Após Coreia do Sul suspender operações em zona industrial conjunta, Pyongyang diz que irá se desfazer de bens do país vizinho deixados em seu território e volta a lançar mísseis balísticos de curto alcance.
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A Coreia do Norte anunciou nesta quinta-feira (10/03) que vai liquidar os ativos sul-coreanos em seu território e desfazer todos os acordos com Seul para projetos de intercâmbio comercial.
"Como as hostis forças sul-coreanas cessaram unilateralmente as suas atividades no monte Kumgang e no complexo industrial de Kaesong, vamos liquidar totalmente todos os bens das empresas sul-coreanas e instituições relacionadas deixados para trás", anunciou o Comitê para a Reunificação Pacífica da Coreia, em um comunicado divulgado pela agência estatal de notícias KCNA.
Os ativos sul-coreanos incluem prédios, máquinas e produtos, além de um resort no monte Kumgang, que era usado para os encontros de famílias separadas após a guerra. De acordo com o Ministério da Unificação em Seul, esses bens estão avaliados em cerca de 1,2 bilhão de dólares.
Pyongyang não disse exatamente o que pretende fazer com os ativos. Observadores especulam que as máquinas podem ser levadas para outras aéreas industriais ou convertidas para uso militar e o complexo no monte Kumgang seria usado para projetos próprios de turismo.
A decisão da Coreia do Norte foi uma resposta ao país vizinho pela suspensão das operações na zona industrial intercoreana de Kaesong, um dos últimos projetos comuns de cooperação entre o Norte e Sul, após o lançamento de um foguetão por Pyongyang, em fevereiro, que a comunidade internacional considera ter sido um teste de mísseis de longo alcance.
Financiado por Seul, o complexo foi considerado na época da sua inauguração, em 2004, como um símbolo da "reconciliação" entre as duas Coreias. Para Pyongyang, era uma fonte essencial de divisas estrangeiras.
Situado a poucos quilômetros da fronteira, no lado norte-coreano, Kaesong empregava 53 mil norte-coreanos em 124 empresas da Coreia do Sul. Na região, eram fabricados produtos têxteis, eletrônicos e químicos. Os 184 empresários e executivos sul-coreanos que trabalhavam no local foram repatriados.
O governo da Coreia do Sul classificou o comunicado de Pyongyang como um ato provocativo e alertou o país para não danificar os ativos sul-coreanos.
Mais mísseis
Além de anunciar a liquidação dos ativos sul-coreanos, Pyongyang lançou no mar dois mísseis balísticos de curto alcance nesta quinta-feira, desafiando uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, em um momento em que forças da Coreia do Sul e dos Estados Unidos realizam os exercícios militares anuais.
Segundo Ministério da Defesa da Coreia do Sul, o país vizinho lançou em direção ao Mar do Japão a partir da localidade de Wonsan, no sudeste do país.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou estar seriamente preocupado com a situação na península coreana e pediu que Pyongyang pare com os "atos de desestabilização", como os lançamentos de mísseis.
Pyongyang deu início a uma série de lançamento de mísseis no início de março, depois que Conselho de Segurança da ONU impôs novas sanções ao país, em reação aos recentes testes nucleares realizados pela Coreia do Norte.
CN/rtr/ap/lusa
Os encantos secretos da Coreia do Norte
Natural de Cingapura, o fotógrafo Aram Pan percorreu durante vários dias o território da ditadura comunista na Ásia. Mas se recusou a abordar política: para ele o que contam são belezas naturais e arquitetônicas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Tranquila beleza de Pyongyang
O fotógrafo cingapurense Aram Pan viajou em 2013 à Coreia do Norte para realizar o projeto DPRK 360, em que buscou imortalizar o povo e a forma de vida desse hermético Estado asiático, expondo as imagens online. Esta foi tirada do Hotel Yanggakdo, onde Pan se hospedou durante sua estada na capital, Pyongyang.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Ao pé dos ídolos nacionais
O Grande Monumento Mansudae é um dos pontos turísticos mais visitados da capital norte-coreana. Turistas locais e internacionais costumam depositar flores aos pés das gigantescas estátuas dos líderes comunistas Kim Il-sung e Kim Jong-il, que se destacam em meio à esplanada extremamente bem cuidada.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Polícia robótica
Aram Pan conta que a policial da foto se manteve imóvel apenas os segundos necessários para registrá-la. Embora no país não circulem muitos automóveis, as cidades mantêm funcionários encarregados de manter a ordem no tráfego – para o que executam movimentos rítmicos, como robôs.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Metrô sob o signo do perigo
São 15h de um dia de agosto de 2013. Embora não seja horário de pico, o metrô da capital está abarrotado. As estações do meio de transporte urbano, que dispõe de duas linhas, foram construídas a vários metros de profundidade, a fim de resistirem a eventuais bombardeios.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
"Shiny happy people"
Cidadãos dançando felizes e despreocupados, numa ditadura comunista? Além de não interferir no que registra, Pan se recusa a discutir política. Ele pede aos que veem suas fotografias que não pensem nele, mas na gente e nas paisagens do país. "Ninguém viaja a um país para fotografar cárceres", argumenta, ao ser criticado por mostrar uma Coreia do Norte amável. A imagem foi feita perto de Wonsan.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sol, areia e mar
Na costa norte-coreana, não há diferença visível entre os divertimentos dos cidadãos nas praias e os de qualquer democracia do mundo. Eles jogam voleibol, brincam na areia, entram de boia na água. Não faltam chuveiros para tirar a areia antes da volta para casa. Em muitas fotografias de Pan veem-se rostos sorridentes.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Chove sobre a cidade
Dia de chuva em Wonsan, na costa leste. Aram Pan brinca, afirmando que as pessoas sabem mais sobre o cosmos do que sobre a Coreia do Norte. E acrescenta que deseja contribuir com seu pequeno grão de areia para que isso mude.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
De guarda-chuva no palácio
Estas graciosas meninas são alunas do Palácio de Crianças de Mangyongdae, uma escola perto de Pyongyang. Dança, música, interpretação teatral e desenho são algumas das disciplinas ensinadas na conceituada instituição pública.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Talento genuíno
O fotógrafo de Cingapura conta que esteve cinco minutos observando este garoto desenhar e pode atestar que seu talento é genuíno. Alguns visitantes da página do DPRK 360 no Facebook duvidam da autenticidade das fotografias, que poderiam ser encenadas ou seriam meras atuações para os turistas. Aram Pan assegura que não é o caso.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Sensacional coordenação
O famoso Festival Arirang, de que participam até cem mil ginastas, é uma das maiores demonstrações de trabalho coordenado do mundo. A celebração iniciada em 2002, em honra do fundador da nação, Kim Il-sung, é outra das grandes atrações turísticas norte-coreanas.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Expressão da normalidade
Perto de Kaesong, cidade famosa por dispor de fábricas de investidores sul-coreanos, Aram Pan viu esta senhora que passeava com uma menina. Ele diz que a imagem expressa exatamente o que desejava mostrar da Coreia do Norte: gente comum e normal.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maravilhas de natureza
Os arredores do monte Kumgang são muito frequentados pelos norte-coreanos, que lá vão para fazer piquenique enquanto admiram a paisagem. A região é umas das grandes apostas do regime: o país aspira transformar-se em polo turístico internacional, e maravilhas naturais como Kumgangsam deverão convencer até os mais céticos.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Vida noturna na capital
À noite, os moradores de Pyongyang tomam o bonde para voltar à casa. Aram Pan enfatiza a misteriosa beleza noturna da cidade, quando o silêncio toma conta dela e as luzes lhe conferem uma atmosfera inigualável.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Maior que o de Paris
Construído em 1982 em homenagem ao 70º aniversário do líder Kim Il-sung, o Arco do Triunfo de Pyongyang é uma dezena de metros mais alto do que seu equivalente em Paris, em cuja arquitetura é baseado. Também aqui a escuridão do céu e a iluminação urbana criam um clima mágico.
Foto: Aram Pan, All Rights Reserved
Um mundo sem política?
Enquanto o sol se põe na capital, vê-se, em primeiro plano, a Torre Juche, enorme obelisco de 170 metros de altura também erguido em 1982 em honra de Kim Il-sung. O fotógrafo Aram Pan não quer saber de conflitos, ideologias ou violações dos direitos humanos: para ele o que conta são as belezas naturais e arquitetônicas da Coreia do Norte, as quais quer mostrar ao mundo em seu projeto DPRK 360.