Coreia do Norte não é ameaça iminente, diz Tillerson
9 de agosto de 2017
Após Trump elevar tom contra Pyongyang, secretário de Estado minimiza declaração e diz que "americanos podem dormir tranquilos" e não "houve mudança drástica" na situação.
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Na tentativa de minimizar a troca de ameaças entre Washington e Pyongyang, o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, apelou à calma nesta quarta-feira (09/08) e disse não acreditar que a Coreia do Norte represente uma ameaça iminente, o que incluiu o território de Guam. "Os americanos podem dormir tranquilos", afirmou.
Após o presidente americano, Donald Trump, ameaçar a Coreia do Norte com "fogo e fúria" na terça-feira, Tillerson afirmou que a população americana não deveria se preocupar "com essa retórica dos últimos dias" e que ela não significa que os Estados Unidos estejam mais próximos de uma guerra.
Segundo o secretário de Estado, Trump usou essa retórica, pouco usual, para "enviar uma forte mensagem à Coreia do Norte numa linguagem que [o líder norte-coreano] Kim Jong-un é capaz de entender".
"Nada do que eu vi ou saiba indica que a situação tenha mudado drasticamente nas últimas 24 horas", afirmou Tillerson. O secretário de Estado não encarou as declarações de Trump como uma ameaça de ataque preventivo à Coreia do Norte.
A ameaça de Trump, que escreveu no Twitter nesta quarta-feira que o poderio nuclear americano é "agora mais poderoso e forte do que nunca", foi feita logo após a imprensa americana revelar que a inteligência dos EUA acredita que Pyongyang já é capaz de instalar uma ogiva nuclear num míssil intercontinental.
"Espero que nunca tenhamos que usar esse poderio, mas jamais haverá um tempo em que não sejamos a nação mais poderosa do mundo", escreveu Trump.
Também nesta quarta-feira, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, alertou a Coreia do Norte, pedindo que cesse qualquer ação que possa levar "ao fim de seu regime e à destruição de seu povo". Mattis afirmou que os EUA venceriam qualquer corrida armamentista ou conflito contra Pyongyang. "A Coreia do Norte precisa optar por parar de se isolar e desistir da busca por armas nucleares", disse.
Resposta norte-coreana
Após a ameaça de Trump, o regime norte-coreano declarou que está "examinando cuidadosamente" um plano para atacar com mísseis o território americano de Guam, no Oceano Pacífico. Um porta-voz norte-coreano afirmou à agência estatal KCNA, que o plano pode ser implementado "a qualquer momento", assim que o líder Kim Jong-un tomar uma decisão.
Segundo a agência de notícias norte-coreana KCNA, o general Kim Rak Gyom declarou que "apenas a força absoluta pode funcionar com ele [Trump]", acrescentando que "não é possível um diálogo sensato com alguém desprovido de razão".
Em outra declaração, citando um porta-voz militar diferente, a Coreia do Norte afirmou que poderia realizar também uma operação preventiva caso os EUA mostrassem sinais de provocação.
Em reação a recentes disparos de mísseis intercontinentais, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou no último sábado novas sanções à Coreia do Norte – o sétimo conjunto de medidas restritivas da ONU impostas desde que Pyongyang executou seu primeiro teste nuclear, em 2006.
Na segunda-feira, a Coreia do Norte condenou as novas sanções, advertiu que continuará desenvolvendo seu programa nuclear e ameaçou se vingar "mil vezes" dos Estados Unidos caso mantenham sua política "hostil" contra Pyongyang.
LPF/efe/rtr/afp/ap
O que o regime mostra na Coreia do Norte
A DW viajou à Coreia do Norte para descobrir o que há por trás da propaganda. Saímos às ruas com o acompanhante disponibilizado pelo governo e registramos o que vimos - ou nos deixaram ver - em Pyongyang.
Foto: DW/A. Foncillas
Árvores floridas
Os prédios da capital norte-coreana estão pintados com cores vivas, dando um ar de alegria à cidade. A época da floração da cerejeira contribui para a variedade cromática. O número crescente de automóveis nas ruas faz concorrência às bicicletas.
Foto: DW/A. Foncillas
Brincando no parque
Os clichês do mundo ocidental em relação à Coreia do Norte nos fazem esquecer que, além da devoção fervorosa aos seus líderes, a população não é muito diferente da de outras latitudes. Na semana de comemorações do Dia do Sol, é comum ver crianças praticando esportes em parques.
Foto: DW/A. Foncillas
Líder aclamado
Performances de todos os tipos oferecidas por crianças são um elemento-chave do lazer no país. A aparição do ditador Kim Jong-un no telão gera aplausos na plateia.
Foto: DW/A. Foncillas
Kimjongília e kimilsúngia
O culto à personalidade atinge o cúmulo com a orquídea batizada kimilsungia e a begônia kimjongilia, nomes que homenageiam o pai e avô do atual ditador. Nesta exposição de flores, trabalhadores de diferentes ministérios e universidades trouxeram flores que cultivam em seu local de trabalho.
Foto: DW/A. Foncillas
"Um dos cortes permitidos, por favor!"
O catálogo de cortes nos salões de cabeleireiros em Pyongyang oferece os 20 penteados recomendados no país. Já a barba é feita de forma convencional, com espuma e lâmina.
Foto: DW/A. Foncillas
Diversão para os ricos
Na capital há um imenso complexo de lazer para a classe rica. Lá há três piscinas e muitos restaurantes, que oferecem cerveja, comidas típicas do país e o típico kimchi, prato similar ao chucrute.
Foto: DW/A. Foncillas
Consumo caro
Modestas reformas econômicas têm permitido a abertura de supermercados, onde se pode encontrar uísque escocês, eletrodomésticos japoneses e roupas americanas de marca. Não é incomum os clientes pagarem com dólares ou cartões de crédito.
Foto: DW/A. Foncillas
Os jovens
Muitos jovens norte-coreanos frequentam cafés de luxo como qualquer outro jovem de uma capital europeia. Isso só se podem permitir os filhos da elite vinculada ao comércio exterior e com acesso a divisas internacionais. A jovem da foto estudou Finanças na Índia e defende que, em Pyongyang, não faltam opções de lazer.
Foto: DW/A. Foncillas
Esporte popular
O vôlei é um dos esportes mais populares do país. Este ginásio oferece instalações de alto nível.
Foto: DW/A. Foncillas
Internet a preço de sorvete
No Centro de Divulgação Científica aberto recentemente em Pyongyang, as pessoas podem jogar videogame e se conectar à internet "pela metade do preço de um sorvete", disse o guia. A internet é limitada a sites norte-coreanos, sem acesso a páginas de fora do país.
Foto: DW/A. Foncillas
Guarda de trânsito
Os uniformes são onipresentes no país. O controle de tráfego é feito principalmente por mulheres jovens vestidas com minissaias e botas.
Foto: DW/A. Foncillas
À espera do desfile
O Exército norte-coreano tem 1,2 milhão de soldados para uma população de 25 milhões de pessoas. A maior parte dos escassos recursos do país é destinada aos militares. Na foto, o desfile militar do Dia do Sol, em homenagem ao fundador do país, Kim Il-sung.
Foto: DW/A. Foncillas
Sempre sorrindo
Meninas aprendendo música em uma academia. Na Coreia do Norte, é comum este tipo de escola, que, segundo o regime, valoriza especialmente talentos em disciplinas artísticas e esportivas.
Foto: DW/A. Foncillas
Luxo subterrâneo
O metrô de Pyongyang é o mais profundo do mundo e serve como refúgio em caso de ataque. O luxo desta estação contrasta com os trens antiquados. Os usuários podem aproveitar o tempo de espera informando-se sobre o mais recente míssil lançado.
Foto: DW/A. Foncillas
Arquitetura e militares
A arquitetura da capital é tanto tradicional quanto moderna. Os novos edifícios são octogonais, ovais ou tem qualquer outra forma ousada. Eles se assemelham a um livro invertido se ali vivem acadêmicos, ou parecem uma tomada, se se destinam a cientistas.
Foto: DW/A. Foncillas
Meninos e futebol
Meninos jogam futebol em uma escola de órfãos na capital. Os responsáveis por eles garantem que as crianças ingerem 3.500 calorias por dia, mais do que necessita um esportista de elite em qualquer país do mundo.
Foto: DW/A. Foncillas
Propaganda por todo lugar
Cartazes de propaganda são comuns nas ruas de Pyongyang. Eles ressaltam a força do Exército, a necessidade de uma pátria unida contra o inimigo externo, dos trabalhadores como a base de um sistema ideológico que só existe aqui: a ideologia Juche.
Foto: DW/A. Foncillas
Passos firmes
Desfiles militares são atividades recorrentes no calendário da Coreia do Norte. O objetivo do governo é mostrar Forças Armadas bem equipadas, que agem com marcialidade.