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OCDE: coronavírus pode cortar crescimento global pela metade

2 de março de 2020

Entidade reduz previsão de avanço da economia para 2,4%, nível mais baixo desde 2009, mas diz que índice pode ser de apenas 1,5% se surto não for controlado. OMC também espera impacto "substancial" na economia mundial.

Homem com máscara de respiração anda no meio de uma rua vazia com prédios altos ao fundo
Distrito financeiro de Pequim: economia da China deve crescer 4,9% neste ano, na melhor das hipóteses, diz OCDEFoto: Reuters/T. Peter

O surto do novo coronavírus poderá desacelerar brutalmente a economia mundial, cujo crescimento não deve exceder 2,4% neste ano, na melhor das hipóteses, alertou a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta segunda-feira (02/03).

A organização avisou que o mundo pode sofrer uma recessão ainda no primeiro trimestre. Em novembro, a entidade havia avaliado que o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) global neste ano seria de 2,9%, um nível que já era o mais fraco desde a crise financeira de 2008-2009.

Mas agora a OCDE – a primeira grande instituição internacional a publicar uma previsão de impacto econômico da epidemia – trabalha com a hipótese principal de uma crise sanitária que atingirá seu pico na China durante o primeiro trimestre de 2020.

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, também alertou que espera um impacto "substancial" na economia global provocado pelo coronavírus.

"Os efeitos sobre a economia global provavelmente serão substanciais e começarão a aparecer nas próximas semanas", disse ele nesta segunda-feira, numa reunião a portas fechadas em Genebra com representantes de delegações.

As bolsas de valores ocidentais sofreram na semana passada suas quedas mais severas em 12 anos.

No caso da China, o motor da economia mundial, seu crescimento será de 4,9% neste ano, prevê a OCDE, se o surto atingir o pico no final de março. O desaquecimento na China também levará consigo as demais economias, segundo a instituição.

O crescimento da zona do euro deve cair 0,3 ponto percentual, ficando em 0,8%, enquanto a Itália, principal foco do coronavírus na Europa, perderá 0,4 e terá crescimento zero em 2020. O PIB alemão só deve crescer 0,3%.

O Japão deve ter um crescimento limitado a 0,2%, enquanto os Estados Unidos devem resistir melhor, com 1,9%, segundo a OCDE.

No entanto, se as coisas piorarem e a epidemia for mais duradoura, estendendo-se também à Ásia-Pacífico, Europa e América do Norte, a OCDE prevê que o crescimento mundial poderá cair pela metade e chegar a 1,5%. Nessa hipótese, o comércio mundial apresentaria uma contração de 3,75%.

Nesse cenário, a zona do euro e o Japão podem entrar em recessão neste ano, alertou a economista-chefe da OCDE, Laurence Boone, na segunda-feira em Paris. A mensagem dela é clara: "Os governos não podem se dar ao luxo de esperar."

No caso de o surto de Covid-19 atingir mais fortemente os países do Hemisfério Sul, ela avisa ser possível uma queda do PIB ainda maior, previsão que a especialista, entretanto, não detalhou em números.

A Comissão Europeia também está considerando medidas de estímulo econômico devido ao coronavírus. "Hoje é o momento de deixar claro que a UE está pronta para usar todas as opções de política disponíveis, caso necessário, para proteger nosso crescimento e os riscos de desaquecimento", afirmou o comissário de Economia do bloco, Paolo Gentiloni, em Bruxelas,

Nesse contexto, os ministros das Finanças do G7 agendaram para esta semana uma teleconferência para "coordenar suas respostas", segundo o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire.

O presidente do Eurogrupo, o português Mario Centeno, anunciou no Twitter uma teleconferência nesta quarta-feira entre os ministros das Finanças da zona do euro.

MD/dpa/afp

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