Coreia do Norte teria hackeado planos de guerra de Seul
10 de outubro de 2017
Hackers norte-coreanos roubaram centenas de documentos militares confidenciais, afirma imprensa da Coreia do Sul. Entre arquivos vazados estariam estratégias conjuntas de Seul e Washington.
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Centenas de documentos militares confidenciais da Coreia do Sul – incluindo planos operacionais detalhados para tempos de guerra envolvendo os aliados Estados Unidos – foram roubados por hackers norte-coreanos no ano passado, noticiou a mídia sul-coreana nesta terça-feira (10/10).
Rhee Cheol-hee, legislador do Partido Democrata da Coreia do Sul, disse que os hackers invadiram o centro de dados militares de Seul em setembro de 2016, segundo reportagens do jornal Chosun Ilbo e da agência de notícias sul-coreana Yonhap.
O parlamentar afirmou que os hackers acessaram 235 gigabytes de dados sensíveis. Entre os documentos furtados estavam os Planos Operacionais 5015 e 3100 – os mais recentes elaborados entre Seul e Washington em caso de uma guerra com a Coreia do Norte. Estes planos também incluíam procedimentos para ataques de "decapitação" contra líderes norte-coreanos, escreveu o diário Chosun Ilbo.
Rhee acrescentou que o conteúdo de 80% dos documentos roubados ainda não foi identificado, mas afirmou que detalhes sobre os exercícios militares conjuntos anuais com os EUA estão entre os documentos roubados.
Investida cibernética de Pyongyang
Em maio deste ano, o Ministério da Defesa da Coreia do Sul comunicou acreditar que o vizinho do norte estava por trás do ataque cibernético contra a rede online das Forças Armadas sul-coreanas, mas não relatou o que havia sido vazado.
Pyongyang negou envolvimento no mais recente ataque cibernético e criticou Seul por "fabricar" as acusações, comunicou a agência de notícias Yonhap.
Os relatos ocorrem em meio a tensões aumentadas na Península da Coreia, com receios de um conflito provocado por ameaças feitas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Ele ameaçou adotar medidas militares contra o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em retaliação aos recentes testes nucleares e de mísseis executados por Pyongyang.
Em um de seus tweets durante o fim de semana, Trump escreveu que a diplomacia e as políticas dos EUA não foram bem-sucedidas, acrescentando que "apenas uma coisa funcionará".
De acordo com o governo sul-coreano, Pyongyang possui uma unidade com cerca de 6.800 especialistas altamente treinados em ciberguerra. Hackers da Coreia do Norte foram acusados de lançar vários ataques cibernéticos recentes, incluindo o contra o estúdio cinematográfico Sony Pictures em 2014.
PV/afp/ots
Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.