Coreia do Norte diz ter testado armas nucleares submarinas
19 de janeiro de 2024
Divulgação ocorre em meio a ostensivos exercícios navais conjuntos entre EUA, Coreia do Sul e Japão. Casa Branca expressa preocupação de que Pyongyang possa estar recebendo tecnologia nuclear russa.
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A Coreia do Norte afirmou nesta sexta-feira (19/01) ter realizado testes de um sistema subaquático de armas nucleares.
Segundo a agência estatal KCNA, o teste do sistema de drones Haeil-5-23 foi realizado na costa leste do país. A data da realização dos testes, no entanto, não foi especificada.
A informação não pôde ser verificada de forma independente, mas analistas levantaram dúvidas sobre Pyongyang possuir tais armas.
Resposta a exercícios militares na região
De acordo com a mídia estatal do país, o sistema Haeil (tsunami em coreano) foi projetado para executar ataques surpresa contra portos importantes e frotas navais, criando uma grande onda radioativa a partir de uma explosão subaquática. Os primeiros testes do sistema teriam ocorrido em março de 2023.
"A postura de combate subaquática baseada em armas nucleares do nosso exército está sendo aprimorada e suas várias ações de resposta marítimas e subaquáticas continuarão dissuadindo as manobras militares hostis das marinhas dos EUA e seus aliados", disse em comunicado o Ministério da Defesa norte-coreano.
A divulgação dos testes ocorreu num momento em que EUA, Coreia do Sul e Japão estão conduzindo o que foi considerado o maior exercício naval conjunto já realizado na região, numa demonstração de força contra a Coreia do Norte.
Os exercícios ocorreram nas águas da ilha de Jeju, na Coreia do Sul, e envolveram um porta-aviões dos EUA.
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Parceria com Moscou
Também nesta sexta-feira, a KCNA comunicou o retorno do ministro das Relações Exteriores, Choe Son Hui, e de uma delegação governamental após uma visita oficial ao presidente russo, Vladimir Putin.
No início da semana, a agência já havia informado que Choe e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, discutiram uma "cooperação estratégica e tática", juntamente com a implementação de um acordo para estreitar laços após negociações realizadas em setembro.
Os EUA, por sua vez, expressaram preocupação com relatos de que a Coreia do Norte estaria fornecendo armas à Rússia na guerra de agressão contra a Ucrânia em troca de tecnologia nuclear russa para satisfazer as ambições nucleares de Pyongyang.
Ameaça representada pela Coreia do Norte "pode mudar drasticamente"
Na quinta-feira, o diretor sênior de controle de armas da Casa Branca, Pranayu Vaddi, disse que a ameaça à segurança apresentada por Pyongyang poderia mudar "drasticamente" nos próximos anos como resultado da cooperação com Moscou.
"O que estamos vendo entre a Rússia e a Coreia do Norte é um nível de cooperação sem precedentes na esfera militar", disse Vaddi ao Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington.
"E digo sem precedentes propositadamente – nunca vimos isso antes." "Penso que a natureza da Coreia do Norte como ameaça na região poderá mudar drasticamente na próxima década como resultado desta cooperação", disse Vaddi.
ip/bl (Reuters, AP)
Guerra da Coreia, 70 anos depois
Combates na península coreana duraram mais de três anos. De um lado, o sul, apoiado pela ONU. Do outro, o norte, reforçado por China e URSS. Guerra acabou em 1953, com milhões de mortos e a divisão das Coreias cimentada.
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Fronteira da Guerra Fria
Em 27 de julho de 1950, as tropas da comunista Coreia do Norte atravessam o Paralelo 38, iniciando uma verdadeira campanha de ocupação. Em poucos dias, praticamente todo o país estava sob seu controle. É o início de uma guerra que durará 37 meses, custando 4,5 milhões de vidas humanas, segundo certas estimativas.
Foto: AFP/Getty Images
Antecedentes
Depois de ser ocupada pelo Japão de 1910 a 1945, a Coreia estava dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O território acima do 38º paralelo norte ficou sob controle soviético, o do sul, na mão dos EUA. Em agosto de 1948, Seul proclama a República da Coreia. Em reação, o general Kim Il-sung cria no norte a República Popular Democrática da Coreia, em 9 de setembro do mesmo ano.
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Reforço da ONU
Seguindo o avanço dos norte-coreanos sobre o Paralelo 38, a partir de julho de 1950 as Nações Unidas decidem dar apoio militar à Coreia do Sul, por pressão dos EUA. São enviados para a península 40 mil soldados de mais de 20 países, entre os quais 36 mil norte-americanos. A sorte parece ter virado: logo os Aliados conseguem ocupar quase todo o país.
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Codinome Operação Chromite
Em 15 de setembro de 1950, tropas ocidentais sob o comando do general Douglas MacArthur desembarcam perto da cidade portuária de Incheon, no sudoeste, capturando uma base central de suporte do Norte. Pouco depois, Seul está novamente na mão dos Aliados, que em outubro também ocupam Pyongyang. O fim da guerra parece próximo. Mas aí a China envia tropas de apoio aos norte-coreanos.
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Ajuda de Mao
Em meados de outubro iniciava-se a intervenção chinesa. De início, a ajuda parte apenas de unidades de pequeno porte. No final do mês ocorre a primeira mobilização em grande escala na Coreia do Norte do "exército de voluntários" de Mao. Em 5 de dezembro, Pyongyang – única capital comunista ocupada por tropas ocidentais durante a Guerra Fria – está novamente nas mãos de norte-coreanos e chineses.
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Pró e contra a bomba atômica
Em janeiro de 1951 começa uma grande ofensiva da Coreia do Norte, com apoio chinês. Cerca de 400 mil chineses e 100 mil norte-coreanos forçam as tropas aliadas a recuar fortemente. Em abril, o general MacArthur é destituído de seu posto, depois que o presidente Harry Truman lhe ordenara usar bombas atômicas contra a China. Seu sucessor é o general Matthew B. Ridgway.
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Guerra de exaustão
Em meados de 1951, mais ou menos na altura da linha de demarcação que separava o Norte e o Sul antes da guerra, as forças oponentes chegam a um impasse. A partir daí, começa uma encarniçada guerra de exaustão, que durará até o fim das operações de combate, dois anos mais tarde – embora as negociações de paz já tivessem sido iniciadas em julho de 1951.
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Batalha de ideologias
O conflito entre as Coreias é considerado a primeira "guerra por procuração" entre o Ocidente capitalista e o Oriente comunista. A maior parte dos soldados lutando nas tropas da ONU vinha dos Estados Unidos. No lado oposto, os norte-coreanos contaram com o reforço de centenas de milhares de chineses e russos.
Foto: AFP/Getty Images
Coreia do Norte em ruínas
Desde o início, foi uma guerra de ataques aéreos e bombardeios. Durante os três anos de combates, as forças aéreas das Nações Unidas realizaram mais de 1 milhão de operações. Ao todo, os americanos lançaram cerca de 450 mil toneladas de bombas, inclusive de napalm, sobre a Coreia do Norte. A destruição foi extensa: ao fim da guerra, quase todas grandes cidades estavam arrasadas.
Foto: AFP/Getty Images
Estimativas conflitantes
Quando, em 1953, as tropas aliadas se retiram da península coreana, o saldo é de milhões de mortos. Os dados sobre o número de soldados caídos são conflitantes. Calcula-se que morreram cerca de meio milhão de militares coreanos, assim como 400 mil chineses. Os Aliados registram 40 mil vítimas, 90% delas americanos.
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Troca de prisioneiros
Ainda durante os combates, de meados de maio a início de abril de 1953, ocorreu a primeira troca de presos entre os dois lados. Até o fim do ano, mais detentos seriam repatriados. A ONU devolveu mais de 75 mil norte-coreanos e quase 6.700 chineses. O outro lado soltou 13.500 pessoas, entre as quais 8.300 sul-coreanos e 3.700 soldados dos EUA.
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Cessar-fogo
Após mais de dois anos, as negociações de cessar-fogo iniciadas em 10 de julho de 1951 culminam no Armistício de Panmunjom. A divisão da península está sedimentada: o 38º paralelo norte é definido com fronteira entre as Coreias do Norte e do Sul. Mas como um tratado de paz nunca foi assinado, do ponto de vista do direito internacional os dois países se encontram até hoje em estado de guerra.
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Terra de ninguém
O idílio na cidade fronteiriça de Panmunjom é enganoso. Até hoje, a fronteira ao longo do Paralelo 38 é a mais rigorosamente vigiada do mundo. Ao longo da linha estipulada no acordo de armistício de 1953, o Norte e o Sul são separados por uma zona desmilitarizada de cerca de 250 quilômetros de extensão e 4 quilômetros de largura. Aqui, soldados de ambos os lados se defrontam diariamente.