Secretário de Estado Mike Pompeo retorna de Pyongyang com três americanos que estavam detidos no país. Ele classifica ato de "gesto de boa vontade" e afirma que foram definidos data e local de encontro entre Trump e Kim.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (09/05) que três americanos que eram prisioneiros do regime da Coreia do Norte foram libertados e estavam a caminho do país juntamente com o secretário de Estado Mike Pompeo.
Trump disse que ele receberá Pompeo e os ex-prisioneiros na base aérea de Andrews, nos arredores de Washington, na madrugada desta quinta-feira. O chefe da diplomacia americana esteve em Pyongyang para acertar os detalhes do encontro do presidente com o ditador Kim Jong-un, com quem se reuniu durante sua breve visita à capital norte-coreana.
"Estou feliz em informá-los que o secretário de Estado Mike Pompeo está em seu voo de retorno da Coreia do Norte com os três maravilhosos cavalheiros que todos estão ansiosos para conhecer. Eles parecem estar bem de saúde", anunciou o presidente em seu perfil no Twitter.
Na mensagem, Trump disse ainda que Pompeo teve um "bom encontro com Kim Jong-un" e que foram definidos a data e o local de sua reunião com o líder coreano. O encontro entre Trump e Kim deve acontecer ainda em maio ou em junho.
Pompeo conversou com repórteres na escala de seu voo no Japão, afirmando que teve uma conversa "boa e longa" com Kim. Ele confirmou a definição da data e local do encontro do líder norte-coreano com Trump, que deverão ser anunciados nos próximos dias.
O secretário disse que os três americanos libertados num "gesto de boa vontade" de Pyongyang aparentam estar em boa saúde, "considerando tudo pelo que passaram". Ele esteve na Coreia do Norte durante 13 horas, e se reuniu durante uma hora e meia com Kim.
Um dos prisioneiros libertados é o missionário coreano-americano Kim Dong-chul, de 64 anos, acusado de "perpetrar complôs de subversão ao Estado e espionagem". Em abril de 2016, ele foi condenado a dez anos de prisão com trabalhos forçados.
Os demais são os ex-professores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang Tony Kim, também conhecido como Kim Sang-duk, que teria cometido "atos criminosos e hostis para derrubar regime", e Kim Hak-song, acusado de "atos hostis" não especificados. Não se sabe ao certo se eles foram acusados formalmente e sentenciados.
O único prisioneiro americano que havia sido libertado durante o governo Trump foi o estudante Otto Warmbier, de 22 anos, que retornou aos EUA em coma após 17 meses de cativeiro. Sua morte, dias após o retorno, agravou as tensões entre os dois países, exacerbadas pelos avanços do programa nuclear norte-coreano.
A perspectiva de um encontro histórico entre os líderes dos dois países aumentou as expectativas de um desfecho positivo para a crise envolvendo o programa nuclear de Pyongyang. A Coreia do Norte, porém, ressaltou que as tensões permanecem, alertando contra "palavras e atitudes que possam destruir a atmosfera de diálogo arduamente conquistada".
A imprensa estatal norte-coreana destacou que "os EUA se atêm persistentemente a políticas hostis em relação à República Popular Democrática da Coreia [nome oficial do país], ludibriando a opinião pública". "Tal comportamento poderia colocar em perigo a segurança de seu próprio país", acrescentou.
Antes do encontro com Trump, Kim iniciou uma reaproximação histórica com a Coreia do Sul ao se reunir com o presidente Moon Jae-in na fronteira, abrindo o caminho para uma série de acordos bilaterais. Nas últimas semanas, Kim esteve duas vezes na China para se encontrar com o presidente Xi Jinping e reforçar os laços bilaterais.
RC/rtr/ap
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Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.