Conselho de ética alemão descarta privilégios para vacinados
Rina Goldenberg
4 de fevereiro de 2021
Possibilidade de isentar indivíduos vacinados de certas restrições, como viajar ou ir a restaurantes, foi rejeitada pelo órgão. Avaliação do conselho, porém, não é vinculativa.
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O Conselho de Ética da Alemanha manifestou-se nesta quinta-feira (04/02) contra o afrouxamento das restrições para contenção do coronavírus entre indivíduos que já tenham sido vacinados contra a covid-19.
Na Alemanha, bares, restaurantes e instituições culturais e esportivas estão fechados desde novembro, quando foi imposto um lockdown parcial em todo o país. Escolas e lojas de artigos não essenciais foram adicionadas à lista em meados de dezembro, com as regras sobre uso de máscaras e trabalho em casa reforçadas em janeiro, em meio a apreensões com novas variantes do vírus.
A vacinação na Alemanha teve início no fim de dezembro, dando prioridade a maiores de 80 anos e seus cuidadores da área da saúde. Atualmente, no entanto, há uma situação de escassez de vacinas no país, e levará vários meses até a maioria da população ter sido imunizada e ficar elegível para quaisquer privilégios.
Quem já foi vacinado pode voltar à vida normal?
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Nas últimas semanas, entretanto, agências de turismo, gerentes de eventos e alguns políticos sugeriram que indivíduos vacinados pudessem viajar, comer em restaurantes, assistir a shows e outros eventos que envolvessem contato próximo com um grande número de pessoas.
Infecciosidade dos vacinados ainda é incerta
O ministro do Exterior Heiko Maas foi o primeiro político de destaque a se pronunciar a favor do levantamento das restrições. "Alguém que não corre mais o risco de ficar gravemente doente com o coronavírus não precisará mais de cuidados intensivos e não sobrecarregará o sistema de saúde. Ele não deveria mais sofrer restrições à sua liberdade e aos seus direitos fundamentais", disse ele ao jornal Bild am Sonntag em janeiro.
Tais propostas foram alvo de críticas, por exemplo, da presidente do partido A Esquerda, Katja Kipping, que evocou as estipulações de liberdade e igualdade presentes na Constituição alemã. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, também descartou regulamentos especiais na segunda-feira.
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A vacinação contra a covid-19 não é obrigatória na Alemanha. Distinguir entre vacinados e não vacinados seria o mesmo que impor uma "vacinação obrigatória", advertiu o ministro do Interior, Horst Seehofer.
Nesta quinta-feira, o Conselho de Ética alemão apontou que, antes de tudo, precisa ser esclarecido se os vacinados ainda são capazes de transmitir o vírus. Só quando isso estiver descartado, pode-se considerar qualquer eventual isenção de regras como o uso de máscaras em locais públicos.
"No momento, ainda não podemos isentar os vacinados das restrições às liberdades, pois ainda não possuímos uma avaliação confiável sobre a infecciosidade", declarou a chefe do Conselho de Ética, Alena Buyx, em entrevista coletiva em Berlim.
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Uma medida arriscada
Sigrid Graumann, também do Conselho de Ética, alertou sobre um efeito indireto, caso as restrições fossem suspensas para indivíduos vacinados: se os que foram imunizados não precisarem mais usar máscara de proteção facial no transporte público, e ninguém verificar seus comprovantes de imunização, outros poderão se sentir encorajados a tirar as máscaras também.
A presidente Alena Buyx, advertiu que o termo "privilégios" é impreciso e gera divisão. O que o órgão sugere é o levantamento das restrições em refeições conjuntas, visitas familiares e pequenas reuniões sociais para quem vive em casas de repouso, uma vez que todos tenham sido vacinados no local. O isolamento quase total de quem mora nessas instalações tem levado à depressão e acelerado o início de demência entre os residentes. Tal restrição às liberdades básicas, advertiu o conselho, só era justificável enquanto os residentes ainda não tivessem sido vacinados.
Levantar as restrições não é uma questão de conceder "privilégios", argumenta Grauman, mas sim de retirar medidas que têm levado a uma desvantagem, que era legítima apenas enquanto não houvesse outra forma de proteger vidas.
O Conselho de Ética acredita ainda ser necessário fazer uma distinção entre os regulamentos impostos pelas autoridades e os impostos por empresas privadas. Estas últimas podem decidir sobre os termos e condições de seus negócios, como a quem vender determinados ingressos ou a quem permitir a entrada em suas instalações. Mas forçar os funcionários a serem vacinados seria ilegal, apontou o vice-presidente do órgão, Volker Lipp.
Os demais membros do Conselho também se manifestaram a favor de igualdade e solidariedade. "Talvez seja mais útil, pelo menos enquanto ainda estivermos lutando com bloqueios e contra uma onda muito forte da pandemia, focar no que nos mantém juntos. E isso significa adotarmos um esforço conjunto contra a pandemia", sugeriu Buyx.
Os membros do Conselho de Ética são nomeados pelo presidente alemão para aconselhar na formulação de políticas públicas. As propostas do órgão, porém, não são vinculativas.
Doenças prevenidas com vacinas
Vacinas protegem o corpo, criando resistência contra doenças. As vacinas são feitas com substâncias e microrganismos inativados ou atenuados que, quando introduzidos no organismo, estimulam a reação do sistema imune.
Foto: picture-alliance/imagebroker
Catapora
Também chamada de varicela, é uma doença infecciosa altamente contagiosa, causada pelo vírus Varicela-Zoster. Os principais sintomas são manchas vermelhas e bolhas no corpo, acompanhadas de muita coceira, mal-estar, dor de cabeça e febre. As bolhas costumam surgir primeiro no rosto, tronco e couro cabeludo e, depois, se espalham. Em alguns dias, elas começam a secar e cicatrizam.
Foto: Dan Race/Fotolia
Sarampo
É uma doença infecciosa grave, que pode ser fatal, causada por um vírus do gênero Morbilivirus, transmitida através de secreção oral ou nasal. É tão contagiosa que uma pessoa infectada pode transmitir a doença para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes. Os principais sintomas são: manchas avermelhadas na pele, febre, tosse, mal-estar, conjuntivite, coriza, otite, pneumonia e encefalite.
Foto: picture-alliance/dpa/KEYSTONE/U. Flueeler
Hepatite B
Um dos cinco tipos de hepatite existentes no Brasil, a B é causado por um vírus. A falta de sintomas na fase inicial dificulta o diagnóstico. Muitas vezes, é detectada décadas após a infecção, por sintomas como tontura, enjoo, vômito, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados. Hepatite B não tem cura, mas o tratamento pode reduzir o risco de complicações, como cirrose e câncer hepático.
Foto: picture-alliance/dpa
Caxumba
É uma infecção viral aguda e contagiosa, que na maioria das vezes afeta as glândulas parótidas, que produzem a saliva, ou as submandibulares e sublinguais, próximas ao ouvido. É causada por um vírus e transmitida através de gotículas de saliva. O sintoma mais característico é o aumento das glândulas salivares. O agravamento da doença pode levar à surdez ou esterilidade.
Foto: Imago Images
Rubéola
É uma doença viral aguda, altamente contagiosa. A forma congênita, transmitida da mãe para o filho durante a gestação, é a mais grave porque pode provocar, por exemplo, surdez e problemas visuais no bebê. A transmissão acontece por meio de secreções expelidas ao tossir, respirar ou falar. Os principais sintomas são dor de cabeça e no corpo, ínguas, febre e manchas avermelhadas.
Foto: picture-alliance/dpa/J.P. Müller
Difteria
É uma doença transmissível causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae, que atinge as amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, outras partes do corpo, como pele e mucosas. A transmissão ocorre por meio da tosse, espirro ou por lesões na pele. Entre os principais sintomas estão: membrana grossa e acinzentada cobrindo as amígdalas, gânglios inchados e dificuldade para respirar.
Foto: picture-alliance/OKAPIA KG/G. Gaugler
Tétano
Ao contrário da maioria das doenças evitadas com vacina, o tétano não é contagioso. É causado por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani, que, sob a forma de esporos, é encontrada em fezes, na terra, em plantas e em objetos e pode contaminar pessoas por meio de lesões na pele, como feridas, cortes ou mordidas de animais. Um dos sintomas é a rigidez muscular em todo o corpo.
Foto: Imago Images
Tuberculose
É uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também chamado bacilo de Koch. Afeta principalmente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos e sistemas. Tem como principais sintomas tosse por mais de duas semanas, produção de catarro, febre, sudorese, cansaço e dor no peito. A transmissão ocorre pela respiração, por espirros e pela tosse.
Foto: picture-alliance/BSIP/NIAID
Febre Amarela
É uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores. Não há transmissão direta de pessoa para pessoa. Os principais sintomas são início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. No ciclo silvestre, os vetores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes e, no ciclo urbano, é o Aedes aegypti.
Foto: R. Richter
Coqueluche
É uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis. Se não for tratada, pode levar à morte de bebês menores de seis meses. A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto com gotículas eliminadas por tosse, espirro ou fala. No começo, os sintomas são parecidos com os de um resfriado, mas podem evoluir para tosse severa e descontrolada, comprometendo a respiração.
Foto: Imago Images/blickwinkel/McPhoto
Poliomielite
Também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. Nos casos graves, acontecem paralisias musculares irreversíveis. Devido à intensa vacinação, com a famosa "gotinha", no Brasil não há circulação do vírus desde 1990.