Governo sul-coreano suspende transmissão de propaganda em direção à Coreia do Norte, em gesto conciliatório quatro dias antes do encontro histórico entre os líderes dos dois países.
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Autoridades sul-coreanas suspenderam, nesta segunda-feira (23/04), as emissões de propaganda anti-Coreia do Norte junto à fronteira – um gesto conciliatório quatro dias antes do encontro histórico entre os líderes dos dois países.
O Ministério da Defesa da Coreia do Sul informou que foram desativadas as transmissões por alto-falantes para criar um ambiente mais pacífico e reduzir as tensões militares.
"Paramos as transmissões por alto-falantes [...] a partir de hoje para aliviar a tensão militar e criar um clima de paz [...] antes da cúpula intercoreana de 2018", disse o ministério num comunicado. "Esperamos que esta decisão leve ambas as Coreias a pararem de emitir críticas e propagandas uma contra a outra e que também contribua na criação da paz e de um novo começo."
Desde 2016, em resposta aos testes nucleares feitos pela Coreia do Norte, os sul-coreanos transmitem propaganda contra Pyongyang com notícias, músicas e exortações que visam estimular a deserção de soldados norte-coreanos. Não há informações sobre o cancelamento das emissões norte-coreanas.
Na próxima sexta-feira, o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, realizarão um encontro histórico na parte sul-coreana da zona desmilitarizada, no vilarejo de Panmunjom, na fronteira entre os dois países.
Kim vai ser o primeiro governante norte-coreano a pisar em solo sul-coreano desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53). As duas anteriores cúpulas intercoreanas, em 2000 e 2007, ocorreram em Pyongyang.
Na sexta-feira, a Coreia do Norte anunciou a suspensão dos testes nucleares e de lançamentos de mísseis de longo alcance e afirmou que tem planos para encerrar as instalações de testes nucleares. A agência estatal de notícias da Coreia do Norte, a KCNA, adiantou que a suspensão dos testes nucleares tinha efeito a partir de sábado.
Apesar das esperanças de um avanço em direção a um entendimento sobre a questão do arsenal nuclear de Pyongyang, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu que a solução para a crise na península coreana tem ainda "um longo caminho" a ser percorrido. Ele também tem um encontro agendado com o líder norte-coreano, previsto para o final de maio ou início de junho.
PV/lusa/afp/rtr
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Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.