Pyongyang exibe mísseis balísticos intercontinentais em parada homenageando o aniversário do fundador do Estado comunista. País isolado afirma que vai responder a qualquer agressão americana com "guerra total".
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Neste sábado (15/04), o regime comunista da Coreia do Norte utilizou as comemorações do 105° aniversário de nascimento de Kim Il-sung, o "eterno presidente" do país e avô do atual ditador, Kim Jong-un, para exibir seu poderio militar e sinalizar para os Estados Unidos a sua disposição para a guerra.
Com a Marinha americana instalada perto da Península da Coreia e especialistas especulando que Pyongyang estaria preparando outro teste nuclear, as tensões na região aumentaram nos últimos dias.
Acompanhado de música marcial e grande público, o desfile militar deste sábado revelou o que parece ser um aparato militar norte-coreano cada vez mais sofisticado, incluindo mísseis balísticos.
"Nós responderemos a uma guerra total com uma guerra total e atômica, com o nosso estilo de ataque nuclear", afirmou Choe Ryong-hae, um oficial norte-coreano do alto escalão. Segundo analistas externos, Choe é considerado a autoridade mais importante do país após Kim Jong-un.
Ataque sem piedade
Os recentes bombardeios americanos na Síria e no Afeganistão alimentaram temores de um possível ataque dos EUA à Coreia do Norte. O país comunista tem realizado regularmente testes nucleares e de foguetes, desafiando as resoluções e sanções das Nações Unidas.
Recentemente, os norte-coreanos ameaçaram lançar uma resposta "sem piedade" contra alvos americanos, incluindo a força naval deslocada recentemente pelos EUA.
"Quanto mais perto se aproximarem grandes alvos, como porta-aviões de propulsão nuclear, maior será o impacto dos ataques impiedosos", informou declaração divulgada pela agência de notícias estatal KCNA.
Trump, China e Rússia
Nesta quinta-feira, o presidente americano, Donald Trump, abordou a situação da Coreia do Norte depois de os Estados Unidos terem lançado uma bomba não nuclear no leste do Afeganistão, o dispositivo convencional mais potente do arsenal bélico americano. "A Coreia do Norte é um problema, o problema será tratado", afirmou Trump, que esteve reunido na semana anterior com o presidente chinês, Xi Jinping.
Preocupada com o ressurgimento de tensões na Coreia do Norte, a Rússia exortou na sexta-feira todas as partes a evitar qualquer ação que possa ser interpretada como uma provocação. "Moscou está acompanhando com grande preocupação as tensões crescentes na Península Coreana. Apelamos a todos os países para mostrar moderação e evitar qualquer ação que possa ser interpretada como uma provocação", disse o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov.
Em encontro com colega de pasta francês, na sexta-feira, o ministro chinês do Exterior, Wang Yi, pediu a todas as partes para retomar o diálogo e não deixar que as coisas evoluam até um ponto irreversível e incontrolável. "Se houver uma guerra, o resultado será uma situação em que todos perdem e ninguém ganha", assegurou Wang em coletiva de imprensa junto a Jean-Marc Ayrault.
"Exigimos um fim das provocações e ameaças, antes que a situação não possa mais ser salva", afirmou Wang na ocasião. "A China é da opinião de que o diálogo é a única solução", acrescentou o ministro chinês.
CA/ap/dpa/afp/efe/dw
Na fronteira entre China e Coreia do Norte
De um lado do rio está a China, na outra margem, a Coreia do Norte. O que tradicionalmente é uma atração turística também deveria vivenciar um boom econômico. Mas esse não é o caso.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Uma ponte para lugar nenhum
Uma antiga ponte sobre o rio Yalu é uma das atrações turísticas da cidade fronteiriça chinesa de Dandong. A construção foi bombardeada e destruída pelos americanos durante a Guerra da Coreia. Os restos foram retirados no lado coreano, mas mantidos como memorial na margem chinesa. A pouco metros dali se encontra a chamada Ponte da Amizade, com movimentado tráfego transfronteiriço de mercadorias.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Passeio com fim abrupto
A parte chinesa da ponte destruída sobre o rio Yalu é aberta ao público. Em 2015, outra ligação foi erguida sobre o rio. A construção de 350 milhões de dólares foi financiada completamente pela China, levando apenas três anos de obras. Mas, até hoje, ela não pôde ser usada corretamente, já que a ponte termina no lado coreano em terras agrícolas sem ligações com estradas.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Grandes planos e dura realidade
No lado norte-coreano do Yalu, encontra-se a cidade de Sinuiju. Ali vivem quase 400 mil pessoas. A cidade é um importante ponto de cruzamento. Além da Ponte da Amizade sino-coreana, Sinuiju possui um porto próprio há mais de cem anos. E, agora, estão sendo construídas uma autoestrada e uma ligação ferroviária para Pyongyang. Isso vai facilitar consideravelmente a logística do tráfego fronteiriço.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Excursão à Coreia do Norte
Para os turistas do lado chinês, um rápido olhar sobre o cotidiano na Coreia do Norte e seus cidadãos é particularmente emocionante. Esta foto tirada no final de março em Sinuiju evidencia os instrumentos de trabalho dos agricultores norte-coreanos.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Visão mais de perto
Este chinês ganha uns trocados adicionais: por alguns yuans, ele permite que turistas olhem através de suas lunetas. Assim, a Coreia do Norte parece estar a poucos passos de distância.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Suvenires e arame farpado
Quer comprar uma lembrancinha da excursão à fronteira norte-coreana? Comerciantes chineses oferecem as suas mercadorias, com direito a vista para a Coreia do Norte.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Gostinho norte-coreano também no cardápio
A influência norte-coreana na cidade fronteiriça de Dandong pode ser percebida por toda parte. Ali, para fins de prestígio, a Coreia do Norte opera, entre outros, diversos restaurantes. Essa também é uma das formas de se obter divisas para os cofres do regime em Pyongyang.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Relações arrefecidas
Desde o quarto teste nuclear em janeiro de 2016, as relações entre a Coreia do Norte e seu grande aliado China pioraram visivelmente. Posteriormente, ao contrário de vezes passadas, Pequim apoiou o novo endurecimento de sanções existentes da ONU. Em resposta a outro teste de míssil norte-coreano, os chineses suspenderam, em fevereiro, as importações de carvão do país vizinho.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Motor econômico engasgado
Na realidade, China e Coreia do Norte pretendiam expandir consideravelmente as relações econômicas na região de fronteira. Mas, atualmente, isso é pouco evidente. Embora esses apartamentos de luxo estejam prontos em Dandong, podem-se ver muitos prédios inacabados na cidade. E a planejada zona econômica especial até hoje não foi inaugurada.