Pyongyang alega "abuso de poder" por parte do Conselho de Segurança da ONU e ameaça com duras represálias. Kim Jong-un coordenou exercícios militares simulando ataque a capital sul-coreana, Seul.
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Autoridades da Coreia do Norte criticaram as novas sanções impostas pela ONU ao país, que visam limitar seu programa nuclear, com o corte de em torno de um quarto dos rendimentos do país com o comércio exterior. Pyongyang acusou o que chamou de "abuso de poder" e ameaçou tomar duras medidas em represália.
O vice-ministro do Exterior, Han Song Ryol, convocou os diplomatas estrangeiros para uma reunião nesta sexta-feira (02/12) para deixar clara a oposição de seu país às sanções, as mais rígidas já adotadas, apoiadas também pela China, o principal parceiro comercial da Coreia do Norte.
As novas sanções impõem a partir de janeiro um limite de 400 milhões de dólares anuais, ou 7,5 milhões de toneladas, às exportações de carvão – uma redução de 62% em relação a 2015. Segundo vários estudos, atualmente o carvão rende cerca de 1 bilhão de dólares ao ano ao país. Estão também proibidas exportações de outros materiais, como cobre e prata, além de outras restrições comerciais.
Caso Pyongyang não interrompa seu programa nuclear e de mísseis de longo alcance, a resolução ameaça, pela primeira, vez suspender alguns, senão todos os privilégios do país socialista na ONU.
"Rejeitamos categoricamente a resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre as sanções contra nosso país", disse Han, acusando o órgão de renegar os direitos de autodefesa da Coreia do Norte. "Isso é um abuso de poder e viola nossa soberania", afirmou. "As sanções vão inevitavelmente agravar as tensões."
Pyongyang simula ataque a Seul
Pyongyang, de fato, já dá sinais de que não deverá ceder às pressões internacionais. Mesmo após a imposição das novas sanções, os militares norte-coreanos realizaram exercícios de artilharia simulando um ataque a instituições militares e do governo na capital sul-coreana, Seul.
Segundo a imprensa estatal norte-coreana, os exercícios teriam sido coordenados pelo líder do país, Kim Jong-un, que demonstrou satisfação com os resultados. "Ninguém sobreviveria a esse ataque", teria dito o chefe de Estado.
Em caso de guerra, "o golpe seria tão fatal para as forças sul-coreanas, que sua intenção de contra-atacar ficaria comprometida desde o início", afirmou o ditador, citado pela imprensa de seu país.
Kim Jong-un teria dito ainda que os exercícios marcaram o início do "treinamento político e de batalha para o próximo ano". Manobras em que o Exército norte-coreano simula destruir posições estratégicas do país vizinho não são incomuns. Na Coreia do Sul, porém, o exercício militar foi visto como uma reação às novas sanções impostas a Pyongyang.
RC/ap/afp/dpa
Os encantos secretos da Coreia do Norte
Natural de Cingapura, o fotógrafo Aram Pan percorreu durante vários dias o território da ditadura comunista na Ásia. Mas se recusou a abordar política: para ele o que contam são belezas naturais e arquitetônicas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Tranquila beleza de Pyongyang
O fotógrafo cingapurense Aram Pan viajou em 2013 à Coreia do Norte para realizar o projeto DPRK 360, em que buscou imortalizar o povo e a forma de vida desse hermético Estado asiático, expondo as imagens online. Esta foi tirada do Hotel Yanggakdo, onde Pan se hospedou durante sua estada na capital, Pyongyang.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Ao pé dos ídolos nacionais
O Grande Monumento Mansudae é um dos pontos turísticos mais visitados da capital norte-coreana. Turistas locais e internacionais costumam depositar flores aos pés das gigantescas estátuas dos líderes comunistas Kim Il-sung e Kim Jong-il, que se destacam em meio à esplanada extremamente bem cuidada.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Polícia robótica
Aram Pan conta que a policial da foto se manteve imóvel apenas os segundos necessários para registrá-la. Embora no país não circulem muitos automóveis, as cidades mantêm funcionários encarregados de manter a ordem no tráfego – para o que executam movimentos rítmicos, como robôs.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Metrô sob o signo do perigo
São 15h de um dia de agosto de 2013. Embora não seja horário de pico, o metrô da capital está abarrotado. As estações do meio de transporte urbano, que dispõe de duas linhas, foram construídas a vários metros de profundidade, a fim de resistirem a eventuais bombardeios.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
"Shiny happy people"
Cidadãos dançando felizes e despreocupados, numa ditadura comunista? Além de não interferir no que registra, Pan se recusa a discutir política. Ele pede aos que veem suas fotografias que não pensem nele, mas na gente e nas paisagens do país. "Ninguém viaja a um país para fotografar cárceres", argumenta, ao ser criticado por mostrar uma Coreia do Norte amável. A imagem foi feita perto de Wonsan.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sol, areia e mar
Na costa norte-coreana, não há diferença visível entre os divertimentos dos cidadãos nas praias e os de qualquer democracia do mundo. Eles jogam voleibol, brincam na areia, entram de boia na água. Não faltam chuveiros para tirar a areia antes da volta para casa. Em muitas fotografias de Pan veem-se rostos sorridentes.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Chove sobre a cidade
Dia de chuva em Wonsan, na costa leste. Aram Pan brinca, afirmando que as pessoas sabem mais sobre o cosmos do que sobre a Coreia do Norte. E acrescenta que deseja contribuir com seu pequeno grão de areia para que isso mude.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
De guarda-chuva no palácio
Estas graciosas meninas são alunas do Palácio de Crianças de Mangyongdae, uma escola perto de Pyongyang. Dança, música, interpretação teatral e desenho são algumas das disciplinas ensinadas na conceituada instituição pública.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Talento genuíno
O fotógrafo de Cingapura conta que esteve cinco minutos observando este garoto desenhar e pode atestar que seu talento é genuíno. Alguns visitantes da página do DPRK 360 no Facebook duvidam da autenticidade das fotografias, que poderiam ser encenadas ou seriam meras atuações para os turistas. Aram Pan assegura que não é o caso.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sensacional coordenação
O famoso Festival Arirang, de que participam até cem mil ginastas, é uma das maiores demonstrações de trabalho coordenado do mundo. A celebração iniciada em 2002, em honra do fundador da nação, Kim Il-sung, é outra das grandes atrações turísticas norte-coreanas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Expressão da normalidade
Perto de Kaesong, cidade famosa por dispor de fábricas de investidores sul-coreanos, Aram Pan viu esta senhora que passeava com uma menina. Ele diz que a imagem expressa exatamente o que desejava mostrar da Coreia do Norte: gente comum e normal.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maravilhas de natureza
Os arredores do monte Kumgang são muito frequentados pelos norte-coreanos, que lá vão para fazer piquenique enquanto admiram a paisagem. A região é umas das grandes apostas do regime: o país aspira transformar-se em polo turístico internacional, e maravilhas naturais como Kumgangsam deverão convencer até os mais céticos.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Vida noturna na capital
À noite, os moradores de Pyongyang tomam o bonde para voltar à casa. Aram Pan enfatiza a misteriosa beleza noturna da cidade, quando o silêncio toma conta dela e as luzes lhe conferem uma atmosfera inigualável.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maior que o de Paris
Construído em 1982 em homenagem ao 70º aniversário do líder Kim Il-sung, o Arco do Triunfo de Pyongyang é uma dezena de metros mais alto do que seu equivalente em Paris, em cuja arquitetura é baseado. Também aqui a escuridão do céu e a iluminação urbana criam um clima mágico.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Um mundo sem política?
Enquanto o sol se põe na capital, vê-se, em primeiro plano, a Torre Juche, enorme obelisco de 170 metros de altura também erguido em 1982 em honra de Kim Il-sung. O fotógrafo Aram Pan não quer saber de conflitos, ideologias ou violações dos direitos humanos: para ele o que conta são as belezas naturais e arquitetônicas da Coreia do Norte, as quais quer mostrar ao mundo em seu projeto DPRK 360.