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Coreia do Norte lança novo míssil balístico

29 de novembro de 2017

Pyongyang garante que projétil do tipo intercontinental é capaz de alcançar "todo o território dos Estados Unidos" e China exige diálogos diplomáticos. Para Trump e Moon, disparo representa grave ameaça ao mundo inteiro.

TV sul-coreana mostra trajetória de míssil balístico lançado pela Coreia do Norte em 28 de novembro de 2017
TV sul-coreana mostra trajetória do novo míssil, que voou cerca de mil quilômetros antes de cair nas águas próximas ao JapãoFoto: picture-alliance/MAXPPP

A Coreia do Norte lançou um novo míssil em direção ao leste nesta terça-feira (28/11), segundo comunicaram as Forças Armadas da Coreia do Sul. O governo dos Estados Unidos disse se tratar de um míssil balístico intercontinental (ICBM), que acabou caindo no Mar do Japão. A China, principal aliada de Pyongyang, expressou "grave preocupação" e urgiu por diálogos diplomáticos.

Segundo o Estado Maior Conjunto sul-coreano, o projétil foi disparado a partir das imediações de Pyongsong, na província de Pyongan do Sul, ao norte da capital norte-coreana, Pyongyang. A localização foi confirmada pelas autoridades americanas.

Horas após o lançamento, a emissora estatal norte-coreana KCTV anunciou que o projétil é um novo modelo do míssil balístico intercontinental, batizado Hwasong-15, e que é capaz de alcançar "todo o território dos Estados Unidos".

Leia também:Dez perguntas e respostas sobre a Coreia do Norte

Como é praxe em situações importantes para o regime, a veterana apresentadora Ri Chun-hee anunciou em tom solene o "bem sucedido" lançamento que "Kim Jong-un autorizou e testemunhou pessoalmente", e que foi o primeiro de Pyongyang após dois meses e meio.

Em um boletim especial, Ri detalhou que o míssil voou 950 quilômetros e alcançou um apogeu de 4.475 quilômetros de altitude, dados que estão em sintonia com os divulgados por Seul, Washington e Tóquio. Trata-se da maior altitude já atingida por um míssil norte-coreano, o que significa um novo e perigoso avanço no programa de armas de Pyongyang.

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Considerando que o míssil foi lançado num ângulo muito aberto, alguns analistas avaliam que o projétil poderia ter percorrido, em um voo normal, mais de 13 mil quilômetros, suficiente para alcançar Washington ou qualquer parte continental dos EUA.

Minutos após o disparo norte-coreano, autoridades militares da Coreia do Sul disseram ter conduzido um teste de míssil balístico em resposta ao lançamento. Além disso, o governo em Seul convocou uma reunião do Conselho Nacional de Segurança para avaliar o ocorrido.

"Risco à paz mundial"

Em sua avaliação inicial, o Pentágono afirmou que o míssil voou cerca de mil quilômetros antes de cair nas águas próximas ao Japão. Também garantiu que o disparo não representou uma ameaça a territórios americanos, como a ilha de Guam, no Oceano Pacífico.

Segundo o secretário americano de Defesa, James Mattis, o míssil – que põe em "risco a paz mundial e regional" – alcançou uma altitude superior aos disparados por Pyongyang em testes anteriores.

O governo do Japão estima que o projétil tenha voado por cerca de 50 minutos antes de cair no mar, na chamada zona econômica exclusiva japonesa, segundo a emissora local NHK. Em comparação, um míssil norte-coreano lançado em agosto, que chegou a sobrevoar o Japão, ficou no ar por 14 minutos.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, afirmou em rede social que o presidente americano, Donald Trump, "foi informado, quando o míssil ainda estava no ar, sobre a situação na Coreia do Norte". Em coletiva de imprensa ao lado de Mattis, o chefe de Estado garantiu que "cuidará" do caso.

Mais tarde, Trump conversou por telefone com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, para discutir uma resposta de ambos os países ao lançamento. Segundo a Casa Branca, na conversa, os líderes "ressaltaram a grave ameaça que a última provocação da Coreia do Norte representa" não só para Washington e Seul, "mas para o mundo inteiro".

Reações

O lançamento desta terça-feira foi condenado por líderes mundiais e entidades estrangeiras. A China expressou "grave preocupação" e pediu conversações para resolver pacificamente a crise nuclear.

Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, Pequim "insiste fortemente" que a Coreia do Norte observe as resoluções da ONU e que "pare com as ações que aumentam as tensões na península coreana". A China espera que todos trabalhem por um "acordo pacífico", uma vez que uma opção militar não é a solução, acrescentou Geng.

O porta-voz disse que a proposta de Pequim para a Coreia do Norte congelar testes de armas em troca da suspensão dos EUA de seus exercícios militares na região foi a melhor abordagem para aliviar as tensões. Mas Washington rejeitou a proposta.   

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse se tratar de "mais uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, comprometendo a segurança regional e internacional".

Reação semelhante foi esboçada pela chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, que descreveu o disparo como "uma violação descarada das obrigações internacionais da Coreia da Norte", disse uma porta-voz.

Já o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, clamou para que líderes estrangeiros tomem novos passos para elevar a pressão contra Pyongyang, cujo programa nuclear e de mísseis representa uma "ameaça à paz internacional".

"Além de implementar todas as sanções das Nações Unidas já existentes, a comunidade internacional precisa adotar medidas adicionais para reforçar a segurança marítima, incluindo o direito de interditar o tráfego marítimo" em direção à Coreia do Norte, disse Tillerson em nota.

Moon também se pronunciou, classificando o teste vizinho de "provocação imprudente" capaz de levar tensões já elevadas a níveis críticos. "A situação pode ficar fora de controle se o Norte completar o desenvolvimento de mísseis balísticos que possam voar para um continente diferente", alertou.

"Precisamos evitar esse cenário em que o Norte erre o cálculo em certa situação e nos ameace com armas nucleares – ou os EUA podem considerar um ataque preventivo [contra Pyongyang]", acrescentou o presidente sul-coreano. 

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, que pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para tratar do assunto, afirmou que o teste norte-coreano é um "ato violento" que "nunca será tolerado". "Nunca cederemos a nenhum ato de provocação. Vamos maximizar nossa pressão" contra Pyongyang, acrescentou.

Após o pedido do governo em Tóquio, reforçado por Washington, o Conselho de Segurança anunciou que uma reunião de emergência será realizada na tarde desta quarta-feira em Nova York. Ao contrário de outras ocasiões semelhantes, o encontro na ONU ocorrerá a portas abertas.

Escalada norte-coreana

Este é o primeiro projétil que o regime norte-coreano lança em dois meses e meio. Em 15 de setembro, um míssil de alcance médio sobrevoou o norte do Japão antes de cair no mar.

Naquele mesmo mês, o país asiático havia anunciado que foi capaz de desenvolver e detonar uma bomba de hidrogênio compacta o suficiente para ser instalada num míssil balístico internacional, elevando ainda mais as tensões na região.

O lançamento desta terça-feira ocorre uma semana após Washington ter anunciado que decidiu recolocar Pyongyang na lista de países patrocinadores do terrorismo, em novo episódio da "campanha de pressão máxima" de Trump para isolar o regime em razão de sua atividade nuclear.

Em resposta, a Coreia do Norte descreveu a decisão americana, que ainda amplia as sanções contra o país asiático, como "uma provocação séria e transgressão violenta".

AS/EK/PV/efe/rtr/dpa/afp/ap

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