sua sociedade. Cerca de um quarto da população trabalha como funcionário militar. Pyongyang tem um dos maiores orçamentos militares do mundo em relação à sua economia. Desde pequenos, os norte-coreanos crescem em meio a um imaginário militar. Depont se deparou com esse tanque em miniatura num playground perto de Hamhung.
Foto: Pierre Depont
Adoração ritualizada
Além do militarismo, o alto nível de controle político e o culto à personalidade de Kim Jong-un e seus predecessores são onipresentes. A adoração cotidiana ao líder supremo impressionou Depont. “Você vê a quantidade de dinheiro e esforço dedicados a sustentar a história dos grandes líderes e suas grandes estátuas.”