Coreia do Sul realiza maior desfile militar em uma década
26 de setembro de 2023
Em meio ao aumento das tensões com a Coreia do Norte, presidente sul-coreano alerta que uso de armas nucleares significaria fim do regime de Kim Yong-un e adverte Rússia contra possível cooperação militar com Pyongyang.
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A Coreia do Sul realizou nesta terça-feira (26/09) sua primeira parada militar de grande escala em dez anos, dando uma demonstração de força em meio ao agravamento das tensões com a Coreia do Norte.
O Ministério da Defesa sul-coreano informou que cerca de 4 mil soldados participaram do desfile na capital, Seul, que contou com equipamentos e sistemas de armamentos modernos, incluindo mísseis de cruzeiro e drones militares.
O evento incluiu ainda veículos blindados, tanques e armamentos de artilharia, além de 300 dos 28.500 soldados americanos posicionados na Coreia do Sul. Devido ao mau tempo, um show aéreo que seria realizado por caças e outras aeronaves teve de ser cancelado.
Os desfiles militares sul-coreanos são normalmente bastante diminutos em comparação com os eventos de grande porte ocorridos na capital da Coreia do Norte, Pyongyang, onde são exibidos armamentos como mísseis intercontinentais balísticos (ICBMs).
Mesmo com as chuvas, um grande número de pessoas compareceu ao desfile militar no centro de Seul, realizado como parte das comemorações do 75º Dia das Forças Armadas, em 1º de outubro.
Antes do evento, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, participou de uma cerimônia numa base aérea próxima a Seul, onde fez um alerta ao regime norte-coreano contra a utilização de armas nucleares em situações de conflito.
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"Reação arrebatadora"
Yoon vem adotando posições mais duras que seus antecessores em relação à Coreia do Norte, fazendo da exposição de armamentos e exercícios militares um ponto essencial da sua estratégia para se contrapor ao desenvolvimento de armas nucleares e ao programa de mísseis de Pyongyang.
"Se a Coreia do Norte utilizar armas nucleares, o regime terá seu fim por meio de uma reação arrebatadora da aliança ROK-US", afirmou Yoon. ROK é o acrônimo em inglês para República da Coreia, nome oficial do país, e US são os Estados Unidos.
O alerta faz referência a uma estratégia militar apresentada pelo Pentágono, em Washington, há quase um ano. O plano inclui uma advertência à Coreia do Norte de que o governo do líder Kim Jong-unnão sobreviverá em caso de um ataque nuclear contra os EUA ou seus aliados.
Yoon também advertiu que se Moscou ajudar Pyongyang a reforçar seu programa nuclear em troca de ajuda militar na guerra da Ucrânia, isso será visto como uma provocação direta.
A Coreia do Norte está sob pesadas sanções internacionais em razão de seu programa nuclear.
rc (Reuters, DPA)
Guerra da Coreia, 70 anos depois
Combates na península coreana duraram mais de três anos. De um lado, o sul, apoiado pela ONU. Do outro, o norte, reforçado por China e URSS. Guerra acabou em 1953, com milhões de mortos e a divisão das Coreias cimentada.
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Fronteira da Guerra Fria
Em 27 de julho de 1950, as tropas da comunista Coreia do Norte atravessam o Paralelo 38, iniciando uma verdadeira campanha de ocupação. Em poucos dias, praticamente todo o país estava sob seu controle. É o início de uma guerra que durará 37 meses, custando 4,5 milhões de vidas humanas, segundo certas estimativas.
Foto: AFP/Getty Images
Antecedentes
Depois de ser ocupada pelo Japão de 1910 a 1945, a Coreia estava dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O território acima do 38º paralelo norte ficou sob controle soviético, o do sul, na mão dos EUA. Em agosto de 1948, Seul proclama a República da Coreia. Em reação, o general Kim Il-sung cria no norte a República Popular Democrática da Coreia, em 9 de setembro do mesmo ano.
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Reforço da ONU
Seguindo o avanço dos norte-coreanos sobre o Paralelo 38, a partir de julho de 1950 as Nações Unidas decidem dar apoio militar à Coreia do Sul, por pressão dos EUA. São enviados para a península 40 mil soldados de mais de 20 países, entre os quais 36 mil norte-americanos. A sorte parece ter virado: logo os Aliados conseguem ocupar quase todo o país.
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Codinome Operação Chromite
Em 15 de setembro de 1950, tropas ocidentais sob o comando do general Douglas MacArthur desembarcam perto da cidade portuária de Incheon, no sudoeste, capturando uma base central de suporte do Norte. Pouco depois, Seul está novamente na mão dos Aliados, que em outubro também ocupam Pyongyang. O fim da guerra parece próximo. Mas aí a China envia tropas de apoio aos norte-coreanos.
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Ajuda de Mao
Em meados de outubro iniciava-se a intervenção chinesa. De início, a ajuda parte apenas de unidades de pequeno porte. No final do mês ocorre a primeira mobilização em grande escala na Coreia do Norte do "exército de voluntários" de Mao. Em 5 de dezembro, Pyongyang – única capital comunista ocupada por tropas ocidentais durante a Guerra Fria – está novamente nas mãos de norte-coreanos e chineses.
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Pró e contra a bomba atômica
Em janeiro de 1951 começa uma grande ofensiva da Coreia do Norte, com apoio chinês. Cerca de 400 mil chineses e 100 mil norte-coreanos forçam as tropas aliadas a recuar fortemente. Em abril, o general MacArthur é destituído de seu posto, depois que o presidente Harry Truman lhe ordenara usar bombas atômicas contra a China. Seu sucessor é o general Matthew B. Ridgway.
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Guerra de exaustão
Em meados de 1951, mais ou menos na altura da linha de demarcação que separava o Norte e o Sul antes da guerra, as forças oponentes chegam a um impasse. A partir daí, começa uma encarniçada guerra de exaustão, que durará até o fim das operações de combate, dois anos mais tarde – embora as negociações de paz já tivessem sido iniciadas em julho de 1951.
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Batalha de ideologias
O conflito entre as Coreias é considerado a primeira "guerra por procuração" entre o Ocidente capitalista e o Oriente comunista. A maior parte dos soldados lutando nas tropas da ONU vinha dos Estados Unidos. No lado oposto, os norte-coreanos contaram com o reforço de centenas de milhares de chineses e russos.
Foto: AFP/Getty Images
Coreia do Norte em ruínas
Desde o início, foi uma guerra de ataques aéreos e bombardeios. Durante os três anos de combates, as forças aéreas das Nações Unidas realizaram mais de 1 milhão de operações. Ao todo, os americanos lançaram cerca de 450 mil toneladas de bombas, inclusive de napalm, sobre a Coreia do Norte. A destruição foi extensa: ao fim da guerra, quase todas grandes cidades estavam arrasadas.
Foto: AFP/Getty Images
Estimativas conflitantes
Quando, em 1953, as tropas aliadas se retiram da península coreana, o saldo é de milhões de mortos. Os dados sobre o número de soldados caídos são conflitantes. Calcula-se que morreram cerca de meio milhão de militares coreanos, assim como 400 mil chineses. Os Aliados registram 40 mil vítimas, 90% delas americanos.
Foto: Keystone/Getty Images
Troca de prisioneiros
Ainda durante os combates, de meados de maio a início de abril de 1953, ocorreu a primeira troca de presos entre os dois lados. Até o fim do ano, mais detentos seriam repatriados. A ONU devolveu mais de 75 mil norte-coreanos e quase 6.700 chineses. O outro lado soltou 13.500 pessoas, entre as quais 8.300 sul-coreanos e 3.700 soldados dos EUA.
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Cessar-fogo
Após mais de dois anos, as negociações de cessar-fogo iniciadas em 10 de julho de 1951 culminam no Armistício de Panmunjom. A divisão da península está sedimentada: o 38º paralelo norte é definido com fronteira entre as Coreias do Norte e do Sul. Mas como um tratado de paz nunca foi assinado, do ponto de vista do direito internacional os dois países se encontram até hoje em estado de guerra.
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Terra de ninguém
O idílio na cidade fronteiriça de Panmunjom é enganoso. Até hoje, a fronteira ao longo do Paralelo 38 é a mais rigorosamente vigiada do mundo. Ao longo da linha estipulada no acordo de armistício de 1953, o Norte e o Sul são separados por uma zona desmilitarizada de cerca de 250 quilômetros de extensão e 4 quilômetros de largura. Aqui, soldados de ambos os lados se defrontam diariamente.