Autoridades em Seul e Tóquio afirmam que projétil partiu dos arredores de Pyongyang, sobrevoou território japonês e caiu no Oceano Pacífico. Governo do Japão condena lançamento e diz que estudará resposta adequada.
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A Coreia do Norte disparou um novo míssil na noite desta quinta-feira (14/09) – manhã de sexta em Pyongyang –, segundo comunicaram autoridades da Coreia do Sul e do Japão.
O projétil foi lançado pouco antes das 7h (hora local) dos arredores da capital norte-coreana em direção ao leste. Segundo o governo japonês, o míssil chegou a sobrevoar o norte do Japão, levando o país a entrar em alerta vermelho.
Autoridades militares sul-coreanas estimam que o projétil, ainda não identificado, tenha alcançado uma altitude máxima de 770 quilômetros e percorrido uma distância de 3.700 quilômetros – o suficiente para atingir o território americano de Guam, no Pacífico Ocidental, por exemplo.
De acordo com o governo em Tóquio, o míssil caiu no Oceano Pacífico a cerca de 2 mil quilômetros a leste do cabo de Erimo, que fica na ilha de Hokkaido, no norte japonês. Não foi detectada qualquer colisão com barcos ou aviões na região.
O Japão rechaçou o novo lançamento nesta quinta-feira, afirmando que o país "condena essas ações com as palavras mais duras". "Não podemos tolerar que se repitam essas provocações excessivas da Coreia do Norte", afirmou o porta-voz do governo japonês Yoshihide Suga.
O funcionário acrescentou que o Japão abordará o assunto com os Estados Unidos e a Coreia do Sul no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a fim de preparar uma resposta adequada a Pyongyang.
Em reação ao disparo, o governo sul-coreano convocou uma reunião do Conselho Nacional de Segurança, e as tropas do país realizaram um teste com um míssil balístico no Mar do Japão, afirmaram agências de notícias internacionais.
Há pouco mais de duas semanas, a Coreia do Norte já havia lançado um míssil em direção ao leste. O projétil também sobrevoou o território do Japão e caiu nas águas do Oceano Pacífico, sem deixar vítimas.
O lançamento desta quinta-feira ocorreu poucos dias após o Conselho de Segurança da ONU aprovar novas sanções à Coreia do Norte, incluindo a proibição das exportações de têxteis e a limitação de remessas de produtos petrolíferos.
O novo pacote de restrições, aprovado por unanimidade na segunda-feira passada (11/09), foi uma resposta ao mais recente teste nuclear conduzido pelo regime de Kim Jong-un no início deste mês – Pyongyang afirmou se tratar de uma bomba de hidrogênio compacta o suficiente para ser instalada num míssil balístico intercontinental.
EK/afp/ap/dpa/efe/rtr/ots
Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
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No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
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Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.