Coreia do Sul denuncia teste de projétil terra-ar e interferência em sinal de GPS. Ações ocorrem em meio a reuniões entre Obama e presidentes de Japão, Coreia do Sul e China sobre a questão nuclear.
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A Coreia do Sul acusou nesta sexta-feira (01/04) a Coreia do Norte de disparar um míssil terra-ar e interferir em seus em sinais de GPS, um dia após o presidente dos EUA se reunir em Washington com seus colegas de Japão, Coreia do Sul e China para discutir a ameaça nuclear de Pyongyang.
A Coreia do Norte teria lançado o que os militares sul-coreanos afirmaram ser um míssil terra-ar na costa leste da península. O míssil voou cerca de 100 quilômetros antes de cair no mar, segundo a agência sul-coreana Yonhap.
O lançamento é o mais recente de uma série de testes de armamentos realizados por Pyongyang, em uma aparente resposta a exercícios militares conjuntos realizados por EUA e Coreia do Sul. A Coreia do Norte considera as manobras um ensaio de invasão.
Os exercícios, planejados para ocorrerem até o final de abril, são os maiores já realizados pelos dois países na região, tendo sido agendados após um teste nuclear e um de foguete de longo alcance feitos pela Coreia do Norte no início do ano.
Em Washington, o presidente Barack Obama se encontrou na quinta-feira com a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e se comprometeu a aumentar a pressão sobre a Coreia do Norte em reação a seus recentes testes nuclear e de mísseis.
Reunindo-se nos bastidores da Cúpula de Segurança Nuclear, os três líderes renovaram o compromisso com a segurança de seus respectivos países e alertaram que podem adotar novas medidas para se contrapor às ameaças de Pyongyang.
Obama também conversou com o presidente chinês, Xi Jinping, e ambos pediram que a Coreia do Norte desista de suas armas nucleares. A China também concordou em implementar na íntegra as últimas restrições econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da ONU contra Pyongyang.
Na terça-feira, a Coreia do Norte disparou um míssil de curto alcance que caiu em terra no nordeste do país, de acordo autoridades de defesa sul-coreanas. O lançamento levou a especulações da mídia na Coreia do Sul de que Pyongyang pode ter usado um alvo em terra para testar a precisão de suas armas.
Também nesta sexta-feira, a Coreia do Sul responsabilizou a Coreia do Norte por interferir nos seus sinais de GPS, chamando a medida de uma provocação. Não houve relatos de interrupções significativas no aparato militar sul-coreano. Meios de comunicação informaram que alguns barcos de pesca sofreram problemas em seus sistemas de navegação.
O sinal de interferência, que também foi detectado na quinta-feira, afetou 58 aviões e 52 barcos sul-coreanos, segundo a agência Yonhap, citando o Ministério das Comunicações sul-coreano. A primeira anomalia foi observada no início de março, quando dois aviões relataram o bloqueio, mas não interromperam seus voos.
"Se a interferência no sinal de GPS causar danos reais aos aviões ou navios da Coreia do Sul, vamos fazer o Norte pagar o preço devido", avisou o porta-voz do ministério, Lua Sang-gyun.
MD/dpa/ap/rtr
Guerra da Coreia, 70 anos depois
Combates na península coreana duraram mais de três anos. De um lado, o sul, apoiado pela ONU. Do outro, o norte, reforçado por China e URSS. Guerra acabou em 1953, com milhões de mortos e a divisão das Coreias cimentada.
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Fronteira da Guerra Fria
Em 27 de julho de 1950, as tropas da comunista Coreia do Norte atravessam o Paralelo 38, iniciando uma verdadeira campanha de ocupação. Em poucos dias, praticamente todo o país estava sob seu controle. É o início de uma guerra que durará 37 meses, custando 4,5 milhões de vidas humanas, segundo certas estimativas.
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Antecedentes
Depois de ser ocupada pelo Japão de 1910 a 1945, a Coreia estava dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O território acima do 38º paralelo norte ficou sob controle soviético, o do sul, na mão dos EUA. Em agosto de 1948, Seul proclama a República da Coreia. Em reação, o general Kim Il-sung cria no norte a República Popular Democrática da Coreia, em 9 de setembro do mesmo ano.
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Reforço da ONU
Seguindo o avanço dos norte-coreanos sobre o Paralelo 38, a partir de julho de 1950 as Nações Unidas decidem dar apoio militar à Coreia do Sul, por pressão dos EUA. São enviados para a península 40 mil soldados de mais de 20 países, entre os quais 36 mil norte-americanos. A sorte parece ter virado: logo os Aliados conseguem ocupar quase todo o país.
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Codinome Operação Chromite
Em 15 de setembro de 1950, tropas ocidentais sob o comando do general Douglas MacArthur desembarcam perto da cidade portuária de Incheon, no sudoeste, capturando uma base central de suporte do Norte. Pouco depois, Seul está novamente na mão dos Aliados, que em outubro também ocupam Pyongyang. O fim da guerra parece próximo. Mas aí a China envia tropas de apoio aos norte-coreanos.
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Ajuda de Mao
Em meados de outubro iniciava-se a intervenção chinesa. De início, a ajuda parte apenas de unidades de pequeno porte. No final do mês ocorre a primeira mobilização em grande escala na Coreia do Norte do "exército de voluntários" de Mao. Em 5 de dezembro, Pyongyang – única capital comunista ocupada por tropas ocidentais durante a Guerra Fria – está novamente nas mãos de norte-coreanos e chineses.
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Pró e contra a bomba atômica
Em janeiro de 1951 começa uma grande ofensiva da Coreia do Norte, com apoio chinês. Cerca de 400 mil chineses e 100 mil norte-coreanos forçam as tropas aliadas a recuar fortemente. Em abril, o general MacArthur é destituído de seu posto, depois que o presidente Harry Truman lhe ordenara usar bombas atômicas contra a China. Seu sucessor é o general Matthew B. Ridgway.
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Guerra de exaustão
Em meados de 1951, mais ou menos na altura da linha de demarcação que separava o Norte e o Sul antes da guerra, as forças oponentes chegam a um impasse. A partir daí, começa uma encarniçada guerra de exaustão, que durará até o fim das operações de combate, dois anos mais tarde – embora as negociações de paz já tivessem sido iniciadas em julho de 1951.
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Batalha de ideologias
O conflito entre as Coreias é considerado a primeira "guerra por procuração" entre o Ocidente capitalista e o Oriente comunista. A maior parte dos soldados lutando nas tropas da ONU vinha dos Estados Unidos. No lado oposto, os norte-coreanos contaram com o reforço de centenas de milhares de chineses e russos.
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Coreia do Norte em ruínas
Desde o início, foi uma guerra de ataques aéreos e bombardeios. Durante os três anos de combates, as forças aéreas das Nações Unidas realizaram mais de 1 milhão de operações. Ao todo, os americanos lançaram cerca de 450 mil toneladas de bombas, inclusive de napalm, sobre a Coreia do Norte. A destruição foi extensa: ao fim da guerra, quase todas grandes cidades estavam arrasadas.
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Estimativas conflitantes
Quando, em 1953, as tropas aliadas se retiram da península coreana, o saldo é de milhões de mortos. Os dados sobre o número de soldados caídos são conflitantes. Calcula-se que morreram cerca de meio milhão de militares coreanos, assim como 400 mil chineses. Os Aliados registram 40 mil vítimas, 90% delas americanos.
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Troca de prisioneiros
Ainda durante os combates, de meados de maio a início de abril de 1953, ocorreu a primeira troca de presos entre os dois lados. Até o fim do ano, mais detentos seriam repatriados. A ONU devolveu mais de 75 mil norte-coreanos e quase 6.700 chineses. O outro lado soltou 13.500 pessoas, entre as quais 8.300 sul-coreanos e 3.700 soldados dos EUA.
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Cessar-fogo
Após mais de dois anos, as negociações de cessar-fogo iniciadas em 10 de julho de 1951 culminam no Armistício de Panmunjom. A divisão da península está sedimentada: o 38º paralelo norte é definido com fronteira entre as Coreias do Norte e do Sul. Mas como um tratado de paz nunca foi assinado, do ponto de vista do direito internacional os dois países se encontram até hoje em estado de guerra.
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Terra de ninguém
O idílio na cidade fronteiriça de Panmunjom é enganoso. Até hoje, a fronteira ao longo do Paralelo 38 é a mais rigorosamente vigiada do mundo. Ao longo da linha estipulada no acordo de armistício de 1953, o Norte e o Sul são separados por uma zona desmilitarizada de cerca de 250 quilômetros de extensão e 4 quilômetros de largura. Aqui, soldados de ambos os lados se defrontam diariamente.