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Coreia do Norte mantém atividades em bases de mísseis

13 de novembro de 2018

Analistas americanos denunciam existência de mísseis balísticos com capacidade nuclear em ao menos 13 locais secretos. Seul nega "embuste" de Pyongyang, em meio a temores de danos a processo de desnuclearização.

Imagem de satélite de base de mísseis na Coreia do Norte
Estudo se baseia em imagens de satélites e em depoimentos de desertores e de autoridades de inteligência e governamentaisFoto: Reuters/Planet Labs Inc.

A Coreia do Norte tem mísseis balísticos com capacidade nuclear em pelo menos 13 locais secretos, segundo investigação de um centro de estudos norte-americano divulgada nesta segunda-feira (12/11). A descoberta indica a falta de avanços concretos no acordo assinado entre Pyongyang e Washington que visa à desnuclearização da Península Coreana. 

Pesquisadores do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), um think tank com sede em Washington, disseram ter identificado 13 de um total estimado de 20 bases de mísseis não declaradas pelo regime, o que prejudicaria o processo iniciado pelos americanos para encerrar o programa nuclear norte-coreano. Seul, por sua vez, afirmou que as informações não trouxeram grandes novidades.

Desde o encontro histórico em Cingapura entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em junho, a Coreia do Norte suspendeu testes nucleares e de mísseis, desmantelou um local de testes e prometeu acabar com o maior complexo nuclear do país. Tudo isso em troca das concessões prometidas por Washington, como o alívio de sanções.

Mas, desde então, Washington e Pyongyang não avançaram mais. Os Estados Unidos adiaram a aprovação do alívio de sanções da ONU que permitiriam a entrega de tratores, peças de reposição e ajuda humanitária à Coreia do Norte.

Pyongyang cancelou uma reunião marcada para a semana passada entre o ex-chefe de inteligência e membro do alto escalão do governo, Kim Yong-chol, e o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em Nova York. O regime alega que a retomada de exercícios militares conduzidos pelos EUA e Coreia do Sul seria uma violação do acordo que visa a diminuir as tensões na Península Coreana.

Uma reportagem do jornal The New York Times que divulgou o estudo do think tank americano sobre as atividades em bases de mísseis, sugeria em manchete se tratar de "um grande embuste" por parte da Coreia do Norte, ainda que alguns analistas não vejam dessa forma.

"O trabalho [nas instalações norte-coreanas] continua" afirmou Victor Cha, pesquisador que lidera o programa para a Coreia do Norte do centro de pesquisas em Washington, ao jornal. "A preocupação de todos é que Trump aceite um acordo ruim: eles nos dão um único local de testes e mais algumas coisas e, em retribuição, ganham um acordo de paz", observou Cha, cujo nome já foi cogitado para assumir a embaixada americana em Seul.

As bases subterrâneas, espalhadas pelo país, foram escavadas em vales estreitos, com o objetivo de permitir que lançadores móveis de mísseis saiam rapidamente dos túneis e se dirijam a locais de lançamento preparados previamente.

As instalações para armamentos de grande porte como os mísseis balísticos intercontinentais estariam em locais remotos do país. Os mísseis de médio alcance, capazes de atingir o Japão e toda a Coreia do Sul, estariam localizados em um cinturão operacional a uma distância de 90 a 150 quilômetros da zona desmilitarizada na fronteira entre as duas Coreias. Os de curto alcance, numa faixa localizada entre 40 e 90 quilômetros dos limites com o país vizinho.

As conclusões dos pesquisadores se baseiam em imagens de satélites, depoimentos de desertores do regime norte-coreano e entrevistas com autoridades de inteligência e governamentais.

"Nada de novo"

Entretanto, analistas da Coreia do Sul e o próprio governo do país afirmam que as instalações mencionadas no estudo já eram conhecidas e que Pyongyang em momento algum prometeu desativá-las.

"Não vejo realmente algum tipo de informação nova ou reveladora", afirmou Daniel Pinkston, acadêmico da Universidade Troy em Seul, afirmado que um dos locais apontados no estudo já seria conhecido há ao menos 20 anos.

Vipin Narang, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), disse através do Twitter que "Kim literalmente ordenou a produção em massa de mísseis balísticos no Réveillon de 2018". "Ele jamais se prontificou a parar de produzi-los, muito menos a desistir deles", acrescentou. "A afirmação de que seria um embuste é altamente enganosa. Não há uma violação real", afirmou.      

O gabinete da presidência sul-coreana disse que as autoridades de inteligência em Seul e Washington já estavam cientes das informações do relatório, e que uma das bases mencionadas "nada tem a ver com mísseis intercontinentais".

"A Coreia do Norte jamais prometeu se livrar dos mísseis de curto alcance ou fechar as instalações desses mísseis", disse o porta-voz do presidente Moon Jae-in.

Ele afirmou que essas "informações enganosas" arriscam travar o diálogo entre os EUA e a Coreia do Norte, enquanto Seul trabalha para avançar na reaproximação com Pyongyang.

RC/afp/rtr/efe

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