Coreia do Norte joga dúvida sobre encontro com Trump
24 de maio de 2018A Coreia do Norte criticou o alerta do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, de que o país poderia acabar como a Líbia se não forjar um acordo com Washington.
Pyongyang classificou os comentários de Pence como "idiotas e estúpidos" e ameaçou, mais uma vez, cancelar a cúpula agendada para 12 de junho em Cingapura.
Em um comunicado divulgado pela agência estatal de notícias KCNA, a vice-ministra das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Choe Son-hui, disse não conseguir esconder sua surpresa "com comentários tão idiotas e estúpidos vindo da boca do vice-presidente dos EUA".
A vice-ministra norte-coreana se referia a uma entrevista dada pelo vice-presidente americano à emissora Fox News, na segunda-feira, na qual ele afirmou que o processo de desnuclearização da Coreia do Norte podia seguir o modelo da Líbia.
Na semana passada, o novo assessor de Segurança Nacional do presidente Donald Trump, John Bolton, havia dado declarações similares.
A comparação com a Líbia não caiu bem em Pyongyang: menos de dez anos após o país encerrar suas atividades nucleares, o ditador Muammar Kadafi foi derrubado e morto de forma brutal, em 2011, depois de uma intervenção militar que incluiu os EUA.
A vice-ministra norte-coreana classificou a entrevista de Pence de "imprudente" e disse que Pyongyang não vai se sentar à mesa das negociações sob ameaça. Choe inclusive questionou se valeria a pena realizar a cúpula.
"Não imploramos aos EUA pelo diálogo, nem nos preocupamos em persuadi-los caso não queiram se sentar conosco", disse Choe, segundo a KCNA. "Se os EUA se encontrarão conosco numa sala de reuniões ou num confronto nuclear depende inteiramente da decisão e do comportamento dos EUA."
Apesar das ameaças de Pyongyang de abandonar o encontro, a Casa Branca mantém a esperança de que a cúpula ocorrerá como planejado e disse estar trabalhando para garantir que ela ocorra. Na terça-feira, Trump se reuniu em Washington com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, para consultas, mas também admitiu que as negociações com o líder norte-coreano Kim Jong-un poderiam ser adiadas.
PV/lusa/ap/rtr/afp
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