Coreia do Norte diz ser vítima de terrorismo estatal
9 de maio de 2017
Após prender dois americanos, país comunica detenção de norte-coreano que teria sido agenciado por Estados Unidos e Coreia do Sul para assassinar o ditador Kim Jong-un.
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Depois de prender dois professores universitários americanos e expor o que seria um complô elaborado pela CIA para assassinar o ditador Kim Jong-un, a Coreia do Norte reivindicou ser vítima do terrorismo patrocinado pelo Estado – por parte da Casa Branca.
A mídia estatal do país comunicou a detenção de um homem que teria sido agenciado por EUA e Coreia do Sul para executar um ataque químico contra o líder norte-coreano. A acusação de Pyongyang ocorre em meio a considerações dos Estados Unidos de recolocar a Coreia do Norte em sua lista de patrocinadores do terror.
A detenção relatada de um "senhor Kim" – o homem norte-coreano supostamente no centro do plano de assassinato – é sombria. Segundo relatos da mídia estatal, ele é um morador de Pyongyang que foi "corrompido ideologicamente e subornado" pela CIA e pelo Serviço de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) enquanto trabalhava numa indústria de madeira na Sibéria em 2014. O extremo oriental russo é um dos poucos locais onde trabalhadores norte-coreanos são autorizados a trabalhar no exterior.
Um passeio por Pyongyang
01:35
O relato afirmou que Kim – seu nome completo não foi fornecido – foi convertido num "terrorista cheio de repugnância e vingança contra a liderança suprema" da Coreia do Norte e colaborou em um complicado plano para assassinar Kim Jong-un numa série de eventos, incluindo uma grande parada militar realizada no último mês.
A mídia estatal alegou que Kim esteve em contato frequente por meio de comunicações via satélite com os "demônios assassinos" do NIS e da CIA, que o instruíram a usar uma substância bioquímica que é de "know-how da CIA" e que os materiais seriam fornecidos pela Coreia do Sul.
No domingo, a mídia estatal norte-coreana anunciou que um homem de etnia coreana com cidadania americana foi "interceptado" há duas semanas por autoridades por atos hostis não especificados contra a Coreia do Norte. Ele foi identificado como Kim Hak-song, um funcionário da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang.
O incidente ocorreu poucos dias depois que a Coreia do Norte anunciou a detenção de um instrutor de contabilidade na mesma universidade, Kim Sang-dok, também cidadão americano, por "atos de hostilidade destinados a derrubar" o país. O local de trabalho de ambos é a única universidade privada na Coreia do Norte e tem um grande número de professores estrangeiros, incluindo americanos.
Quais conexões – caso haja alguma – as prisões têm com o alegado complô é desconhecido. Mas as detenções elevam para quatro o número de cidadãos americanos sob custódia na Coreia do Norte. "Obviamente, isso é preocupante", disse o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer. "Estamos bem conscientes disso e trabalharemos por meio da embaixada da Suécia, por meio de nosso Departamento de Estado, para buscar a libertação dos indivíduos." A Suécia lida com assuntos consulares dos EUA na Coreia do Norte, incluindo os dos detidos americanos.
Os outros detidos são Otto Warmbier, que cumpre uma pena de 15 anos de prisão com trabalhos forçados por supostos atos antiestatais – ele alegadamente tentou roubar um cartaz de propaganda em um hotel– e Kim Dong-chul, que cumpre pena de dez anos de prisão com trabalhos forçados por suposta espionagem.
PV/ap/ots
O que o regime mostra na Coreia do Norte
A DW viajou à Coreia do Norte para descobrir o que há por trás da propaganda. Saímos às ruas com o acompanhante disponibilizado pelo governo e registramos o que vimos - ou nos deixaram ver - em Pyongyang.
Foto: DW/A. Foncillas
Árvores floridas
Os prédios da capital norte-coreana estão pintados com cores vivas, dando um ar de alegria à cidade. A época da floração da cerejeira contribui para a variedade cromática. O número crescente de automóveis nas ruas faz concorrência às bicicletas.
Foto: DW/A. Foncillas
Brincando no parque
Os clichês do mundo ocidental em relação à Coreia do Norte nos fazem esquecer que, além da devoção fervorosa aos seus líderes, a população não é muito diferente da de outras latitudes. Na semana de comemorações do Dia do Sol, é comum ver crianças praticando esportes em parques.
Foto: DW/A. Foncillas
Líder aclamado
Performances de todos os tipos oferecidas por crianças são um elemento-chave do lazer no país. A aparição do ditador Kim Jong-un no telão gera aplausos na plateia.
Foto: DW/A. Foncillas
Kimjongília e kimilsúngia
O culto à personalidade atinge o cúmulo com a orquídea batizada kimilsungia e a begônia kimjongilia, nomes que homenageiam o pai e avô do atual ditador. Nesta exposição de flores, trabalhadores de diferentes ministérios e universidades trouxeram flores que cultivam em seu local de trabalho.
Foto: DW/A. Foncillas
"Um dos cortes permitidos, por favor!"
O catálogo de cortes nos salões de cabeleireiros em Pyongyang oferece os 20 penteados recomendados no país. Já a barba é feita de forma convencional, com espuma e lâmina.
Foto: DW/A. Foncillas
Diversão para os ricos
Na capital há um imenso complexo de lazer para a classe rica. Lá há três piscinas e muitos restaurantes, que oferecem cerveja, comidas típicas do país e o típico kimchi, prato similar ao chucrute.
Foto: DW/A. Foncillas
Consumo caro
Modestas reformas econômicas têm permitido a abertura de supermercados, onde se pode encontrar uísque escocês, eletrodomésticos japoneses e roupas americanas de marca. Não é incomum os clientes pagarem com dólares ou cartões de crédito.
Foto: DW/A. Foncillas
Os jovens
Muitos jovens norte-coreanos frequentam cafés de luxo como qualquer outro jovem de uma capital europeia. Isso só se podem permitir os filhos da elite vinculada ao comércio exterior e com acesso a divisas internacionais. A jovem da foto estudou Finanças na Índia e defende que, em Pyongyang, não faltam opções de lazer.
Foto: DW/A. Foncillas
Esporte popular
O vôlei é um dos esportes mais populares do país. Este ginásio oferece instalações de alto nível.
Foto: DW/A. Foncillas
Internet a preço de sorvete
No Centro de Divulgação Científica aberto recentemente em Pyongyang, as pessoas podem jogar videogame e se conectar à internet "pela metade do preço de um sorvete", disse o guia. A internet é limitada a sites norte-coreanos, sem acesso a páginas de fora do país.
Foto: DW/A. Foncillas
Guarda de trânsito
Os uniformes são onipresentes no país. O controle de tráfego é feito principalmente por mulheres jovens vestidas com minissaias e botas.
Foto: DW/A. Foncillas
À espera do desfile
O Exército norte-coreano tem 1,2 milhão de soldados para uma população de 25 milhões de pessoas. A maior parte dos escassos recursos do país é destinada aos militares. Na foto, o desfile militar do Dia do Sol, em homenagem ao fundador do país, Kim Il-sung.
Foto: DW/A. Foncillas
Sempre sorrindo
Meninas aprendendo música em uma academia. Na Coreia do Norte, é comum este tipo de escola, que, segundo o regime, valoriza especialmente talentos em disciplinas artísticas e esportivas.
Foto: DW/A. Foncillas
Luxo subterrâneo
O metrô de Pyongyang é o mais profundo do mundo e serve como refúgio em caso de ataque. O luxo desta estação contrasta com os trens antiquados. Os usuários podem aproveitar o tempo de espera informando-se sobre o mais recente míssil lançado.
Foto: DW/A. Foncillas
Arquitetura e militares
A arquitetura da capital é tanto tradicional quanto moderna. Os novos edifícios são octogonais, ovais ou tem qualquer outra forma ousada. Eles se assemelham a um livro invertido se ali vivem acadêmicos, ou parecem uma tomada, se se destinam a cientistas.
Foto: DW/A. Foncillas
Meninos e futebol
Meninos jogam futebol em uma escola de órfãos na capital. Os responsáveis por eles garantem que as crianças ingerem 3.500 calorias por dia, mais do que necessita um esportista de elite em qualquer país do mundo.
Foto: DW/A. Foncillas
Propaganda por todo lugar
Cartazes de propaganda são comuns nas ruas de Pyongyang. Eles ressaltam a força do Exército, a necessidade de uma pátria unida contra o inimigo externo, dos trabalhadores como a base de um sistema ideológico que só existe aqui: a ideologia Juche.
Foto: DW/A. Foncillas
Passos firmes
Desfiles militares são atividades recorrentes no calendário da Coreia do Norte. O objetivo do governo é mostrar Forças Armadas bem equipadas, que agem com marcialidade.