Coreias prometem desnuclearização após encontro histórico
27 de abril de 2018
Após se tornar primeiro líder norte-coreano a pisar em solo do Sul, Kim emite comunicado com Moon em que ambos se comprometem a estabelecer "regime de paz sólido e permanente". "Norte e Sul vão voltar a ser um só", diz.
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O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, cruzou nesta sexta-feira (27/04) a linha de demarcação militar que divide a Península Coreana para participar de uma histórica cúpula com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, marcada por promessas de desnuclearização e fim das hostilidades entre os países vizinhos.
Ao cruzar a fronteira, Kim se transformou no primeiro líder norte-coreano a pisar no solo da Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953. Os líderes se cumprimentaram na zona desmilitarizada entre os dois países. O aperto de mão deu-se em cima da linha divisória, com ambos os líderes sorridentes e com o presidente da Coreia do Sul a dizer ao seu homólogo: "Estou feliz por vê-lo."
Num gesto não previsto, Kim então tomou Moon pelas mãos e o levou para o lado norte da fronteira que separa os dois países, num momento de descontração antes do início da histórica cúpula.
Ao encontrar-se na divisa, Moon disse: "Você veio para o sul, eu me pergunto quando posso ir para o norte." Kim respondeu: "Talvez agora seja uma boa hora para você vir", e o levou pelas mãos para o lado norte da demarcação, em um gesto que não estava previsto, segundo explicou o porta-voz presidencial de Seul.
Kim diz que encontro é "apenas o começo"
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"Foi uma decisão muito corajosa de sua parte vir até aqui", afirmou Moon. Ele acrescentou que os dois líderes "estavam fazendo história".
Após a reunião, Kim e Moon assinaram um comunicado conjunto que teve como um dos pontos principais o objetivo comum da "desnuclearização completa" da Península Coreana.
"As duas Coreias reafirmam e concordam em aderir estritamente ao Acordo de Não Agressão que impede o uso da força em qualquer forma", diz o documento.
Os dois governos também concordam em realizar encontros trilaterais envolvendo os EUA, ou quadrilaterais envolvendo Washington e Pequim, com a intenção de "declarar um fim à Guerra da Coreia e estabelecer um regime de paz sólido e permanente".
Kim e Moon se comprometeram ainda a transformar a zona desmilitarizada entre as duas Coreias numa zona de paz a partir de 1º de maio e em cessar todos os atos de hostilidade entre ambos os lados.
As medidas anunciadas incluem ainda passos no sentido de modernizar vias que conectam o Norte e o Sul, um programa de reunião para famílias separadas pela guerra e mais contatos de alto nível entre Pyongyang e Seul.
Encontro histórico entre líderes das Coreias
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Os dois governos vão coordenar esforços para assegurar que não "repetirão a história infeliz na qual acordos entre as Coreias fracassaram logo depois de começarem", declarou Kim após a reunião com Moon. "Pode haver dificuldades e frustrações no nosso caminho, mas uma vitória não pode ser alcançada sem dor", completou o líder norte-coreano.
Pelo Norte, participam do encontro também a irmã de Kim, Kim Yo-jong, cinco outros integrantes do politburo e os dois mais altos representantes militares. A cúpula ocorreu na chamada Peace House, na vila de barracões azuis de Panmunjom, dentro da zona desmilitarizada.
Kim afirmou que a zona desmilitarizada que divide os dois países deve passar de um símbolo da divisão a um símbolo da paz. "O Norte e o Sul, que têm um sangue, uma língua, uma história e uma cultura, vão voltar a ser um só, pessoas de todas as gerações vão desfrutar da prosperidade", declarou.
AS/LPF/efe/lusa/ap/rtr/afp
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Coreia do Norte nas lentes de um instagrammer
Apesar do destaque no noticiário internacional, nação asiática continua sendo uma das mais isoladas do mundo. Em várias visitas ao país, o instagrammer Pierre Depont tentou capturar a vida cotidiana dos norte-coreanos.
Foto: DW/P.Depont
Traços de normalidade
Apesar da imagem de reclusa, a Coreia do Norte convida estrangeiros a descobrirem suas atrações. Mas viajar como turista não significa passear livremente pelo país, pois guias especiais devem acompanhar cada passo do visitante. As restrições não desencorajaram o instagrammer britânico Pierre Depont, que visitou o país sete vezes, capturando traços de normalidade no cotidiano dos norte-coreanos.
Foto: DW/P. Depont
Capitalismo rastejante
Depont visitou a Coreia do Norte pela primeira vez em 2013 e, desde então, ele estuda as transformações no país autoritário. Nos últimos dois ou três anos, ele observou que “em Pyongyang, tornou-se aceitável exibir a própria riqueza”. Com uma classe média cada vez maior e um boom das construções, a capital norte-coreana parece estar desafiando sanções econômicas internacionais.
Foto: Pierre Depont
Estilo em Pyongyang
Estabelecer contato com pessoas comuns não é fácil na Coreia do Norte, segundo Depont. "Tive algumas conversas aleatórias com estranhos, sempre ouvidas por um dos guias.” De acordo com as experiências do instagrammer, a maioria dos norte-coreanos não gosta de ser fotografado. “As mulheres norte-coreanas estão definitivamente ficando mais estilosas. Mas só é possível notar isso nas cidades.”
Foto: DW/P. Depont
Urbano X rural
Esta estação de metrô em Pyongyang deslumbra passageiros com o que parecem ser paredes de mármore e candelabros. Para Depont, a Coreia do Norte é um lugar ideal para a fotografia. “Você não encontra nenhuma publicidade, nenhuma distração”, diz. Mas enquanto a capital, onde vive a elite, parece estar prosperando, outras partes do país permanecem assoladas pela pobreza.
Foto: Pierre Depont
Dificuldades ocultas
A Coreia do Norte continua sendo uma sociedade altamente militarizada e predominantemente agrícola. Turistas, no entanto, não conseguem ver muito das condições de vida da população rural. “Cada pedacinho de terra é cultivado, cada metro quadrado é usado”, conta Depont.
Foto: Pierre Depont
Abundância encenada?
Turistas interessados na vida fora das cidades norte-coreanas são levados em visitas guiadas a cooperativas agrícolas. Quando Depont visitou uma fazenda do tipo, próxima a Hamhung, segunda maior cidade do país, ela exibia uma pequena venda, com uma variedade de mercadorias ordenadamente expostas. Depont disse ter tido a impressão de que se tratava de um comércio de fachada, só para ser mostrado.
Foto: DW/P.Depont
Escolas de elite
Uma parada numa escola modelo é um ponto importante de muitos tours na Coreia do Norte. A colônia de férias internacional Songdowon foi reaberta em 2014 e recebeu a visita do atual líder do país, Kim Jong-un. “Há algo de irreal no lugar”, conta Depont. “As crianças brincam na sala de jogos, usando fliperamas e cerca de 20 computadores modernos.”
Foto: DW/P.Depont
Militarismo onipresente
O setor militar é fundamental para a identidade do país e para o sustento de sua sociedade. Cerca de um quarto da população trabalha como funcionário militar. Pyongyang tem um dos maiores orçamentos militares do mundo em relação à sua economia. Desde pequenos, os norte-coreanos crescem em meio a um imaginário militar. Depont se deparou com esse tanque em miniatura num playground perto de Hamhung.
Foto: Pierre Depont
Adoração ritualizada
Além do militarismo, o alto nível de controle político e o culto à personalidade de Kim Jong-un e seus predecessores são onipresentes. A adoração cotidiana ao líder supremo impressionou Depont. “Você vê a quantidade de dinheiro e esforço dedicados a sustentar a história dos grandes líderes e suas grandes estátuas.”