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Coronavírus faz disparar aprovação ao governo Merkel

3 de abril de 2020

Conservadores da chanceler federal avançam sete pontos e se manteriam no poder caso houvesse eleição nesta semana. Populistas de direita da AfD perdem popularidade. Mais de 90% dos eleitores apoiam distanciamento social.

Angela Merkel
População apoia amplamente medidas do governo Merkel para conter o coronavírus, diz pesquisaFoto: Reuters/M. Kappeler

Restrições de saída por semanas a fio, perda de liberdades, lojas e restaurantes fechados e um endividamento público sem precedentes – esse cenário até agora só fazia parte de filmes catástrofe. Mas a ficção se tornou realidade. O governo da Alemanha está lutando contra a disseminação do coronavírus com medidas drásticas. E a população apoia amplamente as decisões.

A ação política parece atender às expectativas dos cidadãos alemães durante uma situação excepcional, e isso vai além das fronteiras partidárias. Quase três quartos das pessoas aptas a votar (72%) estão satisfeitas com o gerenciamento de crise de Berlim, e apenas 30% dos entrevistados tecem críticas à ação do governo federal, segundo a última sondagem mensal realizada pelo instituto de pesquisa Infratest Dimap para a emissora estatal ARD.

Enquanto há um mês, um quarto dos alemães temia que pudesse ser infectado ou que membros da família pudessem ser contagiados pelo novo vírus, agora mais da metade (51%) tem esse temor. Existem apenas pequenas diferenças na percepção do risco de infecção entre pessoas de diferentes gerações. Um pouco mais da metade dos que têm mais de 65 anos expressou tal medo (53%). Entre os que têm menos de 40 anos, no entanto, 45% manifestaram o temor.

Distanciamento sim, monitoramento não

As medidas de distanciamento social vigentes em todo o país desde 23 de março são apoiadas por uma grande maioria dos cidadãos alemães: 93% dos entrevistados pensam que elas estão corretas. Uma avaliação que abrange todos os campos políticos.

De acordo com a sondagem, cerca da metade dos alemães instalaria voluntariamente um aplicativo de smartphone que usa informações de infecções por coronavírus e circulação de pessoas para avisar usuários de um possível risco de contrair o patógeno. A outra metade rejeita esse recurso. Muitos temem que a privacidade de dados seja posta em risco.

Apesar das preocupações generalizadas sobre contágio, a confiança no sistema de saúde alemão é alta. Três quartos dos alemães têm um nível de alto a muito alto de confiança de que os serviços de saúde e os médicos vão conseguir lidar com a pandemia.

No entanto, quase quatro em cada dez entrevistados têm dúvidas sobre as capacidades de tratamento disponíveis na Alemanha (37%). Eles se dizem preocupados de que nem todos os doentes consigam receber atendimento médico adequado.

Direitos civis

Independentemente do alto nível de aceitação das restrições, atualmente quatro em cada dez alemães estão preocupados com a possibilidade de os direitos à liberdade poderem ficar restritos a longo prazo devido à pandemia. As maiores parcelas estão entre eleitores do populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e do A Esquerda. No entanto, 40% dos eleitores dos conservadores União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) também manifestaram essa preocupação.

Os alemães atualmente estão preocupados com a dimensão econômica da pandemia até muito mais do que com a restrição dos direitos à liberdade e também com a própria infecção. Conforme a pesquisa, 75% dos cidadãos dizem ter preocupações muito grandes de que a situação econômica na Alemanha se deteriorará devido à doença.

A maioria ainda não está se preocupando mais seriamente com a própria situação. Pelo menos um terço dos entrevistados teme que sua situação econômica pessoal se deteriore como resultado da pandemia.

Cresce aprovação do governo

A avaliação positiva do gerenciamento da crise faz aumentar a popularidade do governo alemão. No início de março, 60% dos alemães estavam insatisfeitos com o trabalho do governo federal, e apenas 40% estavam satisfeitos. Um mês depois, a situação se inverteu. O governo de coalizão entre CDU, CSU e SPD alcançou o maior índice de popularidade na pesquisa encomendada pela ARD desde que a emissora começou patrocinar e divulgar a sondagem, em 1997.

O governo não é popular apenas entre os eleitores de CDU, CSU e SPD. Muitos eleitores do Partido Verde e do Partido Liberal Democrático (FDP) também aprovam o gerenciamento de crise em Berlim, assim como pelo menos metade dos apoiadores do socialista A Esquerda, enquanto apenas um em cada seis eleitores da AfD apoiam o governo.

CDU e CSU na ascendente

Caso a eleição parlamentar na Alemanha fosse realizada no próximo domingo, a coalizão governamental teria novamente uma maioria absoluta, pois o bloco formado pela União Democrata Cristã de Angela Merkel (CDU) e a União Social Cristã (CSU) cresceu sete pontos percentuais, obtendo 34%.

O interessante é que o Partido Social-Democrata (SPD), membro da coalizão, parece não se beneficiar tanto da grande aprovação do trabalho do governo. Os social-democratas continuam estacionados em 16%. No que diz respeito aos valores de simpatia para políticos individuais, o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, é o único dos ministros do SPD a conseguir melhorar seus índices. Com 63% de aprovação (+17 em relação ao mês anterior), ele alcançou um valor quase tão bom quanto o da chanceler federal, que obteve 64% (+11).

Os ministros da CDU Jens Spahn (Saúde; 60%; +9) e Peter Altmaier (Economia; 51%; +13 em relação a janeiro) também alcançaram valores recordes no atual período legislativo. A avaliação do governador da Baviera, Markus Söder, da CSU, mostra que sua ação determinada durante a crise do coronavírus está sendo reconhecida pela população. Ele obteve 58% em todo o país (+16), classificação quase tão boa quando a do ministro da Saúde.

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