Coreia do Norte diz ter colocado em órbita satélite espião
21 de novembro de 2023
De acordo com Inteligência da Coreia do Sul, regime do norte contou com ajuda técnica da Rússia no lançamento, em cooperação que envolve envio de armamentos a Moscou.
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A Coreia do Sul disse nesta terça-feira (21/11) que a Coreia do Norte disparou "o que afirma ser um satélite de vigilância militar na direção sul".
A agência de notícias norte-coreana KCNA confirmou a informação, destacando que o líder do país, Kim Jong-un, supervisionou o lançamento do foguete que "colocou com precisão o satélite de reconhecimento Malligyong-1 em sua órbita". Segundo a KCNA, outros satélites devem ser lançados em um futuro próximo.
Estados Unidos e o Japão condenaram veementemente o lançamento, classificando-o como uma "violação descarada" das sanções da ONU que poderia desestabilizar a região.
Essa foi a terceira tentativa de Pyongyang de colocar um satélite espião em órbita – as duas anteriores, em maio e agosto, falharam.
Por enquanto, nem Seul, nem Tóquio puderam verificar se o lançamento do míssil resultou na colocação de um satélite em órbita.
Ajuda da Rússia
No início do mês, Seul havia alertado que a próxima investida de Pyongyang em lançar um satélite espião poderia ser bem-sucedida, já que a Coreia do Norte parecia ter recebido aconselhamento técnico da Rússia, em troca do envio de pelo menos 10 carregamentos de armas para a guerra de Moscou contra a Ucrânia.
Em setembro, em uma rara viagem ao exterior, Kim Jong-un esteve na Rússia e visitou um moderno centro de lançamento espacial, onde o presidente russo, Vladimir Putin, disse que ajudaria Pyongyang na construção de satélites.
Os planos de satélite da Coreia do Norte
A Coreia do Norte conduziu um número recorde de testes de armas este ano. Mas colocar com sucesso um satélite espião em órbita poderia melhorar sua capacidade de recolher informações, especialmente sobre a Coreia do Sul, e fornecer dados cruciais em qualquer conflito militar, dizem os especialistas.
No passado, a Coreia do Norte afirma ter lançado satélites de "observação", dois dos quais pareciam ter alcançado a órbita com sucesso, incluindo um em 2016. No entanto, autoridades sul-coreanas levantaram dúvidas sobre se esses equipamentos estão mesmo transmitindo sinas.
Pyongyang está impedida por resoluções da ONU de realizar testes que envolvam tecnologia balística e, dada a similaridade, por consequência, de fazer lançamentos espaciais.
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Japão pede para moradores buscarem abrigo
Mais cedo nesta terça-feira, a Coreia do Norte notificou o Japão de que planejava lançar um foguete transportando um satélite militar na direção do Mar Amarelo e do Mar da China Oriental em algum momento entre 22 de novembro e 1º de dezembro.
O lançamento, porém, ocorreu antes do informado e o governo japonês instou imediatamente os residentes da região sul de Okinawa a se abrigarem.
No entanto, o alerta, lançado tarde da noite, foi cancelado logo em seguida, depois que as autoridades afirmaram que o projétil havia "passado para o Pacífico".
"Já fizemos um forte protesto contra a Coreia do Norte e condenamos [o lançamento] nos termos mais fortes possíveis", disse o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
"Mesmo que chamem satélite, o lançamento de um item que utiliza tecnologia de mísseis balísticos é claramente uma violação das resoluções relevantes das Nações Unidas", acrescentou.
Reação da Coreia do Sul
Em resposta ao lançamento desta terça, o gabinete do presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, sugeriu que consideraria suspender um acordo militar destinado a diminuir as tensões na península.
De acordo com Choi Gi-il, professor de estudos militares na Universidade Sangji em Wonju, o fato de o lançamento ter ocorrido horas antes da janela de tempo declarada pela Coreia do Norte sublinha duas coisas: "A confiança de Pyongyang no sucesso e a intenção de maximizar o fator surpresa para o mundo exterior",
O lançamento também coincide com a chegada do porta-aviões americano Carl Vinson ao porto sul-coreano de Busan. A embarcação foi enviada para aumentar a preparação contra ameaças de mísseis de Pyongyang.
Washington também criticou a relação da Coreia do Norte com a Rússia. No começo do mês, secretário de Estado americano, Antony Blinken, alertou que os laços militares entre os dois países eram "crescentes e perigosos".
le (AFP, Reuters)
Guerra da Coreia, 70 anos depois
Combates na península coreana duraram mais de três anos. De um lado, o sul, apoiado pela ONU. Do outro, o norte, reforçado por China e URSS. Guerra acabou em 1953, com milhões de mortos e a divisão das Coreias cimentada.
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Fronteira da Guerra Fria
Em 27 de julho de 1950, as tropas da comunista Coreia do Norte atravessam o Paralelo 38, iniciando uma verdadeira campanha de ocupação. Em poucos dias, praticamente todo o país estava sob seu controle. É o início de uma guerra que durará 37 meses, custando 4,5 milhões de vidas humanas, segundo certas estimativas.
Foto: AFP/Getty Images
Antecedentes
Depois de ser ocupada pelo Japão de 1910 a 1945, a Coreia estava dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O território acima do 38º paralelo norte ficou sob controle soviético, o do sul, na mão dos EUA. Em agosto de 1948, Seul proclama a República da Coreia. Em reação, o general Kim Il-sung cria no norte a República Popular Democrática da Coreia, em 9 de setembro do mesmo ano.
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Reforço da ONU
Seguindo o avanço dos norte-coreanos sobre o Paralelo 38, a partir de julho de 1950 as Nações Unidas decidem dar apoio militar à Coreia do Sul, por pressão dos EUA. São enviados para a península 40 mil soldados de mais de 20 países, entre os quais 36 mil norte-americanos. A sorte parece ter virado: logo os Aliados conseguem ocupar quase todo o país.
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Codinome Operação Chromite
Em 15 de setembro de 1950, tropas ocidentais sob o comando do general Douglas MacArthur desembarcam perto da cidade portuária de Incheon, no sudoeste, capturando uma base central de suporte do Norte. Pouco depois, Seul está novamente na mão dos Aliados, que em outubro também ocupam Pyongyang. O fim da guerra parece próximo. Mas aí a China envia tropas de apoio aos norte-coreanos.
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Ajuda de Mao
Em meados de outubro iniciava-se a intervenção chinesa. De início, a ajuda parte apenas de unidades de pequeno porte. No final do mês ocorre a primeira mobilização em grande escala na Coreia do Norte do "exército de voluntários" de Mao. Em 5 de dezembro, Pyongyang – única capital comunista ocupada por tropas ocidentais durante a Guerra Fria – está novamente nas mãos de norte-coreanos e chineses.
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Pró e contra a bomba atômica
Em janeiro de 1951 começa uma grande ofensiva da Coreia do Norte, com apoio chinês. Cerca de 400 mil chineses e 100 mil norte-coreanos forçam as tropas aliadas a recuar fortemente. Em abril, o general MacArthur é destituído de seu posto, depois que o presidente Harry Truman lhe ordenara usar bombas atômicas contra a China. Seu sucessor é o general Matthew B. Ridgway.
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Guerra de exaustão
Em meados de 1951, mais ou menos na altura da linha de demarcação que separava o Norte e o Sul antes da guerra, as forças oponentes chegam a um impasse. A partir daí, começa uma encarniçada guerra de exaustão, que durará até o fim das operações de combate, dois anos mais tarde – embora as negociações de paz já tivessem sido iniciadas em julho de 1951.
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Batalha de ideologias
O conflito entre as Coreias é considerado a primeira "guerra por procuração" entre o Ocidente capitalista e o Oriente comunista. A maior parte dos soldados lutando nas tropas da ONU vinha dos Estados Unidos. No lado oposto, os norte-coreanos contaram com o reforço de centenas de milhares de chineses e russos.
Foto: AFP/Getty Images
Coreia do Norte em ruínas
Desde o início, foi uma guerra de ataques aéreos e bombardeios. Durante os três anos de combates, as forças aéreas das Nações Unidas realizaram mais de 1 milhão de operações. Ao todo, os americanos lançaram cerca de 450 mil toneladas de bombas, inclusive de napalm, sobre a Coreia do Norte. A destruição foi extensa: ao fim da guerra, quase todas grandes cidades estavam arrasadas.
Foto: AFP/Getty Images
Estimativas conflitantes
Quando, em 1953, as tropas aliadas se retiram da península coreana, o saldo é de milhões de mortos. Os dados sobre o número de soldados caídos são conflitantes. Calcula-se que morreram cerca de meio milhão de militares coreanos, assim como 400 mil chineses. Os Aliados registram 40 mil vítimas, 90% delas americanos.
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Troca de prisioneiros
Ainda durante os combates, de meados de maio a início de abril de 1953, ocorreu a primeira troca de presos entre os dois lados. Até o fim do ano, mais detentos seriam repatriados. A ONU devolveu mais de 75 mil norte-coreanos e quase 6.700 chineses. O outro lado soltou 13.500 pessoas, entre as quais 8.300 sul-coreanos e 3.700 soldados dos EUA.
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Cessar-fogo
Após mais de dois anos, as negociações de cessar-fogo iniciadas em 10 de julho de 1951 culminam no Armistício de Panmunjom. A divisão da península está sedimentada: o 38º paralelo norte é definido com fronteira entre as Coreias do Norte e do Sul. Mas como um tratado de paz nunca foi assinado, do ponto de vista do direito internacional os dois países se encontram até hoje em estado de guerra.
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Terra de ninguém
O idílio na cidade fronteiriça de Panmunjom é enganoso. Até hoje, a fronteira ao longo do Paralelo 38 é a mais rigorosamente vigiada do mundo. Ao longo da linha estipulada no acordo de armistício de 1953, o Norte e o Sul são separados por uma zona desmilitarizada de cerca de 250 quilômetros de extensão e 4 quilômetros de largura. Aqui, soldados de ambos os lados se defrontam diariamente.