Coreia do Sul anuncia "Domo de Ferro" contra mísseis
29 de junho de 2021
Após esfriamento do diálogo intercoreano, Seul afirma que desenvolverá sistema para interceptar ataques aéreos do norte. Escudo se assemelha ao existente em Israel, mas deverá contar com tecnologias mais avançadas.
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O governo da Coreia do Sul anunciou nesta terça-feira (29/06) a decisão de desenvolver um escudo aéreo nos moldes do chamado Domo de Ferro de Israel, voltado para a interceptação de possíveis mísseis lançados a partir da Coreia do Norte.
O sistema de defesa de 2,56 bilhões de dólares (em torno de 12,6 bilhões de reais) deve começar a ser desenvolvido no ano que vem, e a conclusão está prevista para 2035, segundo o Ministério da Defesa do país.
O ministério afirmou que enquanto sistemas já em uso foram projetadas para mirar mísseis balísticos de curto alcance vindos da Coreia do Norte, o novo sistema terá como objetivo proteger contra artilharia de longo alcance e lançadores múltiplos de foguetes.
O escudo é "projetado para contar com um sistema de interceptação com nossa própria tecnologia, para reforçar nossas capacidades de combater as ameaças da artilharia de longo alcance e proteger instalações militares e infraestruturas essenciais", explicou o Ministério.
O conceito do sistema de defesa se assemelha ao do Domo de Ferro israelense, instalado para deter ataques vindos do território palestino, mas terá custos mais elevados e tecnologias mais avançadas, segundo um porta-voz do Exército sul-coreano.
Enquanto o escudo israelense, segundo o porta-voz, reage a "foguetes lançados de forma esporádica", o sistema sul-coreano "será projetado para interceptar artilharias de longo alcance a partir da Coreia do Norte, o que exige um alto nível tecnológico, dada a atual situação de segurança".
O Ministério sul-coreano da Defesa acredita que a Coreia do Norte mantenha de prontidão em torno de mil peças de artilharia ao longo da demarcação que separa as duas Coreias, entre estas, lançadores múltiplos apontados diretamente para a capital Seul e sua região metropolitana.
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Arsenal apontado para Seul
Enquanto isso, o regime de Pyongyang vem avançando no desenvolvimento de armas convencionais e exibiu novos tipos de mísseis balísticos de curto alcance, além de lançadores de foguetes, em suas paradas militares mais recentes.
O regime norte-coreano não comenta publicamente sobre seu arsenal militar, mas especialistas acreditam que a maioria das 13,6 mil peças de artilharia e lançadores múltiplos de foguetes estaria posicionada próximo à fronteira, a cerca de 40 quilômetros de Seul.
A decisão de desenvolver o escudo antiaéreo ocorre após o esfriamento do diálogo intercoreano e com os Estados Unidos para a desnuclearização da Península da Coreia.
rc/lf (EFE, Reuters)
Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
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Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
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No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
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Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.