Encontro entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, será a primeira cúpula entre os dos países em mais de uma década.
Anúncio
As duas Coreias concordaram nesta quinta-feira (29/03) que o encontro entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, será realizado no próximo 27 de abril. A data da primeira cúpula entre os dos países em mais de uma década foi acertada durante uma reunião de alto nível realizada no vilarejo fronteiriço de Panmunjom.
Segundo antecipou a agência de notícias Yonhap, a reunião transcorrerá, como esperado, na Casa da Paz, um pavilhão no lado sul da Zona de Segurança Conjunta, único ponto da fronteira militarizada entre os dois países vizinhos onde soldados norte e sul-coreanos ficam frente a frente.
Representantes dos dois países, tecnicamente ainda em guerra, voltarão a se reunir na própria fronteira, em 4 de abril, para discutir os preparativos sobre o que será a primeira cúpula intercoreana em 11 anos, incluindo questões como protocolo, segurança e cobertura de mídia.
O encontro deverá ser seguido de outro evento histórico: a reunião entre Kim e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, programada para maio, a fim de discutir a possível desnuclearização do regime, sendo esta a primeira cúpula entre os líderes de Pyongyang e Washington.
O governo China elogiou nesta quinta-feira esforços para melhoria dos laços entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, afirmando que espera que o impulso positivo possa ser sustentado.
Pequim como garantia
Os líderes das duas Coreias só realizaram duas cúpulas desde a Guerra da Coreia (1950-53), em 2000 e 2007, em Pyongyang, entre o então líder norte-coreano, Kim Jong-il, e os do Sul, Kim Dae-jung e Roh Moo-hyun.
O agendamento da cúpula entre as duas Coreias se segue a uma reunião-surpresa entre Kim e o presidente chinês, Xi Jinping, que aparentemente se destinou a coordenar as posições de ambos os países, antes das reuniões planejadas de Kim com Moon e Trump.
Ao estabelecer conversas separadas com Pequim, Seul, Washington e, potencialmente, Moscou e Tóquio, a Coreia do Norte pode estar se movendo para quebrar qualquer frente única entre seus interlocutores de negociação. Ao reintroduzir a China, único grande aliado de Pyongyang, nas conversas, o país comunista também teria ganhado peso contra a Coreia do Sul e os Estados Unidos, avaliam analistas.
Em sua reunião com Xi, Kim pode ter discutido uma cooperação econômica com a China ou solicitado um abrandamento na execução das sanções contra seu programa nuclear e mísseis. A Coreia do Norte também quer que Pequim resista à aplicação de sanções mais duras, caso as conversas com Washington e Seul fracassem, e Pyongyang reinicie seus testes de mísseis.
MD/efe/rtr/ap
__________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App
Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.